Tuesday, November 3, 2015

GISELE BÜNDCHEN DECIDE VIRAR MITO PARA NÃO VIRAR ABÓBORA, E ACERTA NO TIMING.



O barroco continua presente em quase todas as manifestações da cultura brasileira, da arquitetura à pintura, da comida à moda, passando pelo futebol e pelo corpo feminino. Nada mais barroco que os seios de Gisele Bündchen. O rosto, não, é romântico. O bumbum é clássico, as pernas até meio cubistas. Mas, os seios, esses não. Com eles o barroco Oscar Niemeyer teria feito – ah, se tivesse visto antes! – duas rimas ricas para as curvas do Museu de Arte Contemporânea de Niterói." (Zuenir Ventura)


Pois é... quem diria 25 anos atrás que o Brasil -- sim, o Brasil das mulatas e das bundas grandes e esculturais --, iria um dia projetar aos quatro cantos do Planeta Terra um padrão de beleza que não é moreno, nem bundudo, nem carioca, e que de brasileiro tem apenas o jeitão moleque e sempre bem-humorado? 

É ou não é muita petulância uma modelo loura e branca que não ostenta sobrenomes familiares ao imaginário luso-africano reinante no Brasil -- como Santos, Nascimento ou Gonçalves --, se achar no direito de chegar cantando de rainha do galinheiro nas Agências Internacionais de Modelos?

Pois Gisele Bündchen desafiou todos os babacas nacionalistas de plantão em vários setores da Opinião Pública com seus sobrenomes alemães -- Nonnenmacher por parte de mãe, Bündchen por parte de pai --, e revelou ao Planeta Terra o quão pluralista o Brasil pode ser em termos sociais e até raciais, se assim o quiser.


Gisele Bündchen é uma brasileira de Horizontina, Rio Grande do Sul. 

Pousou nos Pampas há exatos 35 anos. 

É casada e tem um casal de filhos com o astro do futebol americano Tom Brady -- aquele que o ursinho sacana Ted masturba enquanto dorme, para tenta roubar um pouco do esperma campeão dele, numa cena hilariante do recente "Ted 2". 

É debochada, carismática e muito bem orientada em termos mercadológicos. 

Sempre faz questão de afirmar que -- boa gaúcha que é -- nunca deixou de comer hamburgers e carne vermelha para controlar o peso, e sempre que volta ao Brasil para trabalhar e visitar a família no Sul participa de uma longa maratona de churrascos comemorativos, e adora.


Certa vez, numa entrevista para Dave Letterman na CBS-TV, Gisele comentou que gostava de cozinhar.

Dave, bem sacana, perguntou a ela "Do You Eat What You Cook?", num trocadilho que faz alusão a sexo oral.

Gisele não passou recibo e, com um sorriso, respondeu que sim.

Todos riram muito. 


Ao longo desses 20 anos, Gisele vem usando seu carisma para desenvolver um estilo elegantemente debochado de desfilar nas passarelas -- que, diga-se de passagem, irrita profundamente as outras modelos. 

É que Gisele cultiva o hábito de jogar a barriga -- que ela não tem -- para a frente, e a bunda -- que ela tem, ainda que pouco volumosa -- para trás, num caminhar desencanado, sensual e cheio de atitude.

Que, diga-se de passagem, virou sua marca registrada nas passarelas. 

Ai de quem tentar copiá-la.


Pois bem: no início deste ano, numa São Paulo Fashion Week, Gisele anunciou estar-se aposentando das passarelas, para se dedicar exclusivamente a campanhas publicitárias, a editoriais de moda e a suas empresas -- além, é claro, de sua vida familiar, que passou a exigir mais dela desde que virou mãe.

Vendeu para a Imprensa a idéia de que estava saindo de cena das passarelas no auge de sua carreira, o que não é exatamente verdadeiro. 

Por melhor que tenha sido o faturamento de Gisele em 2014 nas várias atividades que exerce, menos de dez por cento de sua receita veio de contratos para desfiles. 

Daí, ela decidiu agir estrategicamente e antecipar algo que estava programado para daqui a dois ou três anos: abandonar as passarelas antes que as passarelas a abandonassem.


Desde então, Gisele optou por ser cada vez menos uma modelo de carne e osso. 

Está se transformando numa espécie de celebridade internacional -- mãe de família, esposa dedicada, símbolo de beleza madura, etc -- enquanto intensifica seu trabalhos como modelo fotografica sempre visando alavancar as atividades de suas empresas, que licenciam a marca Gisele Bündchen para diversos produtos de beleza, lingerie, moda, etc. 

Ou seja: está apostando todas as suas fichas no já mitológico animal fotográfico Gisele Bündchen, e colocando um ponto final no reinado nas passarelas da modelo de desfiles de moda, cuja presença garantiu o sucesso de tantos eventos duvidosos de estilistas idem.
O primeiro reflexo claro dessa aposta no futuro de Gisele Bündchen está chegando agora às livrarias.

