Sexta passada, arrisquei mais um happy hour. Fui sozinho, como sempre. Ou seja, nada tão happy assim.
Dessa vez, escolhi um barzinho mais popular, com cerveja de 600ml. Cerveja comum. Lá, a única coisa artesanal era um hippie argentino vendendo pulseira de miçangas na porta.
Sentei e pedi o cardápio. A Original era 1 real mais cara que a Brahma. Resolvi cometer essa extravagância e pedi uma gelada e um frango à passarinho.
O garçom já chegou me chamando pelo nome:
– Seu Meireles, quanto tempo o senhor não aparece.
Pra quem ainda não sabe, meu nome é Brain… e eu nunca tinha pisado nesse boteco. Mas fingi que era o tal Meireles. De repente eu ganhava uma saideira ou uma porção mais caprichada, vai saber.
O lugar, apesar de ter mesa de madeira com cadeira de plástico, até que estava bem frequentado. Umas quatro ou cinco mesas com garotas bonitas e rapazes bem vestidos. Sabe como é… happy hour, nessa crise, só é “happy” se for barato. A única coisa que não mudou foi a “hour”.
O Brain é um personagem virtual
que para muitos é de uma realidade espantosa.
O pessoal da agência de publicidade que recebe
semanalmente os seus textos datilografados (acreditem)
jura que nunca esteve frente
a frente com o articulista.
A ilustração que mostra o personagem é baseada
nos depoimentos do porteiro do prédio da agência
que o descreveu fisicamente para que
o ilustrador pudesse caracterizá-lo.
O porteiro diz que todo domingo
esse sujeito estranho, de gravata borboleta,
entrega o seu envelope com alguns textos.
São textos sobre publicidade e comunicação em geral,
mas sempre com teor crítico, irônico
e às vezes até um pouco petulante.
Foram esses traços de personalidade
que fizeram a agência dar o nome
de Brain ao nosso protagonista.
E criar um espaço para ele que se manifestasse
com suas opiniões polêmicas e comentários ácidos.
O Brain escreve toda quarta aqui no Leva um Casaquinho.
Isso se o porteiro do prédio não esquecer
de entregar o envelope lá em cima,
na agência.
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