Friday, March 23, 2018

TIM MAIA FALA SOBRE PIRAÇÕES, ASPIRAÇÕES E INSPIRAÇÕES (uma entrevista póstuma extraída do Blog do Jiló)



Hoje, temos o prazer de publicar um bate papo com um dos maiores ícones da música brasileira: o polêmico e divertidíssimo Tim Maia, o síndico do Brasil.

Trata-se naturalmente de uma entrevista póstuma, realizada 19 anos depois que o músico nos deixou, e que procura descobrir a verdadeira personalidade do mestre da soul music brasileira e revelar definitivamente o que é lenda _ e o que não é _ na vida intensa e desregrada desse grande personagem da nossa música.

Chega de blá blá blá e vamos ao que interessa: a entrevista que Tim Maia deu ao Blog do Jiló.

 BJ – Tim, muita gente acha que o seu apelido de síndico vem da música W Brasil, do Jorge Benjor. Mas alguns jornalistas, escritores e músicos garantem que o apelido pegou porque você foi síndico do Edifício Barra Palace, na Barra da Tijuca, durante 12 anos. O que é verdade aí?

TM – Pois é, rapaz, morei num lugar que tinha gente mais doida do que eu. Como é que os caras têm coragem pra me eleger de síndico? (risos). Na verdade, as duas coisas. Foi o Benjor que inventou o termo. Mas foi justamente porque eu fui síndico do Barra Palace. Lá era barra mesmo (risos). Pepeu Gomes era meu vizinho de apartamento. Vizinho de janela. A gente vivia na varanda passando as paradas pra lá e pra cá conforme a necessidade de cada um (mais risos) e conforme o perigo também (gargalhada). Daquela varanda é que eu ficava de binóculo pra ver se aparecia alguma lata de maconha no mar. Lembra do verão da lata? Então, aquele apartamento da Barra tem é história.

 BJ – Tim, apesar de na época não terem feito sucesso, muitos críticos atuais enxergam os volumes 1 e 2 do Tim Maia Racional como uma de suas melhores fases musicais. Mas você simplesmente tirou esses discos de circulação. Por que?

TM – Cara, essa é uma história longa e triste. Mas eu aprendi a esquecer essas coisas ruins. Por isso, vou deixar a história mais curta e feliz. Todo mundo sabe que eu dei uma pirada com aquela seita do Universo em Desencanto. Na época, eu achava o máximo. Li o livro, achei fantástico. Mudei minha vida, meus hábitos. Parei de cheirar, de fumar. Só fazia sexo pra procriar. Me sentia um sujeito evoluído. Pregava a seita, queria que todo mundo lesse a porra do livro. Fiz a minha banda parar com as drogas e com o sexo… e só se vestir de branco. Cheirava a mão dos caras em todo ensaio pra ver se os sacanas não tinham fumado unzinho. Pirei o cabeção mesmo. Aí descobri que aquele negão filho da puta, o guru dono da seita, era um mulherengo desgraçado, um canalha de um ladrão, que levou metade da grana das minhas músicas pra bancar aquela trapaça. Fiquei tão puto que retirei os dois discos do mercado. Não que eu não gostasse, mas as letras veneravam a merda daquela seita. Manoel Jacintho, o nome do guru safado. Na época, eu lembro que eu vivia falando: Já sinto que me fodi (risos).

 BJ – Vamos falar um pouco de família agora. O seu sobrinho, Ed Motta, nunca se deu muito bem com você. Ou melhor, você é que nunca se deu bem com ele. E dizem que o motivo dessa história toda é que você pegou o cara na cama com a sua mulher. É verdade?

TM – Qualé, rapaz? Tá tirando onda da minha cara? Esse mané jamais teria a competência de pegar a minha mulher. Aliás, ele não pega é ninguém. E outra coisa: a minha mulher nunca ia se interessar por um cara que fosse negão, feio, gordo e cantor. Só isso!

