Tuesday, March 20, 2018

PARADISO TOP 5: CINCO FILMES PARA QUEM ACHA QUE HOSPITAIS PODEM SER ENGRAÇADOS


POR CHICO MARQUES



O HOSPITAL
(Hospital, 1971, 103 minutos, dir: Arthur Hiller)

A vida do Dr. Bock (George C Scott) está de ponta cabeça desde que a mulher o deixou, os filhos pararam de falar com ele e seu antes amado hospital-escola começa a cair aos pedaços por falta de investimentos em manutenção. À beira de um colapso nervoso, ele se apaixona por uma jovem lindíssima (Diana Rigg), filha de um paciente bruxo que lembra o Don Juan de Carlos Castañeda, e coisas fantásticas começam a acontecer. Roteiro genial de Paddy Chayefsky que o sensível Arthur Hiller dirige com precisão. Um filme magnífico, que infelizmente nunca foi lançado em home-video aqui no Brasil, e há muito tempo não frequenta a programação da TV. Mas se for exibido em algum lugar qualquer hora dessas, não deixe de ver. Vale (muito) a pena.
HOSPITAL DOS MALUCOS
(Brittania Hospital, 1982, 116 minutos, dir: Lindsay Anderson)

"Brittania Hospital" encerra de forma notável a "trilogia britânica" de Lindsay Anderson composta pelos poderosos "If..." (1968) e "O Lucky Man" (1973). Um Hospital tradicional se prepara para receber a visita da Rainha-Mãe mas não sabe o que fazer para esconder pacientes insatisfeitos, manifestantes irritados e um cirurgião-chefe (Malcolm McDowell) que virou um cientista louco e agora desenvolve um projeto semelhante ao do Dr. Frankenstein. Essa black comedy impagável é a obra-prima da série, mesclando elementos realistas com elementos fantásticos com doses cavalares de humanismo, anarquismo e "wit". Um filme que deveria ser visto por todo profissional de medicina, como uma espécie de tira-teima vocacional. 
M*A*S*H
(M*A*S*H, 1970, 116 minutos, dir: Robert Altman)

Eis aqui o filme favorito de nove em casa dez sobreviventes dos Anos 60. Sátira debochadíssima e devastadora sobre dois médicos fanfarrões (Donald Sutherland & Elliott Gould) que trabalham numa unidade médica bem festiva na Guerra da Coréia nos Anos 50. O filme de Robert Altman faz alusões muito engraçadas à Guerra do Vietnam, que vivia então seu momento mais sangrento, e foi rodado às escondidas de Darryl Zanuck, chefão da Fox, que estava preocupado apenas com uma superprodução de guerra bem careta: o hoje esquecido "Tora Tora Tora". Quando soube que "M*A*S*H" e estava fazendo sucesso em Festivais e exibições especiais pelo mundo afora, não teve outra alternativa senão lançar o filme no circuito comercial. E foi um grande sucesso, dando origem a uma série de TV de mesmo nome, estrelada por Alan Alda e Wayne Rogers, que permaneceu em produção de 1972 a 1983). O tom antibelicista do roteiro de Ring Lardner Jr. (vencedor do Oscar daquele ano) pode ser atribuído à prisão dele na década de 1950. O escritor fez parte do Hollywood 10, grupo de roteiristas e diretores que foram denunciados pelo Comitê de Atividades Anti-Americanas que na época perseguia prováveis comunistas em Hollywood.
S.A.Ú.D.E.
(HEALTH, 1982, 105 minutos, dir: Robert Altman)

Um hotel na Flórida recebe uma convenção que trata de alimentação saudável. Enquanto membros de uma das organizações tentam eleger seu presidente, cria-se uma guerra de poder entre uma empresa e sua subsidiária. Nesse seu décimo-quinto longa metragem, Robert Altman. recrutou Carol Burnett, Glenda Jackson, James Garner, Lauren Bacall, Dick Cavett e Paul Dooley, e mais 40 e poucos atores na esperança de tentar repetir o sucesso artístico de "Nashville" e "Cerimônia de Casamento". Mas foi brecado pela 20th Century Fox, que, apesar de bem recebido em Festivais Internacionais, não gostou do resultado e decidiu não lançar o filme em circuito comercial em 1980. Só em 1982 ele viu a luz do dia, totalmente reeditado à revelia de Altman (com uma hora a menos de duração, todo truncado e incompreensível), e rapidamente seguiu para a TV. Um "director's cut" de "HEALTH" com certeza vai revelar um "grande filme perdido" na filmografia deste grande e destemido diretor. 
DR. MUMFORD
(Mumford, 1999, minutos, dir: Lawrence Kasdan)

Durante a faculdade e uma carreira rápida como investigador da Receita Federal, um homem (Loren Dean) é preso por envolvimento com drogas. Vai para um centro de reabilitação para drogados, administrado por monges bem compreensivos, com quem aprende a dar atenção aos problemas das pessoas -- que, por sua vez, confiam no seu sorriso e confiam a ele seus segredos bem íntimos. Ele decide então usar seu conhecimento em computadores e sua habilidade em falsificações para criar uma nova identidade: Mickey Mumford, nome de um amigo de infância, que morreu com 6 anos de idade. Torna-se um "psicólogo", passa a ser conhecido como "Dr. Mumford", e, ao procurar um lugar para viver, acha uma cidade chamada Mumford e vê nisto um sinal. Muda-se para lá. Em pouco tempo consegue vários pacientes. que começam a experimentar novas sensações através de seus métodos pouco ortodoxos -- como Sofie (Hope Davis). Até que, um belo dia, ele é desmascarado por um programa de TV sensacionalista. Uma comédia romântica incomum, irresistível e pouco conhecida de Lawrence Kasdan, que merece uma chance.




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