Monday, March 12, 2018

POEMA ORTODÔNTICO (por Germano Quaresma)



POEMA ORTODÔNTICO

Meu amor por Pâmela soía ser alimentado por uma fantasia visual.
Eu a mirava em fellatio, os dentes arrojados feito um bicho canibal
A boca salivando, o falo retesado pra além do normal
Protusos incisivos, caninos arretados, molares sem igual
Como se uma leoa, que caçou um veado lá no mundo animal
Matasse a sua fome e, instinto saciado, bebia um caudal
De porra que jorrava, um amor esporrado em rosto virginal.

Ah, Pâmela, ques dentes, era apaixonado, boca original
Te amava como eras, dentes projetados, por que é que um bagual
De um coxinha sem alma, um dentista viado, que de fio dental
Passa suas noites, no rabo enterrado o cordão aromal,
Pôs-se a consertar o que era já acertado: tua Arcádia dental.
Pois o fidiputa, ortodonte safado, te estragou total -
O corte, o aparelho, bem mal colocado, lacerou-me o pau.






Germano Quaresma, ou Manuel Herzog,
nasceu em Santos, São Paulo, em 1964.
Criado na cidade de Cubatão,
trabalhou na indústria química
e formou-se em Direito.
Estreou na literatura em 1987
com os poemas de "Brincadeira Surrealista".
É autor dos romances
"A Jaca do Cemitério É Mais Doce" (2017),
"Dec(ad)ência" (2016), "O Evangelista" (2015)
e "Companhia Brasileira de Alquimia" (2013),
além dos livros de poemas
"6 Sonetos D’amor em Branco e Preto" (2016)
e "A Comédia de Alissia Bloom" (2014)


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