Friday, May 18, 2018

PARADISO TOP 5 TRAZ HOJE FILMES MEIO BASTARDOS DAS FAMÍLIAS MARVEL E DC

por Chico Marques


Quem vê hoje em dia esses filmes da MARVEL e da DC movimentando bilheterias assustadoras ano após ano, seguindo uma fórmula de sucesso aparentemente imbatível, não imagina que, para chegar neste ponto, muitas experiências foram realizadas com esses personagens.

Pois não muito tempo atrás, tanto a MARVEL quanto a DC encararam ousadias estéticas e temáticas que hoje em dia seriam impensáveis, com resultados que raramente eram bem aceitos pelo público dos quadrinhos, sempre interessado em muita ação e pouca reflexão.

Selecionamos aqui 5 filmes produzidos nos últimos 21 anos que possuem valores artísticos inquestionáveis, mas que acabaram marginalizados pelo público por não terem emplacado nas bilheterias.

Vamos a eles

HULK
(HULK, 2003)

A história começa com o cientista militar David Banner (Nick Nolte) testando em si próprio um soro experimental nos anos 60. Sem resultados aparentes, acaba transmitindo seu sangue contaminado para seu filho, Bruce (Eric Bana). Depois de uma tragédia familiar, o jovem é adotado e, desconhecendo seu passado, segue os passos do pai biológico e torna-se um cientista. Passam-se os anos e Bruce, ao lado da ex-namorada Betty Ross (Jennifer Connelly), está perto de conseguir um grande avanço para a ciência médica quando descobre super-anticorpos que conseguem regenerar tecidos em velocidades altíssimas ao serem expostos à radiação gama. Mas depois de um acidente no laboratório, Banner acaba bombardeado com os tais raios, que ativam sua herança genética, e o resultado é o Hulk, que será caçado pelos militares, corporações gananciosas e pelo seu próprio pai. Ang Lee, que dirige o filme, optou por uma abordagem diferente e aprofundou-se nas feridas psicológicas que dividiram a personalidade do Dr. Bruce Banner. Assim, o drama dá o tom em longas sequências, nas quais são exploradas as profundas relações entre as personagens, e a ação cede espaço aos diálogos. Talvez tenha sido que provocou a indiferença do público, que queria mais ação e menos questionamentos. Enfim, é um filme de super-heróis único, que infelizmente acabou subestimado pelo público habitual da MARVEL, e que merece ser revisto.
DEMOLIDOR, O HOMEM SEM MEDO
(DAREDEVIL, 2003)

Criado em 1964 por Stan Lee (texto) e Bill Everett (arte), foi o primeiro filme do herói. Nele, o jovem Matt Murdock é um garoto franzino que, depois de um acidente com lixo radioativo, perde a visão, mas tem todos os seus outros sentidos ampliados, além de ganhar uma espécie de radar que lhe permite enxergar através das ondas sonoras. Com tais habilidades, o garoto adquire maior auto-confiança e passa também a treinar seu corpo para se tornar um combatente do crime. Já adulto e advogado formado, assume a identidade do justiceiro Demolidor (Ben Affleck). A decisão, motivada por um trágico evento em seu passado, também influi na carreira profissional de Matt, que acaba se formando em direito e tem como sócio em seu escritório de advocacia o divertido Foggy Nelson (Jon Favreau). Matt conhece Elektra Natchios (Jennifer Garner), filha de um magnata grego e treinada em todas as artes marciais, os dois se apaixonam e, pela primeira vez num filme da MARVEL, Mas então, o pai de Elektra é morto por um assassino profissional histérico e sanguinário (Colin Farrell). O filme é muito bom, conta com um roteiro primoroso e com performances certeiras de todos os envolvidos. Mesmo assim foi muito mal recebido pela crítica -- que tem bode de Ben Affleck -- e virou um fiasco de público até hoje mal explicado -- teria sido rejeição dos fãs da Marvel à cena de sexo entre os dois heróis? Seja lá qual que for a resposta, está guardada a sete chaves entre os executivos da Marvel. Para nunca mais se repetir. Filme subestimado. Merece ser reavaliado.
ELEKTRA
(ELEKTRA, 2005)

