Saturday, November 21, 2015

DESESTIGMATIZANDO AS COXINHAS DE GALINHA, ESSAS INCOMPREENDIDAS

por Chico Marques


É um contrassenso enorme, e também um ato de burrice extrema, quando petistas e esquerdofrênicos em geral saem usando o termo "coxinha" indistintamente como xingamento contra seus desafetos. 

Mas sabem esses pobres diabos que a coxinha de galinha merece um status muito especial na História do Trabalhismo Brasileiro.

A coxinha foi criada em São Paulo no Século 19, durante o processo de Industrialização da cidade.

Começou sendo comercializada nas portas das fábricas como um substituto barato e mais durável para as tradicionais coxas de galinha, que faziam parte do cardápio diário de muitos trabalhadores paulistas.


De São Paulo, a receita das coxinhas seguiu para Portugal, vindo a tornar-se popular por lá também nos Anos 1930. 

No pós-Guerra, as coxinhas invadiram os botequins do Paraná e do Rio de Janeiro. 

Só nos Anos 1970, as coxinhas de galinha ficaram populares pelo país inteiro.

Tratada como um petisco ligeiro demais pelos gourmets, e demonizada pelos defensores de uma alimentação saudável, a sina da coxinha de galinha é um paradoxo, pois na mesma medida em que ela é popular ela é também uma incompreendida.

Sua receita é muito simples. Preparada com massa de batata, é tradicionalmente recheada de carne de frango cozida com salsa e cebolinha picadas, podendo levar requeijão em sua receita. É enrolada na farinha de rosca e frita em óleo bem quente.


Em Santos, coxinhas de galinha são facilmente encontráveis em qualquer botequim ou padaria. 

As melhores e mais saborosas são aquelas preparadas em casas que trabalham com "televisões de cachorro" nos finais de semana.

Essas casas desfiam todos os frangos que não foram vendidos e com essa carne desfiada preparam coxinhas, que, congeladas, abastecem o balcão a semana inteira.


A melhor coxinha de Santos é servida na Florinda (Super Centro Boqueirão) e na Dona Flor (Oswaldo Cruz 363), ambas dos mesmos proprietários. 

Sua massa é leve, preparada com batata e leite, e o recheio é delicado e aromático. 

Custa R$ 5,50 a unidade -- um preço bem superior ao praticado na maioria dos botequins.

Mas vale a pena. É deliciosa.


A provável segunda melhor coxinha de Santos é servida na Casa de Massas Milão (Júlio Conceição esquina com Carvalho de Mendonça). 

A massa é deliciosa, bem molhadinha e levemente adocicada. 

Já o recheio é farto e muito saboroso. 

É um dos carros-chefe da casa. 

Custa R$ 4,00 a unidade.


Uma possível terceira melhor coxinha da cidade é a do Barton's, uma lanchonete muito movimentada na Praça da Independência, situada entre a Livraria Martins Fontes e a Livraria Realejo. 

Como a casa vende muitas coxinhas ao longo do dia, sai uma nova leva de salgadinhos a cada hora da cozinha, e estão todos sempre quentinhos e crocantes no balcão. 

É bem mais espartana que as duas mencionadas anteriormente, mas é honesta e bem praparada. 

Custa R$ 4,00 a unidade.


A paixão desenfreada por coxinhas de galinha levou um comilão abnegado a montar a página TODAS AS COXINHAS DE SANTOS no Facebook, onde comenta e classifica coxinhas pelos botecos e padarias da cidade. 

Até agora constam apenas quatro coxinhas bem classicadas na página, mas o ranking tende a crescer. A página é bem recente. 

Mas por mais duvidosas que possam ser as escolhas promovidas pela página até agora, temos que admitir se tratar de uma tarefa hercúlea, interminável, que pode eventualmente resultar num belo serviço de utilidade pública para devoradores de salgadinhos necessitados de orientações.

Que Deus abençoe os estômagos de todos nós e dê vida longa ao responsável por TODAS AS COXINHAS DE SANTOS.


Chico Marques é meio gourmet,
meio comilão inveterado.
E quem não é?


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