Mas,
afinal, houve uma ditadura ou um regime militar? Essa polêmica que se arrasta
pelas redes sociais e a sociedade em geral, vem mostrar o nível de intolerância
e dissidência que afetarão decididamente as eleições de outubro. Ditadura, para
deixar claro, é um regime onde uma só cabeça manda, uma só cabeça tem os
poderes de céu e inferno. Num regime militar, existe uma espécie de cooperativa
ditatorial, onde os deuses de plantão vão se revezando periodicamente, na
tentativa de dar um certo ar de legalidade. No Brasil, ou em qualquer lugar do
mundo, não deu certo. Fica como ditadura e fim de papo. Na verdade, muda-se
apenas o nome. Os atos violentos permancem os mesmos.
Pouco
importa qual a cor ou o lado da ditadura ou regime militar. Todo e qualquer
regime que limita suas liberdades básicas, como criticar ações governamentais,
por exemplo, é bárbaro, é violento, é desprezível. Não há argumento que se
sustente para defender um ditador, mesmo que ele seja simpático ou que se diga um
salvador da pátria. Temos exemplos terríveis em toda a História e voltar a
cometer essa insensatez é uma loucura imensurável. Acredito que Stalin é o
exemplo mais clássico do que significa um ditador. Milhões de russos morreram
de inanição por sua responsabilidade; um País como a União Soviética, uma
potência que dominou os primeiros anos da corrida espacial e que revelou
atletas monumentais em Olimpíadas de verão e inverno, paga até hoje o preço
pelo totalitarismo burro, como essa revelação dos casos de doping envolvendo
mais de 1000 (mil) atletas, um número absurdo. Mais absurdo ainda é descobrir
que todo o sistema de doping foi criado pelo Estado: sem forças, depois da
queda do muro de Berlim e o fim da Guerra Fria, o governo soviético precisava
de algo que elevasse a auto estima comunista e apelou para os esportes, fosse
qual fosse o preço a pagar. O resultado, todo mundo sabe...
Por
isso tudo é que essa discussão árida que está ocorrendo não levará a nada,
apenas a mais ódio, mais raiva, mais nada. Com a revelação dos documentos da
CIA, onde o general Geisel é apontado como o mandante de vários homicídios, a
corda chegou a um ponto de tensão perigoso. As Forças Armadas, em resposta ao
documento, afirmam que ele pode ser falso ou redigido por um funcionário da
agência americana fraco, sem competência e sem vontade de trabalhar; apenas um
documento criado para justificar a falta de empenho e vontade. Difícil de
acreditar.
Outra
hipótese, esta bem mais explosiva, poderia ter resultados extremamente
desastrosos: poderia haver um traidor, um agente comprado pela CIA entre as
quatro maiores autoridades da época. Os suspeitos seriam o Presidente da
República, o Chefe do Centro de Informações do Exército, o Chefe do SNI –
Serviço Nacional de Informações e, finalmente, o Ministro do Exército. A
explicação é simples: como uma reunião sigilosa com esses quatro personagens
poderia acabar sendo registada num documento criado e redigido pela CIA? A
resposta seria clara: alguém repassou as informações para a agência americana,
uim traidor, portanto.
Mas,
tudo não passa de especulação e de uma guerra de palavras e atitudes entre
direita e esquerda. Hoje, por exemplo, o PT afirma que a CIA é confiável e
nunca mentiria, posição bem diferente de alguns meses atrás quando criticaram
algumas informações divulgadas e confirmadas pela agência sobre a roubalheira
no Brasil. Já a direita, que sempre foi fiel a CiA, agora acha que esse documento
é falso. Ou seja: cada um está puxando a sardinha para seu lado.
A
verdade é que ninguém tem a capacidade de dominar a verdade. Enquanto a
esquerda dá murros na mesa para ganhar uma discussão, a direita bate no peito
defendendo o nacionalismo e o patriotismo. Ambas esquecem que discussões se
vencem com argumentos, nunca com murros. E que nacionalismo e patriotismo podem
se transformar em incentivadores da insensatez. Adolf Hitler é um belo exemplo.
A
esquerda está, na verdade, atacando o candidato Jair Bolsonaro, representante e
guru das direitas em geral. Aproveitando o embalo, tentando minar a candidatura
de 73 militares que se preparam para as eleições a deputado em outubro. E a
direita lembra que em 64 havia uma guerra contra o comunismo (como se isso
fosse justificativa...) e que as Forças Armadas sairam vencedoras. A Comissão
da Verdade (será?) diz que 434 esquerdistas foram mortos em combate em
guerrilhas urbanas e nas selvas. Essas mesmas forças de esquerda mataram 150
“cidadãos”, na sua maioria civis como motoristas de caminhão, caixas de banco,
etc.
Mas,
afinal, quem tem razão? Na minha opinião, nenhum dos dois. Tanto direita e
esquerda representam, hoje, o que há de mais atrasado em nível de política
econômica ou política por sí só. Com esse sistema de presidencialismo de cooptação que foi implantado pelo sr.
Silva (preso em Curitiba), não há governo que sobreviva. Ou que deixe de ser refém
de um Congresso podre e sem moral como o nosso.
Precisamos,
e com urgência, é de alguém que tenha a capacidade de ser um grande líder que
consiga unir este País dividido pela ignorância e vaidade de um líder
messiânico que se compara a uma idéia, imaginem! Um líder que consiga unir
corações e mentes em torno de uma só idéia: o progesso e desenvolvimento do
País. Um estadista que coloque, de novo, o Brasil no mapa mundial do
desenvolvimento. Não será fácil. Os pré candidatos que aí estão são os
representantes e defensores do período jurássico da política. Ou filhotes do
coronelismo que, na verdade, não passam de uma teoria das capitanias
hereditárias melhorada. Ou melhor não servem para nada. Por tudo isso, nossas
eleições serão especiais. Muito mais importante do que as próprias eleições,
será o comportamento dos eleitores. Está nas mãos deles, nossas, a saída dessa
rede de ignorância e atraso. Se errarem a mão mais uma vez, teremos outros
quatro anos de consequências imprevisíveis. E aí sim, descobriremos se Deus é
ou não brasileiro de verdade...inté.
Álvaro Carvalho Jr. é jornalista aposentado
e trabalhou para vários jornais e revistas
ao longo de 40 anos de carreira.
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sempre aos sábados,
quando esquece que está aposentado.
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