Tuesday, September 8, 2015

O GRANDE ZIEGFELD: O PRIMEIRO GRANDE MUSICAL DA HISTÓRIA GLORIOSA DA MGM

por M Kenobi 
para ASSIM ERA HOLLYWOOD


Os espetáculos do lendário Florenz Ziegfeld Jr. (1869-1932) sempre foram maiores do que a própria realidade e um filme sobre a sua vida só podia refletir essa dimensão. 

Assim se compreende que “Ziegfeld, o Criador de Estrelas” tenha sido concebido como um grandioso musical de cerca de três horas de duração, misturando drama ficcional e realidade biográfica. 

O filme aborda cerca de 40 anos da vida de Ziegfeld, mostrando o seu início humilde na Feira de Chicago em 1893, o encontro com Sandow, o Homem Forte (Nat Pendleton), sua rivalidade com Jack Billings (Frank Morgan), o casamento com a atriz francesa Anna Held (Luise Rainer), a sua ambição em se tornar o produtor dos maiores e mais extravagantes musicais da sua época, além da sua obsessão em consagrar o estereótipo da garota americana do início do século XX. 

Apesar de todo o seu sucesso, Ziegfeld era constantemente atormentado por problemas financeiros e envolvido em complicadas relações amorosas, sendo mulheres as mais importantes em sua vida Anna Held (1873-1918) e Billie Burke (1885-1970, interpretada no filme por Myrna Loy), a segunda esposa e que permaneceu ao seu lado durante os anos de decadência após a queda da Bolsa de 1929.


Custando dois milhões de dólares, o filme foi a mais cara produção da Metro-Goldwyn-Mayer até então (que adquiriu os direitos da história junto à Universal, que havia desisitido do projeto devido aos seus altos custos), mas para o bem da produtora acabou rendendo o dobro em bilheterias, além de ter sido um sucesso de crítica. 

“Ziegfeld, o Criador de Estrelas” ainda levou o Oscar nas categorias de Filme, Atriz (Luise Rainer) e Direção de Dança para Seymour Felix pelo grandioso número “A Pretty Girl is Like a Melody”, de Irving Berlin, onde o ator Dennis Morgan dubla a voz de Allan Jones, e que envolveu centenas de pessoas, em um cenário gigantesco imitando um bolo de casamento com uma escada em espiral que gira lentamente – cena que, sozinha, consumiu cerca de 200 mil dólares e é o grande momento de todo o filme. 

Outros números musicais formidáveis são “I Wish You’d Come and Play With Me” e “It’s Delightful to Be Married”, ambos cantados por Luise Rainer, “If You Knew Susie”, cantada por Buddy Doyle imitando Eddie Cantor, “She’s a Follies Girl” cantada e dançada por Ray Bolger, “You Never Looked So Beautiful Before”, cantada por Virginia Bruce acompanhada pelo coro, e “Yiddle in the Fiddle”, de Irving Berlin, “Queen of the Jungle” e “My Man”, de Channing Pollack e Maurice Yvaine, todas cantadas por Fannie Brice.


Para dar maior fidelidade ao filme, os produtores contrataram o cenógrafo John Karkrider, o roteirista William Anthony McGuire e o diretor de dança Seymour Felix, que eram antigos assistentes do próprio Ziegfeld. 

Com música de Walter Donaldson e Irving Berlin, um dos pontos fortes do filme além dos números musicais, são as interpretações, sendo o grande destaque para o famoso casal William Powell e Myrna Loy, que aqui têm a sua quarta participação conjunta, de um total de 14 filmes estrelados por eles ao longo das suas carreiras. 

Powell, que estava emprestado pela MGM à Universal, tinha sido escolhido por este estúdio para protagonizar o filme e quando a produção foi vendida à MGM, manteve-se como protagonista. 

Para contracenar ao seu lado a escolha parecia mais do que óbvia, já que Powell e Myrna Loy eram um dos casais de maior sucesso em Hollywood e já tinham protagonizado dois filmes no mesmo ano de 1936 com considerável sucesso de público.

Para interpretar Anna Held, a primeira mulher de Ziegfeld, a MGM escolheu a jovem austríaca Luise Rainer, que levou o Oscar de Atriz. 


Outros destaques dentro desse magistral elenco escolhido a dedo ficam para o grande Ray Bolger (que depois viveria o Espantalho em “O Mágico de Oz”), que brilha em um número musical exclusivo, Frank Morgan (que viveria o próprio Mágico de Oz, anos depois), Virginia Bruce no papel de Audrey Dane uma dançarina temperamental responsável pelo divórcio de Ziegfeld e Anna Held, e Fannie Brice que interpreta a si mesma. 

Embora adaptando livremente a história de vida de Florenz Ziegfeld (a sua viúva, a atriz Billie Burke, funcionou como conselheira técnica, o que lhe valeu um contrato de sete anos com a MGM) “Ziegfeld, o Criador de Estrelas” capta o espírito do empresário, conseguindo harmonizar uma interessante história ficcional com espetaculares números musicais graças ao ótimo roteiro de William Anthony McGuire. 

Apesar das inevitáveis licenças poéticas para obter um melhor efeito sobre o drama, a história sempre escapa das armadilhas de uma narrativa tão longa, principalmente para um musical. 

Mas essencialmente, é um excelente exemplo da fábrica de sonhos e mais concretamente da máquina de produção que era a MGM naquela época.


“Ziegfeld, o Criador de Estrelas” permanece um triunfo técnico para o qual a MGM recrutou os maiores profissionais ao seu dispor na época, incluindo o diretor de som Douglas Shearer – um dos pioneiros do som no cinema norte-americano -, a equipe de figurinistas comandada por Adrian, o montador William S. Gray e o lendário diretor de arte Cedric Gibbons. 

Para o ótimo resultado muito também contribuiu a contratação de vários diretores de fotografia, entre eles George J. Folsey, Karl Freund, Merritt B. Gerstad, Ray June e Oliver Marsh, cada um responsável por um segmento diferente do filme.

Um dos maiores musicais da história do cinema


ZIEGFELD, O CRIADOR DE ESTRELAS
The Great Ziegfeld
(1936, 176 minutos)

Direção
Robert Z. Leonard

Elenco
William Powell
Luise Rainer
Myrna Loy
Frank Morgan
Fannie Brice
Virginia Bruce
Reginald Owen
Ray Bolger
Joseph Cawthorn
Nat Pendleton
Herman Bing
Lynn Bari
Mickey Daniels
William Demarest



Quarta - 9 de Setembro - 19 horas
OFICINA CULTURAL PAGU
Rua Espírito Santo, 17 
quase esquina com Av. Ana Costa
Campo Grande, Santos SP
Telefone: (13) 3219-2036

Ao final da exibição,
 um breve debate com os curadores
 do Cineclube Pagu:
 Carlos Cirne e Marcelo Pestana






No comments:

Post a Comment