A trama de ELEKTRA se passa após os eventos do filme acima. Depois de ser morta, Elektra (Jennifer Garner) é ressuscitada por Stick (Terence Stamp), personagem importante de uma ordem de assassinos, bem conhecido dos fãs dos quadrinhos. Ele tenta retomar o treinamento de Elektra nas artes marciais, mas, notando muito ódio no coração da moça, concluí que ela não está pronta e pede que ela vá resolver isso. Elektra, revoltada contra tudo e todos, torna-se uma matadora de aluguel, sui-generis, capaz de cometer atos de extrema violência extrema e momentos de ternura genuínos. Enquanto aguarda instruções para um novo assassinato, ela conhece Abby (Kirsten Prout) e seu pai, Mark (Goran Visnjic), que moram sozinhos após a morte da mãe da garota. E então ela fica sabendo que seu novo alvo é justamente Abby. Elektra, claro, não só se recusa a matar Abby como se dispõe a protegê-la -- e com isso mergulha num mundo de dúvidas e de descobertas pessoais surpreendentes. ELEKTRA talvez seja a primeira (e por enquanto única) tentativa da MARVEL em criar uma heroína para o público feminino que despertasse algum tesão na molecada também. Acabou solenemente -- e injustamente -- ignorado por esses dois segmentos de público provando duas teses: mulher não gosta de filme de super-heróis e fãs de super-heróis lidam muito mal com assuntos ligados a sexualidade. Tanto que bastou a MARVEL trazer cenas de ação intermitente para suas produções e evitar questionamentos para nunca mais amargar fracassos de bilheteria como esse. Mas o filme é bom. Merece ser revisto e reavaliado.
SUPER-HOMEM, O REGRESSO
(SUPERMAN RETURNS, 2006)

Quando começou a elaborar este filme, Bryan Singer descartou todas as idéias estapafúrdias de revitalização e modernização do personagem que circulavam pela Warner Bros. há mais de uma década. Fez o que achou que seria certo: respeitou o passado e a consciência universal que todo mundo tem sobre o icônico personagem. Então criou uma espécie de Superman III, ignorando os dois últimos (e péssimos) filmes do Super-Homem com Christopher Reeve. A trama acompanha o retorno do Super-Homem (Brandon Routh) à Terra depois de uma ausência de vários anos. Seu antigo inimigo Lex Luthor (Kevin Specey) está prestes a se tornar o homem mais poderoso do planeta, e a mulher que ele ama, Lois Lane, casou e tem um filho. Mas ao focar em temas mais adultos, como a complexa história de amor entre Lois e o Super-Homem, o filme se afastou perigosamente do público mais jovem. O drama e a beleza plástica de Superman - O retorno são muito mais fortes que os elementos super-heróicos tradicionais. Mas será que alguém consegue ficar indiferente à cena em que Clark Kent observa triste com sua visão de raios-x enquanto Lois Lane sobe no elevador do Planeta Diário? Ou ao momento de superação, em que o herói voa ignorando o efeito da kryptonita? Ou à belíssima seqüência em que ele repete as palavras do pai (Marlon Brando, em recriação por efeitos especiais e em material de arquivo)? Apesar de não ter emplacado nas bilheterias, Superman - O retorno ficou com má fama, e acabou reduzido por alguns críticos a uma aventura messiânica. Mas é, na verdade, uma experiência fantástica e um trabalho de amor e dedicação ao personagem. Merece uma revisão urgentemente -- se possível, na sequência de Superman 1 e Seperman 2, filmes do grande Richard Lester.
BATMAN E ROBIN
(BATMAN AND ROBIN, 1997)

Batman e Robin se passa alguns anos após o filme anterior, BATMAN ETERNAMENTE, também concebido e dirigido por Joel Schumacher. Agora a dupla enfrenta dois novos inimigos: Mr. Freeze (Arnold Schwarzenegger), que ameaça congelar a cidade, e Poison Ivy (Uma Thurman), que pretende criar um conflito entre a dupla de heróis. Batman (George Clooney) e Robin (Chris O'Donnell) ganham o reforço da Batgirl (Alicia Silverstone), e juntos passeiam pela tela envolvidos em situações surreais e neo-psicodélicas muito semelhantes às que pontuavam a lendária série de TV dos Anos 60 estrelada por Adam West e Burt Ward. Schumacher criou uma visao muito peculiar de Gotham City, trazendo uma fotografia carregada nas cores verde e vermelho, e repleta de estatuas gigantes estranhíssimas. Provavelmente, a rejeição do público ao filme se deva às roupas ridículas dos dois heróis e aos risíveis mamilos dos uniformes. Talvez não houvesse no final do Século 20 clima para uma brincadeira camp como essa. Clooney lamentou por vários anos ter sido um dos responsáveis por afundar o personagem. Mas quando o personagem ressurgiu nos filmes de Christopher Nolan através do ator Christian Bale, Clooney voltou a dormir em paz. É um filme meio indigesto, muito estranho, mas também muito divertido, e que merece uma revisão.


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