Thursday, March 1, 2018

DÉCADANCE SANS ÉLÉGANCE (por Denise Marinho)



“Decadência” é a palavra que me vem a cabeça quando vejo as autoridades deste país.

Como cidadã otimista eu penso: _ a decadência é o fundo do poço e como “do chão não passa” – diz o ditado – vamos nos recuperar.

Espero por isso há alguns anos.

Então, como historiadora eu lembro que a decadência, às vezes, é um processo que vem para ficar.

Acho que todo mundo estudou na escola a “Queda do Império Romano” – um clássico, em termos de decadência. Os bárbaros levaram a culpa, mas a verdade é que a sociedade romana apodreceu por dentro. A corrupção moral, política e econômica comeu as suas entranhas como cupins. Quando os bárbaros chegaram, as paredes caíram de podre.

Mas naquela época, não havia tantos exemplos de decadência. Temos, hoje, uma vantagem sobre os romanos: conhecemos a história, podemos estudar e nos precaver.

A história nos diz que um país não pode prosperar sendo governado por lideranças políticas que não fazem distinção entre o patrimônio público e o patrimônio privado.

A história nos diz que um país não pode prosperar sendo governado por pessoas que vendem o poder que conquistaram do povo por um saco de dinheiro; pessoas que guardam o dinheiro que roubaram do povo em apartamentos ou que o carrega em malas ou, ainda, na cueca!!!

Na cueca...imaginem um deputado japonês sendo flagrado com dinheiro na cueca! Motivo de haraquiri, tamanha a vergonha, tamanha a desonra.

No Brasil não há vergonha. Há excesso de tolerância e de impunidade. E pior que isso! Há pessoas que defendem a roubalheira em troca de uma suposta “benevolência” da autoridade com os mais pobres.

Por que não nos perguntamos por que ainda temos pobres num país tão cheio de riquezas?

Ora, façam-me o favor e enfiem no brioco amarrotado a defesa apaixonada desses macunaímas, esses populistas sem caráter, egoístas e enganadores.

Essa defesa forma o meio de cultura onde surgem as aberrações a quem entregamos poder e autoridade nesse país. Quem não lembra do espetáculo grotesco da Câmara dos deputados federais votando o impeachment da saudadora da mandioca?

Nesse espetáculo tudo é ruim! Não há lados, não há partidos, não há ideias, ideologias ou visões de país. Há apenas “décadence sans élégance”.




Meu nome é Denise Mattos Marino,
mas fui sintetizada: Denise Marino
ou, simplesmente, Dê,
acompanhada ou não do Marino.
Sou historiadora e professora de história.
Atualmente aposentada – fui mais rápida
que a reforma. Mas ainda levo
para os meus aposentos a curiosidade,
o “só sei que nada sei”
e a vontade de ensinar.

Ah! Sou libriana.

No comments:

Post a Comment