Thursday, March 17, 2016

"ZOOTROPIA" É DIVERSÃO GARANTIDA NA OPINIÃO DE DOIS CRÍTICOS DIFERENTES

ZOOTROPIA É UMA ANIMAÇÃO
MUITO, MUITO DIVERTIDA!

por Arthur Lopes para Filmes e Games


Zootopia é um mundo novo. Os animais deixaram o seu lado selvagem de lado e começaram a viver em harmonia. Predadores junto de presas, mas nada de errado. Judy Hopps é uma coelha recém-formada na academia de polícia que vai para Zootopia concluir seu sonho de ser uma policial. Lá, Judy se interessa pelos desaparecimentos de alguns animais selvagens que estão acontecendo, e ao começar a investigar um deles, Judy se depara com Nick, uma raposa malandra e falastrona que aparenta ter alguma relação com o caso. Agora Judy obriga Nick a participar da investigação.

Zootopia não me empolgava tanto com os trailers, assim como O Bom Dinossauro, um fracasso da mesma produtora, a Disney. Mas olha, que bela surpresa e que filme extremamente divertido!

O interessante de filmes como Zootopia é o mundo que eles estabelecem para si, criando uma mitologia por trás de sua história e enredo o qual se passa. Foi assim com Monstros S.A. e Zootopia tem a mesma capacidade de criar esse universo, tendo vários distritos, um composto de neve, o outro um deserto, cidades feitas sob medidas para ratos, e todo um design da produção que adapta aquelas criaturas, agora civilizadas, para viverem em um mundo.

Além disso, a história é bem interessante. De início Zootopia até tem um ritmo mais devagar, não engrena muito rápido e parece ser um filme bobo, mas vai crescendo, apresentando personagens cada vez mais interessantes e engraçados, e chega a criar um clima de mistério, uma investigação que consegue intrigar tanto as crianças quanto os adultos. E dentro desta investigação, Zootopia faz algo brilhante que é rechear o filme de referências. Tem referências a O Poderoso Chefão, Breaking Bad, Detona Ralph, Frozen, Enrolados até mesmo à Apple. Mas no fim das contas, Zootopia culmina em uma mensagem inteligente sobre o preconceito com as pessoas e aos estereótipos que criamos para as pessoas, julgando-as apenas pela fama que têm, e além de tudo, passa essa mensagem com perfeição.

A qualidade da animação é espetacular, o filme realmente se propõe a ser um desenho tornando o filme inteiro em um cartoon, mesmo que os animais tenham as características da realidade, e não cometeram o erro do filme O Bom Dinossauro que transformou o mundo em que o filme se passa em algo completamente real, e os seres nele existentes em desenho total. A qualidade em Zootopia é excelente.

A fotografia é boa, como sendo um filme para crianças, tudo é muito colorido e dinâmico, e que consegue passar um ar de mistério e medo em alguns cenários chaves para isso. Mas também temos a trilha sonora, original e instrumental que faz bem o seu papel, com a inclusão de Try Everything da cantora Shakira que faz um dos personagens e também temos outras músicas não originais como All By Myself.

Zootopia é um filme que vai agradar tanto às crianças como aos adultos. O filme pode demorar um pouco para empolgar, mas a partir do momento que sua trama é lançada, o filme prende o espectador durante todo seu longa e dá um gosto de quero mais no fim. Com personagens engraçados que você vai adorar, e referências espetaculares, Zootopia é um filme de família perfeito.


ANIMAÇÃO DA DISNEY ABRAÇA PRECONCEITOS PARA CRIAR MENSAGEM SOBRE INTOLERÂNCIA

por Natália Bridi para OMELETE


As fábulas usam animais antropomórficos para explorar a psicologia humana, associando características selvagens a comportamentos “civilizados”. Assim, lebres, tartarugas e raposas sempre têm valiosas lições a ensinar. Ideia que foi absorvida naturalmente pela animação, com foco nos clichês que resultaram em coelhos espertos (Pernalonga), patos mal-humorados (Patolino e Donald), gatos preguiçosos (Garfield) e aves malucas (Papa-Léguas e Pica-Pau), por exemplo.

Saudoso desse conceito, que foi perdendo espaço ao longo dos anos, Byron Howard (diretor de Bolt: Supercão e Enrolados), criou Zootopia - Essa Cidade é o Bicho, inspirado por Robin Hood (1973), a versão da Disney para a história clássica estrelada por uma raposa esperta e um vilanesco lobo como Xerife de Nottingham. Dentro da utopia animal do novo filme, mamíferos convivem pacificamente, mas a lógica natural entre predadores e presas ainda não foi completamente superada.

Contexto que serve à história de Judy Hopps, uma coelha fofa do interior que sonha em ser policial, mas não é levada a sério por leões, ursos, rinocerontes e outros gigantes da natureza, considerados mais capazes para o trabalho. Ao se mudar para Zootopia, ela aprende que a cidade grande pode ser civilizada e repleta de oportunidades, mas também está cheia de preconceitos, incluindo os dela mesma. Judy tenta superar a sua intolerância com raposas (predador dos coelhos) desde o seu primeiro encontro com Nick Wilde. Ele, porém, abraçou o papel estabelecido pela sociedade, com golpes espalhados por todos os cantos da cidade.

A relação de Judy e Nick começa a mudar quando a dupla é obrigada a unir forças para resolver um caso, em uma trama que lembra a missão de Nick Nolte e Eddie Murphy em 48 Horas (1982). Há um clima de aventura policial, com dois personagens que se revelam mais complexos do que aparentam ser, o que torna a lição a ser ensinada por Zootopia ainda mais interessante. Dirigido por Howard, Rich Moore e Jared Bush, com bons pitacos de John Lasseter (diretor criativo do Walt Disney Animation Studios), o filme passa “morais” da história simples e antigas - não julgue pelas aparências e acredite em si mesmo - em uma embalagem atualizada.

Com referências a cultura pop, piadas inteligentes e um visual cuidadoso, evita padronizar a natureza, explorando todas as oportunidades criadas pela variedade da sua fauna ao respeitar a escala e os ambientes de cada animal. Além disso, a animação é sincera. Seus protagonistas não estão acima do preconceito. A intolerância existe e precisa ser admitida para ser superada, não mascarada com desculpas, descobrem Judy e Nick ao longo da sua investigação. Fruto de uma nova fase do estúdio Disney, que também evitou transformar Elsa em uma vilã unidimensional, Zootopia serve a uma geração que, por ser mais cínica, não aceita uma fábula de distância professoral. O público precisa fazer parte da história para captar a mensagem, uma missão que o filme cumpre com êxito, sem esquecer a diversão pelo caminho.


ZOOTROPIA - ESSA CIDADE É O BICHO
(Zootropia, 2016, 108 minutos)

Direção e Roteiro
Brian Howard
Rich Moore



em cartaz nas Redes Roxy e Cinemark



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