Saturday, July 18, 2015

A VERSÃO ORIGINAL DE "CARRIE" ESTÁ EM CARTAZ NO CINEMARK EM VERSÃO DIGITAL

por Chico Marques


Tem histórias que já nascem clássicas. 

"Carrie" é uma delas. 

Adolescente oprimida por seus colegas de classe, ela descobre ser dona de poderes paranormais da pior maneira possível, conjugando (mal) a turbulência da adolescência com a força de seu dom. 

Com isso, a personagem de Carrie praticamente redefiniu o rumo do cinema de horror, de quebra lançado para o estrelato a bela e estranhamente serena Sissy Spacek. 

Foi a primeira adaptação de um romance do então pouco conhecido Stephen King, que vendeu os direitos de seu livro para o cinema por mixos 2.500 dólares em 1975. 

E foi também o primeiro sucesso de bilheteria do diretor Brian de Palma, que vinha de uma série de filmes excepcionais -- "Irmãs Diabólicas", "Obsessão" e "Fantasma do Paraíso" -- aclamados pela crítica, mas pouco vistos pelo grande público.

Quase quarenta anos se passaram desde então, e agora "Carrie" volta ao cartaz em cópias digitais restauradas na Rede Cinemark, para que possamos conferir o que se mantém intacto e o que se perdeu no filme ao longo desses anos todos.
A trama todos conhecem: 

Carrie é filha de uma mãe religiosa fanática que a mantém à parte da sociedade. 

Ela nunca recebeu o menor esclarecimento sobre sexualidade em casa, usa trajes inadequados, é acanhada e assustada, e vive sendo maltratada pelas colegas de classe, já sexualmente ativas.

Carrie menstrua pela primeira vez diante de suas colegas de classe, no chuveiro do vestiário da escola, sem que ela tenha noção do que está acontecendo, e vira motivo de piadas entre elas. 
Aos poucos, descobre que não é como todas as outras garotas, e que possui poderes paranormais, mas tenta ignorar isso em sua luta diária para tornar-se uma "menina normal", aceita socialmente. 

Os grupos de alunos mais populares da escola decidem armar uma cilada para ela no baile do formatura da high school, preparando um balde com tinta vermelha para desabar sobre Carrie durante seu discurso para os colegas de classe, numa alusão à sua primeira menstruação pública. 

Com isso, descobrem da pior maneira possível que, sem saber, haviam cutucadm o leão com vara curta, despertando não só o poder de destruição de Carrie, mas também seu poder de autodestruição, em meio a um banho de sangue nunca antes visto até então na história do cinema.
Brian DePalma deixou de lado as pretensões hitchcockianas demonstradas em seus filmes anteriores e carregou nas cores, apostando abertamente no "camp", para contar a história de Carrie. 

Ressaltou todo o rídiculo que a cerca, tanto na escola quanto na casa de sua mãe maluca, e com isso acertou na mosca, definindo um estilo do qual  ficaria prisioneiro nos filmes que se seguiram, como "A Fúria", "Vestida Para Matar", "Blow Out" e, mais adiante, "Síndrome de Caim". 

Mas criou um estilo. 

E, mais do que isso, deu o pontapé inaugural no Cinema de Terror que dominaria desde então o cinema voltado para o publico juvenil do mundo inteiro.

CURIOSIDADES SOBRE CARRIE

• O nome do colégio é Bates High, uma referência ao psicopata Norman Bates do filme/romance Psicose. Em adição, nota-se que o tema em violino de quatro notas do filme de Hitchcock  é usado repetidamente neste filme.

• No roteiro original, que seguia o romance de King, o clímax da história seria uma chuva de pedregulhos caindo sobre a casa dos White. Na época, o efeito era muito difícil de se conseguir, e por isso a produção optou por queimar a casa.

• Brian De Palma e George Lucas fizeram testes conjuntos com atores para seus respectivos filmes Carrie, a Estranha e Star Wars – Episódio IV: Uma Nova Esperança. Houve um rumor de longa data em que Sissy Spacek foi contratada para fazer a Princesa Leia, e Carrie Fisher para Carrie, mas quando Fisher se recusou a aparecer em cenas de nudez, e Spacek mostrou-se disposta a fazê-las, elas trocaram de papel. Entretanto, Fisher negou a história num artigo da revista Premiere chamado “A Força não estava com Eles,” sobre atores que  fizeram testes sem sucesso para papéis em Star Wars – Episódio IV: Uma Nova Esperança. Em tal artigo, a atriz chegou a dizer: “Não só eu adoro estar nua como eu teria ficado nua naquele tempo… Mas de qualquer forma, isso é totalmente conversa fiada [que Fisher se recusou a fazer Carrie].”