Trata-se de um belíssimo livro de fotos, publicado pela prestigiada Editora Taschen.

Que promove em 300 exuberantes páginas um panorama visual glorioso nos 20 anos de carreira da nossa adorável gauchinha.


"Gisele", o livro, apresenta, além de textos dela falando de si própria, vários relatos de pessoas que tentam explicar, sob óticas diversas, o sucesso mundial e a empatia que ela conseguiu despertar tanto nas mulheres quanto nos homens do mundo inteiro. 

Acreditem: não é nada fácil explicar o fenômeno Gisele Bündchen

O gosto do brasileiro comum pela miscigenação dos brasileiros complica ainda mais as coisas. 

Como investigar e explicar nossa pluralidade racial se a maioria dos machos pensadores brasileiros não só discordam dela como ainda se agarram feito carrapatos a formulações teóricas quase centenárias de Gilberto Freyre e Sérgio Buarque de Hollanda que já não valem mais de muita coisa hoje em dia?


Enfim, cada exemplar da primeira edição de "Gisele" (1000 exemplares) custará nada menos que 700 dólares, e virá autografado pela própria Gisele Bündchen. 

As edições que virão a seguir --  tanto a hardcover quanto a softcover -- já terão seu preço de capa amortizado, inferior a 100 dólares, como costuma acontecer nas edições da Taschen. 

Entre os fotógrafos que cederam ensaios fotográficos clássicos para o livro, estão craques como Irving Penn, David LaChapelle, Juergen Teller, Corrine Day e as duplas Inez & Vinoodh e Mert Alas & Marcus Piggott. 


Acreditem: para marmanjos como eu, isso é o que importa. 

Todo o mais é apenas marketing pessoal, planejamento estratégico de carreira e administração do fascínio que Gisele desperta, principalmente entre as mulheres, através da Imprensa e das Redes Sociais. 

Ou seja: "business as usual". 

E, cá entre nós, o tipo de "business" que eu gosto não é, definitivamente, "usual".



Falando francamente, eu não estou nem aí se Gisele tem uma boa relação com sua família, ou não. 

Se é uma mãe atenciosa e envolvida no dia a dia de seus dois filhos, ou não. 

Se vive um casamento de fachada com Tom Brady, ou não. 

Se só transou com cinco homens em toda a sua vida, ou não.

Se só põe os pés para fora de casa por 500 mil reais, ou não. 

Se pensa em retomar sua carreira cinematográfica que nunca decolou depois de "Taxi" e "O Diabo Veste Prada", ou não. 

Francamente, nada disso me desperta o menor interesse.


Se bem que, em decorrência da suposta traição de Tom Brady com uma Maria Chuteira qualquer, algumas notícias fake muito engraçadas andaram vindo à tona

Assim, encerro meu texto louvação a Gisele Bündchen reproduzindo um texto deliciosamente chulo do website O BAIRRISTA, que serve como um contraponto e tanto a todo o iluminismo de Zuenir Ventura lá no alto, na abertura desta coluna de hoje. 

Leiam, e divirtam-se:


Gisele Bündchen termina casamento

 e volta para o RS 

à procura de um novo amor

Imagine a cena: três da manhã, tu estás navegando no Tinder e, de repente, encontra Gisele Bündchen no Tinder. Pois ao que tudo indica, após o rompimento com Tom Brady, a top model está fazendo as malinhas para voltar para o Rio Grande do Sul em busca de um novo amor.
Em Horizontina, cidade natal da modelo, o clima é de êxtase. A gauchada tomou banho, lavou o Corcel e deu um trato nas costeletas. Para João das Bombachas, sábado de baile é domingo de missa. O gaudério quer fazer um matchê no Tinder com Gisele.
– No baile do próximo sábado nem vou beber muito. Só umas três ou noive. Estamos nos preparando para cantar uma música do saudoso Rui Biriva no galpão. Imagina que lindo, ela de prenda, e nós gritando: “E a gauchada gritava no CTG, Gisele Bündchen, cadê você” – se emociona o vendedor de bombachas.
A mulherada encalhada da região faz bico. Não aceita a volta da modelo para a região.
– Não é justo com a gente. Se ela perdeu o marido para a babá, que não venha roubar o nosso. Ela que vá para Três de Maio, Guarani das Missões ou Santo Ângelo – afirma Joana Deer, filha de um imponente empresário da região.
Até o momento, Gisele ainda não confirmou a data da volta. Um assessor da guria foi visto na rodoviária comprando passagem da Ouro e Prata. O número do box ninguém sabe, mas a partida de Porto Alegre deve ser por volta da meia-noite.


Odorico Azeitona nunca foi ao 
São Paulo Fashion Week 
e não costuma ter paciência 
com modelos metidas a gostosas, 
mas de Gisele Bündchen 
ele tolera qualquer coisa. 
Odorico escreve toda semana
 em LEVA UM CASAQUINHO






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