Friday, August 11, 2017

CAFÉ E BOM DIA #70 (por Carlos Eduardo Brizolinha)



Faz um ano estava lendo Gore Vidal, nasceu em 1925 e morreu em 2012 em West Point, Nova York, no dia 03 de outubro. Viveu sua infância em Washington D.C. Seu pai foi aviador pioneiro que trabalhou para o governo do presidente Roosevelt. Em 1964, escreveu a biografia do imperador romano Juliano. Publicou histórias de detetive com o pseudônimo de Edgar Box. Escreveu uma série de livros, “as Narrativas do Império”, sobre os presidentes americanos e que passou a ser sua plataforma literária: “Burr” (1973), “1876” (1976), “Lincoln” (1984), “Empire” (1987), “Hollywood” (1990), “The Golden Age” (2000). Ainda escreveu uma série sobre a idade antiga, “Creation”, reeditado em 2002. A CRIAÇÃO . Ciro Epístama, neto de Zoroastro, filho de pai persa e mãe grega, é uma espécie de embaixador do reino persa. A ação se passa no século aV e Ciro é contemporâneo de figuras como Sócrates, Buda, Xerxes, Confúcio. Dario, o grande rei persa o envia em missão diplomática, primeiro à Índia e depois à China, com fins mais sondatórios visando a economia que outra coisa, por conhecer bem o país e seus mandantes. Ciro é um grande interessado em conhecer novas culturas, suas filosofias e religiões e é com esse olhar que vai nos apresentando essas grandes figuras da História, que são aqui personagens. O que mais chama a atenção é o sarcasmo afiadíssimo do autor, ele parece destilar veneno em cada parágrafo, sem exceção. Muitas vezes Ciro parece estar escrevendo para uma revista de fofoca, colocando esses grandes personagens históricos em situações muito divertidas que tiram aquela aura de seres inatingíveis e universais. Isso torna ainda mais difícil conseguir distinguir ficção da realidade. Livros assim sempre nos fazem questionar a forma com que a História nos é ensinada na escola.



Guillermo Cabrera Infante nasceu em Gibara, Cuba, em 1929. Jornalista, crítico de cinema e escritor, chegou a ser preso pelo governo de Fulgencio Batista. Depois da revolução de 1959, participou do Conselho Nacional de Cultura. Foi adido cultural de Cuba em Bruxelas entre 1962 e 1965, quando rompeu com o regime de Fidel Castro. Ganhador do prêmio Cervantes de 1997, é autor de romances, contos e ensaios. Naturalizado britânico, morreu em Londres em 2005. Entre suas obras de ficção destacam-se Três tristes tigres, Havana para um infante defunto e A ninfa inconstante. Esse grande autor em FUMAÇA PURA, livro que me despeço, passo para as mão do Professor Ronaldo conta que quando os navegantes espanhóis descobriram a América, uma imagem imediatamente os surpreendeu: a de indígenas aspirando, de uma forma que prenunciava o charuto e o cigarro, a folha de uma planta mais tarde batizada como tabaco. Ao longo desses 500 anos, cercado de controvérsias, foi alvo de execrações, restrições, proibições.( Aqui no Brasil uma das pautas do Bispo Sardinha era combater o vicio dos portugueses, mas os Caêtes liquidaram o Bispo ) Mas, ao mesmo tempo, de diversos modos e em escala crescente, foi usado como instrumento de prazer e sedução, como indicador de status e, em ocasiões cruciais, como símbolo de vontade e determinação: quem pode separar Churchill de seu charuto? É essa conturbada mas fascinante viagem do tabaco através dos séculos e dos continentes que nos conta Guillermo Cabrera Infante. O escritor capta a trajetória do tabaco, através de uma longa cadeia de episódios curiosos e interessantes, protagonizados por famosas personalidades do passado e do presente, com destaque para a gente da poesia, do romance, da música, das artes, do teatro, do cinema e da tevê. Tudo narrado com o conhecimento e a autenticidade de quem quase nasceu com um charuto entre os dedos, tornou-se um dos romancistas mais apreciados da atualidade e não se inibe em demonstrar, com a ajuda do seu grande senso de humor, que há boas e saborosas maneiras de transformar em pura fumaça as tensões e os transtornos da vida contemporânea. Não há como deixar de lembrar de Baudelaire. Lembrança de um ano atrás.