• Amy Irving, que fez Sue Snell, originalmente fez testes para Princesa Leia, e William Katt, que fez Tommy Ross, originalmente fez testes para Luke Skywalker, em Star Wars – Episódio IV: Uma Nova Esperança.

• Sissy Spacek perguntou a Brian De Palma como ele gostaria que ela reagisse na cena em que Carrie menstrua no chuveiro da escola; De Palma respondeu “Como se você fosse atingida por um caminhão”. Quando criança, Spacek fora atropelada por um carro ao ficar no meio da rua, olhando as luzes natalinas que o vizinho havia colocado em sua casa, e usou sua experiência traumática como base para a cena.
• Betty Buckley (Srta. Collins) dublou o menino da bicicleta que ofende Carrie, na fala “Creepy Carrie! Creepy Carrie!”, enquanto a moça está voltando pra casa.
• Jack Fisk, diretor de arte e marido de Sissy Spacek até hoje, é a razão da atriz ter estrelado o filme (fora seu próprio talento), pois ele convenceu Brian De Palma a deixar Spacek fazer o teste para Carrie, sendo que o diretor nem mesmo a cogitava para o papel.

• Na casa de Carrie, há uma estátua que representa uma figura religiosa. Trata-se de São Sebastião. Não é um crucifixo e não representa Jesus Cristo.

• Na hora das gravações, o sangue falso jogado em Sissy Spacek continuava a secar e aderindo à sua pele por causa do calor da iluminação. A única solução foi sujá-la enquanto a substância ainda estava grudenta.

• Quando Carrie faz o carro de Billy capotar, a tomada dentro do automóvel mostra os atores girando. É claro que este efeito não foi conseguido por rodar os atores no carro, mas por editar a tomada na pós-produção.

• A “tomada tonta” durante a cena do baile foi feita colocando William Katt (Tommy) e Sissy Spacek (Carrie) numa plataforma que girava numa direção, enquanto a câmera a circulava na direção oposta.

• Muitas das meninas presentes na cena do vestiário feminino estavam hesitantes em aparecer nuas no filme, mas após Brian De Palma lhes mostrar as cenas de nudez de Sissy Spacek, elas ficaram mais confiantes.

• Sissy Spacek estava disposta a realmente receber uma chuva de sangue verdadeiro, mas a produção preferiu ir com xarope da marca Karo misturado com corante artificial.

•  Brian De Palma queria que Betty Buckley (Srta. Collins) realmente estapeasse Nancy Allen (Chris). Já que Allen não conseguia a reação que De Palma queria, Buckley acabou estapeando Allen mais de trinta vezes.

• Originalmente, Brian De Palma usou o efeito da tela repartida extensivamente durante a cena do baile. Desapontado com os resultados, ele reeditou a maioria das cenas para deixá-las de volta em tela cheia, deixando só algumas as quais achou que o efeito funcionava.

• Melanie Griffith fez testes para o papel de Carrie.

• Para seu teste, Sissy Spacek derramou vaselina no cabelo e não lavou o rosto. Ela também usou um vestido de marinheiro (que a mãe dela havia feito quando Spacek estava na sétima série) com a bainha cortada.

• Bernard Herrmann, que foi indicado ao Oscar pela trilha sonora do filme anterior de De Palma, Trágica Obsessão, se dispôs a gravar a trilha para este filme, mas acabou falecendo em dezembro de 1975, antes que as filmagens pudessem ser finalizadas.

• Nancy Allen diz que nunca imaginou que sua personagem fosse tão má até ver o filme finalizado. Ela achava que ela e John Travolta estavam atuando tão isolados e bancando os idiotas, que estavam lá para servir de alívio cômico da história. Piper Laurie também achou que sua personagem, Margaret White, era tão exagerada que o filme tinha de ser uma comédia.

• Amy Irving admitiu que originalmente odiou o roteiro quando o recebeu. Mas depois de ver o filme acabado, achou-o simplesmente “mágico”. Ela também ficou decepcionada pela maioria de suas cenas longas terem sido cortadas, incluindo uma em que ela está conversando com Tommy, no banco traseiro do automóvel dele.

• O filme recebeu duas indicações ao Oscar: Melhor atriz para Sissy Spacek, e melhor atriz coadjuvante para Piper Laurie.


CARRIE, A ESTRANHA
Carrie
(1976 - 98 minutos)

Direção
Brian de Palma

Roteiro
Stephen King
Lawrence D Cohen

Elenco
Sissy Spacek
Piper Laurie
Amy Irving
Nancy Allen
William Katt
John Travolta
Betty Buckley
P J Soles
Priscilla Pointer
Sydney Lassick
Stefan Gierasch
Michael Talbott
Em cartaz no 
Cinemark Praiamar Shopping
 em apenas 2 sessões:
18 de Julho (sábado) 23.30 horas
22 de Julho (quarta) 20.50 horas





No comments:

Post a Comment