por Chico Marques
Ian Anderson, o lendário frontman do Jethro Tull, é uma figura bastante curiosa.
Em praticamente todas as tournées da banda pelo mundo realizadas dos Anos 90 para cá, ele viajou, alguns meses antes dos shows, por todos os lugares onde a tournée iria seguir e atendeu a imprensa com bastante antecedência e de forma extremamente solícita -- mas não sem antes comunicar a todos que não atenderia absolutamente ninguém da imprensa durante a sequência dos shows.
Mas dessa vez ele fez um pouco diferente.
Atendeu à Imprensa escrita concedendo entrevistas longas pelo telefone alguns dias antes de embarcar da Inglaterra para cá.
Já a webpress e as emissoras de TV, ele atendeu rapidamente, em horários combinados, assim que chegou a cada lugar onde a banda iria se apresentar.
Sempre, é claro, com a simpatia que lhe é peculiar.
Pois bem: o Ian Anderson se apresenta à frente do Jethro Tull hoje (07/10/2015) à noite no Teatro Bradesco, em São Paulo, parece estar mais à vontade com seu trabalho de estrada desde que sua carreira solo e seu trabalho à frente da banda se fundiram numa coisa só.
Seu último disco, "Homo Erraticus", um grande triunfo artístico, parece ter sido o responsável por essa façanha. É um trabalho excepcional, conceitual da primeira à última faixa, e, ao mesmo tempo, o primeiro dos trabalhos solo de Anderson com a contundência e a intensidade dos melhores discos do Jethro Tull.
Do ano passado para cá, concebeu o espetáculo Jethro Tull - The Rock Opera", onde conta a história do agricultor inglês do Século XIX Jethro Tull, personagem real cujo nome a banda adotou, por insistência de seu empresário, por volta de 1968.
Diz Anderson: "Eu deveria ser preso por usar indevidamente durante tantos anos o nome de uma figura tão célebre da história da Inglaterra para bartizar uma banda de rock. E confesso que no início não fazia a menor idéia de quem era Jethro Tull, apenas achava o nome sonoro e pouco comum. Mas com o passar dos anos, minha curiosidade sobre a história de Jethro Tull foi crescendo, e qual não foi minha surpresa ao perceber -- por volta de 1974, 1975 -- que algumas canções da banda que falam de preservação ambiental, mudanças climáticas, política e guerra tinham indiretamente a ver com a vida pública de Jethro Tull 250 anos atrás. Desde então, venho pensando em montar uma peça que fosse ao mesmo tempo uma homenagem ao lendário agricultor Jethro Tull. Só agora fui buscar no repertório da banda canções que pudessem estabelecer uma linha narrativa para o personagem da juventude à morte. Para alinhavar melhor e preencher eventuais lacunas na história, não só fiz algumas alterações nas letras das canções mais conhecidas como ainda compus cinco novas canções especialmente para o espetáculo. Podia ter feito algo do tipo "Downton Abbey com uma flauta", mas evitei. Produrei mostrar Jethro Tull pela ótica de um jovem de hoje, que está em dúvida entre ser músico ou fazendeiro, que pensa na tecnologia para a agricultura do futuro, no uso da bioquímica na fertilização do solo e na proteção de colheitas para melhorar produção de mais alimentos para o mundo. Confesso que o resultado me deixou bastante satisfeito. Gosto de projetos conceituais, mas, na medida em que esse é um projeto adaptado, tinha algum receio de que não ficasse no mesmo nivel dos que realizei anteriormente."
Perguntado sobre boatos lançados na web por Martin Barre -- guitarrista e parceiro em composições no Jethro Tull entre 1969 e 2011 -- de que integrantes de outras formações da banda estariam cogitando uma reunião, Ian Anderson foi taxativo: "Podem fazer, não tenho a menor objeção, mas não contem comigo no palco, pois, na minha concepção, o Jethro Tull ainda existe, ainda está ativo e está aqui comigo. Eles é que, em algum momento da história da banda, optaram por não fazer mais parte dela, ou então foram simplesmente dispensados."
Nessa tournée pelo Brasil, Ian Anderson traz uma formação do Jethro Tull que os brasileiros ainda não conhecem: Florian Opahle (guitarra), David Goodier (baixo), John O’Hara (teclados) e Scott Hammond (bateria). Para compensar algumas limitações na voz que Anderson enfrenta há vários anos, convocou Ryan O'Donnell para segurar a onda no segundo vocal.
SET-LIST
Ato 1
Heavy Horses
Wind-Up
Aqualung
With You There to Help Me
Back to the Family
Farm on the Freeway
Prosperous Pasture (inédita)
Fruits of Frankenfield (inédita)
Songs from the Wood
Ato 2
And the World Feeds Me (inédita)
Living in the Past
Jack-in-the-Green
The Witch’s Promise
Weathercock
Stick, Twist, Bust (inédita)
Cheap Day Return
A New Day Yesterday
The Turnstile Gate (inédita)
Locomotive Breath
Bis
Requiem and Fugue
Ian Anderson & Jethro Tull
Jethro Tull - The Rock Opera
Quarta, 7 de Outubro
21 horas
Teatro Bradesco
Rua Turiassú 2100
Terceiro piso do Bourbon Shopping São Paulo
Ingressos esgotados
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