 BJ – No showbiz, a sua fama sempre foi péssima. Os empresários preferiam negociar com o diabo do que fechar uma turnê com você. Faltar em shows e atrasar em gravações era uma característica sua. Mesmo você sendo uma estrela da música como sempre foi, isso nunca te trouxe nenhum grande problema?

TM – Porra, brother…. claro que isso me trouxe problemas. E põe problema aí. Eu sempre fui um cara muito intenso, gostava de tudo muito. Muito sexo, muita maconha, muito whisky, muita brizola… e você sabe que essas coisas, misturadas, fazem o sujeito perder a noção do tempo, da hora e principalmente dos compromissos. O Boni, por exemplo, quando era o bam-bam-bam lá na Globo, me deu um gancho de 10 anos sem aparecer na emissora só porque eu deixei o Faustão me esperando no programa dele. Mas, entenda: no dia anterior tinha sido o meu aniversário. Imagina! Nem lembro onde foi a festa. Só sei que eu voltei na carona do Bozo (gargalhadas). Tive que botar a Globo no pau porque eles me cortaram até do fundo musical do Xou da Xuxa. Maior prejuízo, irmão! Não é qualquer negão que consegue trabalhar no fundo da Xuxa. Eu só conheço mais um. (nesse momento, Tim Maia riu tanto que acabou se engasgando… tive que dar um tapão virtual nas suas costas)

 BJ – É verdade que você sempre foi apaixonado por animais?

TM – Nada. Isso é exagero. Já dei muito tapa em focinho de cachorro. Quando eu era moleque, cheguei até a afogar uns pintinhos que a minha vizinha exibida levou lá pra casa. Apanhei um bocado da minha mãe por causa disso. É que eu nunca fui chegado a um pinto mesmo (risos). Mas eu gosto de cachorro. Tive vários. E tive um gavião também. O nome dele era “Empresário”. Dei esse nome porque empresário é ave de rapina. Mas o meu sonho mesmo era ter um porco em casa. Um porco daqueles gigantes. Só não comprei com medo da minha mulher confundir ele comigo (risos)

 BJ – Você é conhecido também por seu espírito brincalhão, divertido. E principalmente por soltar algumas frases célebres. Uma das mais conhecidas é “Fiz uma dieta rigorosa: cortei álcool, gorduras e açúcar. Em um mês, eu perdi 30 dias”. Você falou mesmo isso?

TM – hehehe, essa eu falei. Mas eu acho que não foi bem assim. Que eu me lembre, foi: “Em duas semanas, perdi 14 dias”. Até porque eu jamais aguentaria um mês de dieta. A única dieta que eu realmente me dediquei foi aquela feita à base de pó. Me tirava totalmente a fome. Aliás, fiquei nessa dieta mais de 30 anos. Mas só perdi dinheiro e vergonha na cara. Peso, que é bom, nada. (risos) A frase que eu fiz que eu realmente gosto foi quando me perguntaram se eu era ligado em dinheiro. E eu respondi: “O mundo só será bom no dia que todo o dinheiro acabar, mas que não me falte nenhum enquanto isso não acontece.”

BJ – Tim, agora a gente queria fazer um bate bola com você. Preparado?

TM – Manda!

 BJ – Uma cor?

TM – Branco

 BJ – Uma banda?

TM – podre

 BJ – Um filme?

TM – Scarface

 BJ – Uma inspiração?

TM – Pelo nariz

 BJ – Uma comida?

TM – No rabo

 BJ – Um lugar?

TM – Aqui, no inferno


Nota:
 As revelações feitas nessa entrevista não podem e não devem ser interpretadas como verdade absoluta. Há muitas discussões sobre o tema e o próprio autor invariavelmente se confunde em suas lembranças, o que é muito fácil de entender. Outro ponto relevante é o fato de o autor já ter morrido há quase 20 anos, o que torna a veracidade de suas novas declarações absolutamente discutível.

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