De imediato pensei ser Paul Valery, Não era. Romance de Gonçalo M. Tavares. - O senhor Valéry era perfeccionista. Só tocava nas coisas que estavam à sua esquerda com a mão esquerda, e nas coisas que estavam à sua direita com a mão direita. Ele dizia: -O Mundo tem 2 lados: o direito e o esquerdo, tal como o corpo; e o erro surge quando alguém toca o lado direito do Mundo com o lado esquerdo do corpo, ou vice-versa. Seguindo escrupulosamente esta teoria, o senhor Valéry explicava: -Eu dividi a minha casa em dois, com uma linha. E desenhava Defini um lado direito e um lado esquerdo -Assim, para os objetos do lado direito reservo a minha mão direita, e vice-versa. Nesse momento, perante uma dúvida colocada por um amigo, o senhor Valéry explicou: -Aos objetos muito pesados coloco-os exatamente com o seu centro na linha. E desenhou -Assim - explicava o senhor Valéry - posso carregá-los utilizando a mão esquerda e a mão direita, desde que tenha o cuidado de os transportar com o seu centro exatamente sobre a linha divisória. -Para os objetos leves - continuou o senhor Valéry - não necessito de tantas preocupações: mudo-lhes a posição apenas com uma das mãos. A mão certa, claro. -Mas como manter esse rigor em todas as situações? - perguntou-lhe o mesmo amigo: - Quando o senhor Valéry está de costas, por exemplo, como sabe qual a parte direita e esquerda da casa? O senhor Valéry mostrou-se quase ofendido com a questão, pois não gostava de ser posto em causa, e respondeu, bruscamente: -Eu nunca viro as costas às coisas. (Isto era o que o senhor Valéry dizia, mas na verdade, para nunca se enganar, havia pintado todo o lado direito da casa, incluindo os seus objetos, de vermelho, e todo o lado esquerdo de azul. Assim se percebia melhor a verdadeira razão de o senhor Valéry ter pintado a sua mão direita de vermelho e a esquerda de azul. Não tinha sido um ato estético, como ele dizia. Era bem mais do que isso.



O que li de Gilles Lapouge gostei, lembro de " A Batalha de Wagran " e " O Incêndio de Copenhagen. Li também muitos artigos e com estes boas indicações. Lendo o artigo do Estadão do dia 2, Gilles escreve para promover o livro de Adrienne Monnier que ocupou um espaço modesto no bairro de L'Odeon montando a mítica livraria " Maison des Amis des Livres " . O que fascina em Adrienne é apontado no artigo, coragem de montar uma livraria em 1915 face a primeira guerra Mundial. Rua Odeon que abrigou em 1921 a livraria não menos famosa " Shakespeare and Company " fundada por Sylvia Beach. Se na livraria de Adrienne desfilavam nomes Gide, Dartre, Pound, Scott dentre muitos outros, destaca Gilles que Rilke dedicou uma poesia " Le Grand Pardon " que lhe lhe fez verter lágrimas. Não há como deixar de aceitar da dica de Gilles. " Não razão nenhuma para vender um livro a alguém que ignore este livro " e mais, publicou Gide, Lacan, Leiriz com a certeza de ocupar espaço no conhecimento humano. No caso da americana Sylvia, que não é retratada no livro, mas me ocorreu lembrar, vale citar que os escritores da geração perdida ou seja, Ernest Hemingay, Scott, Pound, Gertrude Stein, George Anthel, Man Ray e Joyce que apelidou o espaço com Stratford on Odéon brincando com o nome Shakespeare and Company. Voltando ao livro de Adrienne Monnier é uma Madelaine para os prustianos e biscoito para os macunamicos.



Depois de um tempo passado em Honduras, durante o qual Porter cunhou o termo "república das bananas", ele teve que voltar para o Texas para enfrentar acusações de peculato. Em 1898, ele começou uma sentença de cinco anos, em Columbus-Ohio, prisão federal. Foi lá que ele mudou seu nome para Sydney. No ano seguinte, em 1899, da prisão, Porter começou sua carreira de curta história , contribuindo com "Meia do Natal de pau de assobio" para o departamento de McClure. A partir de então uma série de suas histórias escritas na prisão apareceu na imprensa, sempre sob um pseudônimo "O. Henry". O público em geral não sabia da sua pena de prisão até depois de sua morte. Depois de ser libertado da prisão em apenas três anos, Porter mudou-se para o próximo capítulo de sua vida: New York City. Suas histórias têm muitas vezes uma surpresa ou torção final, e os fãs de Porter sempre aguardaram com expectativa mais publicações como Mundial, Ainslee de e McClure. Porter tem sido comparado a outros mestres do conto incluindo Nikolai Vasilievich Gogol , Bret Harte , Rudyard Kipling , Mark Twain , e autor o francês Guy de Maupassant (1850-1893). Um dos mais populares autores de contos da América indiscutivelmente. Tanto que várias coleções foram publicadas. William Sidney Porter nasceu 11 de setembro de 1862 em Greensboro, Carolina do Norte, filho de Algernon Sidney Porter (1825-1888) e Mary Jane Virginia Swaim (1833-1865). O'HENRY merece ser lido, não só "O presente dos Reis Magos", mas Contos de O. Henry.

BOM DIA E CAFÉ QUE TE QUERO CAFÉ.



 

Carlos Eduardo "Brizolinha" Motta
é poeta e proprietário
da banca de livros usados
mais charmosa da cidade de Santos,
situada à Rua Bahia sem número,
quase esquina com Avenida Mal. Deodoro,
bem ao lado do Empório Homeofórmula,
onde bebe diversas xícaras de café orgânico
ao longo de seu dia de trabalho.


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