POEMA ORTODÔNTICO
Meu amor por Pâmela soía ser alimentado por uma
fantasia visual.
Eu a mirava em fellatio, os dentes arrojados feito
um bicho canibal
A boca salivando, o falo retesado pra além do normal
Protusos incisivos, caninos arretados, molares sem
igual
Como se uma leoa, que caçou um veado lá no mundo
animal
Matasse a sua fome e, instinto saciado, bebia um
caudal
De porra que jorrava, um amor esporrado em rosto
virginal.
Ah, Pâmela, ques dentes, era apaixonado, boca
original
Te amava como eras, dentes projetados, por que é que
um bagual
De um coxinha sem alma, um dentista viado, que de
fio dental
Passa suas noites, no rabo enterrado o cordão
aromal,
Pôs-se a consertar o que era já acertado: tua Arcádia
dental.
Pois o fidiputa, ortodonte safado, te estragou total
-
O corte, o aparelho, bem mal colocado, lacerou-me o
pau.
Germano Quaresma, ou Manuel Herzog,
nasceu em Santos, São Paulo, em 1964.
Criado na cidade de Cubatão,
trabalhou na indústria química
e formou-se em Direito.
Estreou na literatura em 1987
com os poemas de "Brincadeira Surrealista".
É autor dos romances
"A Jaca do Cemitério É Mais Doce" (2017),
"Dec(ad)ência" (2016), "O Evangelista" (2015)
e "Companhia Brasileira de Alquimia" (2013),
além dos livros de poemas
"6 Sonetos D’amor em Branco e Preto" (2016)
e "A Comédia de Alissia Bloom" (2014)
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