CAPÍTULO
XXIV
Olhando
para o mar, ele pensou que devia achar algo mais importante pra dizer a
respeito da porra daquele mar.
Mas
não conseguia pensar em nada mais importante, além do fato daquela porra
daquele mar banhar a porra da cidade onde ele viveu grande parte da porra da
sua vida.
Contudo,
se alguém tinha mesmo que contar a porra daquela história, ele estava disposto
a tentar. Por quê? Ele não fazia idéia.
Isso,
contudo, não importava.
Afinal,
era apenas uma porra de uma história.
Era
preciso, porém, encontrar alguém para escrever a tal história, já que ele
mesmo, por uma série de razões que agora não vinham ao caso, nunca faria isso.
Mas
quem faria isso, quer dizer, quem contaria aquela história? E que história era
exatamente aquela?
Estar
naquela cidade novamente, depois de tanto tempo, era estranho e assustador. Se
havia algo sensato a fazer, depois de tudo o que passara, era nunca voltar
àquele lugar. Ironicamente, foi exatamente isso que fez. Quando cruzou aquela
porta, pensou aonde ir. Os locais em que vivera nos últimos tempos estavam fora
de cogitação. Nenhuma das pessoas com
quem convivera em tais lugares ficaria exatamente feliz em revê-lo. Muito pelo
contrário e, em alguns casos, ele pressentia que isso envolvia até mesmo um
certo risco de vida ou, na melhor das hipótese, algumas escoriações leves mas
doloridas em seu corpo.
Então,
como que atraído por imã invisível, foi sendo trazido de volta àquela cidade, e
agora estava lá, olhando pra porra daquele mar e avaliando se não tinha feito
uma grande cagada. Contudo, a idéia de escrever a história o animou um pouco.
Seria, pelo menos, um objetivo, ainda que meio maluco, para preencher o
tremendo vazio que sentia dentro dele e a falta de qualquer perspectiva a
respeito da vida que levaria dali para a frente.
O
que primeiro chamou a sua atenção foi o título, A Porta dos Fundos do Paraíso.
Depois achou engraçado que alguém tivesse escolhido a foto de uma minhoca para
ilustrar a capa de um livro. Começou a folhear o livro, tentando descobrir de
que diabos se tratava. Não conseguiu chegar à conclusão nenhuma, já que, em um
trecho, aquilo parecia um romance, no outro, um tratado filosófico e, mais
adiante, um manual de bruxaria. Ah, e havia lá também algumas páginas que pareciam
ser poesia ou coisa semelhante.
Quando
retornou à capa para rever a foto da minhoca, teve a impressão de que ela
estava esboçando um leve sorriso. Mas definitivamente não foi isso o que o
surpreendeu. O leve tranco no peito aconteceu quando viu o nome do autor. Puta
que pariu, quer dizer que o cara tinha escrito um livro? Um livro maluco com um
título maluco, A Porta dos Fundos do Paraíso. Ah, e com a foto de uma minhoca
sorrindo na capa.
Puta
que pariu! Não, puta que pariu era pouco.
CAPÍTULO
XXV
“Olhando
para o mar, eu pensei que devia achar algo mais importante pra dizer a respeito
da porra daquele mar. Mas não consegui pensar em nada mais importante, além do
fato daquela porra daquele mar banhar a porra da cidade onde eu vivi grande
parte da porra da minha vida. Contudo, se alguém tinha mesmo que contar a porra
daquela história, eu estava disposto a tentar. Por quê? Eu não fazia idéia.
Isso, contudo, não importava. Afinal, era apenas uma porra de uma história. Era
preciso, porém, encontrar alguém para escrever a tal história, já que eu mesmo,
por uma série de razões que agora não vêm ao caso, nunca farei isso.
“É
provável que você até se assuste com esta mensagem. Afinal, faz tanto tempo… De
qualquer forma, sempre achei que, de todos nós, você era o cara que tinha o dom
de escrever. Aliás, acabo de comprar seu livro. Foi na contracapa que descobri
seu e-mail. Bem, como estou com um pouco de pressa e porque também não quero
ficar tomando seu tempo, vou direto ao assunto. Queria te pedir para você
colocar no papel, quer dizer, na tela do computador, uma história que eu queria
que fosse contada. Além do tal dom que você tem, e sobre o qual já falei, acho
você a pessoa ideal para contar a história, até porque você estava quase sempre
por perto, quando tudo aconteceu. Aguardo uma resposta sua. Abraços, Jeremias.
PS. Ainda não li o seu livro, mas pretendo começar ainda hoje.”
Na
semana seguinte, ele foi, pelo menos uma vez por dia, até alguma lan house,
verificar se sua mensagem tinha sido respondida. Na última dessas vezes,
desistiu de esperar uma resposta e resolveu escrever alguma coisa e mandar para
paraisoperdido@denovo.com, o e-mail que ele tinha visto na contracapa do livro
da minhoca sorridente.
No
e-mail, Jeremias começava a contar uma história:
“E
também não havia absolutamente nenhuma poesia no fato de seu pinto estar agora
amolecendo dentro da boceta melada dela, logo após terem gozado. Isto é, se é
que ela também havia gozado.
“Tempos
atrás, uma outra mulher, com quem ele havia acabado de trepar, lhe disse que a
última coisa que queria ouvir, depois de uma trepada, era o cara ao seu lado
lhe perguntando se havia gozado.
“Desde
então, ele, que antes achava “elegante” perguntar se a parceira também tinha
gozado, nunca mais abriu a boca após uma trepada. Somente ficava lá, de barriga
pra cima, olhando o teto, como estava fazendo agora, depois de ter gozado
dentro da boceta de Mô.
“Apesar
de se conhecerem há anos, era a primeira vez que ele e Mô trepavam. Os dois já
haviam trepado com quase todo mundo ao redor, mas nunca tinha rolado entre
eles. Mô resumiu a situação quando ele começou a enfiar seu pinto nela e ela
disse: “Caramba, até que enfim. Eu pensei que isso nunca fosse acontecer com a
gente”.
“Na
verdade, o ácido que eles haviam tomado contribuiu muito para aquilo tudo. Era
um ácido particularmente fraco, pois naquela época já era difícil arrumar
alguma coisa de qualidade na cidade. No entanto, eles tomaram a pedra num dia
atípico, totalmente atípico…”
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