Da
passagem da matéria-forma ‘a matéria-força: um signo carregado de significados tendo ´´O Rei da Vela´´ como
estandarte , o Teatro Oficina é metalinguagem para sua própria luta de
´desencanamento´ visceral da civilização
paulistana, no mínimo paulistana.
Deleuzianamente o Oficina não pensa ´isso ou aquilo´, - vibrátil pensa
´com´ todos instrumentos do devir, do
instante que passa a partir e adentrando o magma mesmo das coisas
apresentadas. Máquina radicalmente
desejante, teatro- esponja, onívoro
carregando por toda epiderme da urbe-entorno as inquietudes convergentes de
tradição-vanguarda. A epopéia pelo
Bexiga é ela mesmo metalinguagem, intertextualidade do carma subversivo de sua
tessitura aos solavancos da História de desconstrução dos macro-micro
fascismos. O fetiche tosco do progresso
sempre com suas artimanhas para novo ´apartheid social´ : a
falácia da eficiência, do pragmatismo, a
verticalização como tara arquitetônica nomeada ´gentrificação´. No caso
´insulamento´ da arte , da cultura
vívida, do sufocamento por guetificação
do senso crítico imanente e rizomático representado pelo Oficina e seus desdobramentos
quânticos. A maior transgressão ‘ a sociedade de mercado é criar: linguagem de
bárbara, enviezada, tonitroante, dês-normatizando o pastoreio de cordeiros do
nexo linear. O teatro visto no ´´Rei da
Vela´´, manifesto desnudado da práxis uzona é fóton-texto, acelerador de
signos, sintagmas, miscigenador de idioletos. O santuário do Bixiga, cadinho de córregos
subterrâneos uterinos de Sampa propõem uma erótica mais que uma linguagem ,
ainda que essa sua já estabelece por si uma ruptura imanente. Além das comoditties cafeeiras oswaldianas, o Oficina sugere um
Vale do Silício anímico no fulcro mesmo da Paulicéia: descaracterizar a fonte é
propor sufocamento da seiva. Impensável
um cenário sem o Oficina fortalecido: seria encarcerar Dona Yayá a São Paulo inteira num medievo
endinheirado. Zé Celso está para
Pindorama o que foi Ginsberg para a América e remexendo encontro um dito fudido
do xamã beat: ´´A única tradição poética
é a voz que sai da moita em chamas. O resto é lixo e vai ser consumido.´´ Raros inventários da brasilidade tem a
veracidade da saga euclidiana construída por Zé Celso, assim como seu ciclo
oswaldiano precedeu em muito maio de 68 aqui nos trópicos ... vivendo entre o
cais de Santos e o Copan tomo o Oficina feito já atmosfera natural tanto quanto a Mata Atlântica: qualquer atentado sua integralidade é morticínio
cultural e telúrico . Faz me lembrar
Paul Klee sobre função estética contundente: ´´ A Arte não imita o visível; ela
torna visível o não-visível.´´ Esse
mergulho na imponderabilidade feito pelo Oficina é vital para a reflexão
nacional do contrário ficaremos ocos sem
novas linhas de conexão. Quando já se
avizinha um novo império predador, o chinês, quando até o polvo ianque perde
tentáculos, é impressionante atualidade
do ´´Rei da Vela´´ e espero o Oficina
esteja aí nesse século deleuziano onde
Sampa se insinua megalópole do Ocidente em transe...tranZmoderno!!
Poeta, contista e crítico literário,
Flávio Viegas Amoreira é das mais inventivas
vozes da Nova Literatura Brasileira
surgidas na virada do século: a ‘’Geração 00’’.
Utiliza forte experimentação formal
e inovação de conteúdos, alternando
gêneros diversos em sintaxe fragmentada.
Vem sendo estudado como uma das vozes
da pós-modernidade literária brasileira
em universidades americanas e européias.
Participante de movimentos culturais
e de fomento à leitura, é autor de livros como
Maralto (2002), A Biblioteca Submergida (2003),
Contogramas (2004) e Escorbuto, Cantos da Costa (2005).
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