KEVIN KLINE FAZ ANIVERSÁRIO E NÓS AQUI COMEMORAMOS COM 5 GRANDES FILMES SEUS

por Chico Marques

Kevin Kline é  um dos atores mais versáteis que Hollywood já conheceu. Do drama à comédia, do western ao musical, ele nunca fez feio em nenhuma das produções em que esteve envolvido nos últimos 35 anos, muito pelo contrário. Capaz de caracterizações absolutamente inusitadas -- como o vigarista francês Luc Teyssier Nathan em "French Kiss", o assassino profissional burrão Otto em "Um Peixe Chamado Wanda" e o pizzaiolo putanheiro Joey Boca em "Te Amo Até Te Matar" --, Kline virou rapidamente um dos atores mais emblemáticos dos Anos 80.   

Quando seguiu para Hollywood em 1981 para interpretar o descompensadíssimo Nathan na versão cinematográfica do romance "A Escolha de Sophia", ganhando uma indicação ao Golden Globe de Melhor Ator Dramático, Kline já tinha uma bagagem admirável no teatro em Nova York. Formado na prestigiosa Academia de Interpretação de Juilliard em 1971, ele participou de turnês por todo o país interpretando obras de Shakespeare e ganhou dois prêmios Tony por sua atuação em dois musicais, além de vários outros prêmios.

Como é um dos pouquíssimos atores americanos realmente poliglotas -- fala fluentemente francês e italiano --, Kline driblou com galhardia o envelhecimento em Hollywood. Depois de fazer Cole Porter em "De-Lovely", viu as ofertas de trabalho como protagonista começarem a escassear. Daí, seguiu para a França e -- a convite de sua amiga Sandrine Bonnaire, casada com seu velho parceiro William Hurt -- protagonizou vários filmes por lá. É casado desde 1989 com a bela atriz Phoebe Cates, com quem tem dois filhos.

Kevin Kline completa neste sábado, dia 24 de Outubro, nada menos que 68 anos de idade, e nós comemoramos escolhendo os 5 filmes mais curiosos de sua carreira. Em comum entre eles, apenas o fato de estarem todos disponíveis para locação nas estantes da Vídeo Paradiso

O REENCONTRO

(The Big Chill, 1983, 100 minutos, direção e roteiro: Lawrence Kasdan)

Sete amigos muito próximos, que estudaram juntos na Michigan University no início dos Anos 70, se reunem após dez anos da formatura por conta do suicídio de um amigo em comum durante uma crise de depressão, e ficam todos hospedados na casa de Harold (Kevin Kline) e Sarah (Glenn Close). Todos abriram mão de seus ideais libertários para, de alguma maneira, se integrarem ao "Sistema". Nick (William Hurt) forma-se psicólogo, mas não conseguiu exercer a profissão da maneira tradicional e virou um psicólogo-radialista que fatura alto como traficante de drogas. Sam (Tom Berenger) queria ser um ator sério, mas acabou virando sucesso nacional numa série de TV do tipo 'Magnum PI". Michael (Jeff Goldblum) queria ser um repórter investigativo de prestígio, mas acabou escrevendo para a revista People. Karen (JoBeth Williams) era a musa do grupo na época, mas virou uma dona de casa e mãe de família sem luz própria. E Meg (Mary Kay Place), que estudou advocacia para defender as minorias, mas acabou contratada por uma grande corporação, aproveita a deixa para propor à amiga Sarah que empreste seu marido Harold para ser pai do filho dela -- à moda clássica, claro, pois não existiam na época os métodos de concepção in vitro tão comuns hoje. Kline está sensacional como Harold. Aliás, todo o time de atores está fantástico neste filme. Um clássico dos Anos 80.

TE AMO ATÉ TE MATAR

(I Love You To Death, 1990, 87 minutos, direção: Lawrence Kasdan)

Joey Boca (Kevin Kline) é proprietário de uma pizzaria e passa a vida enganando sua mulher, Rosalie (Tracey Ullman). Um dia ela descobre que é traida e resolve matá-lo. Para isso pede a ajuda da mãe (Joan Plowright) e do empregado de Joey, Devo (River Phoenix). Contratam dois bandidos incompetentes e drogados, Harlan James (William Hurt) e Marlon James (Keanu Reeves) mas Joey Boca parece decidido a não morrer, transformando a vida de todos num inferno. Comédia de humor negro hilariante, com Kline fazendo um italiano engraçadíssimo. Quem não conhece essa terceira parceria de Kline com o diretor Kasdan, precisa conhecer. Urgentemente.

SURPRESAS DO CORAÇÃO

(French Kiss, 1995, 111 minutos, direção: Lawrence Kasdan)

Charlie (Timothy Hutton) é noivo de Kate (Meg Ryan), que liga a ela de Paris para lhe dizer que está apaixonado por outra mulher, uma francesa de nome Juliette (Susan Anbeh). Kate, que tem pânico de voar, não pensa duas vezes e vai atrás dele. Durante o voo ela conhece Luc (Kevin Kline), um ladrão francês que está foragido da polícia por ter roubado uma jóia, mas que na verdade precisa fazer caixa para reativar as vinícolas que herdou de sua família. Tem que driblar o Inspetor Cardon (Jean Reno), que não larga do seu pé. Kate e Luc vão juntos pela França e o inevitável acontece: os dois se apaixonam. Uma comédia deliciosa essa quinta colaboração Kevin Kline-Lawrence Kasdan. Locações maravilhosas e performances inesquecíveis.

A ÚLTIMA NOITE

(A Prairie Home Companion, 2005, 106 minutos, direção: Robert Altman)

Um tradicional programa de rádio que está no ar há mais de 30 anos, corre o risco de cancelamento quando os novos proprietários querem demolir o teatro e construir um estacionamento no local. Os artistas e o apresentador se preparam então para aquele que seria o último programa. Durante a transmissão, são visitados pelo anjo Asfodel (Virginia Madsen), que vem para confortar os artistas e acompanhar aqueles que morrerão naquela noite, e o "interventor" (Tommy Lee Jones) que representa os novos proprietários. Altman reúne um elenco sensacional -- Meryl Streep, Lily Tomlin, Woody Harrelson, John C Reilly, Lindsay Lohan, Maya Rudolph -- em torno de uma trama incerta escrita pelo radialista Garrison Keillor, que faz até hoje o programa de ráfdio "A Prairie Home Companion". Kline está sensacional como Guy Noir, um detetive particular falido que passeia pelo teatro tentando entender o que está acontecendo alí. Um Canto do Cisne digno da carreira gloriosa de Robert Altman.

OS ACOMPANHANTES

(The Extra Man, 108 minutos, direção e roteiro: Shari Springer Bergman e Robert Pulcini)

Louis (Paul Dano) é um jovem professor que se comporta como se vivesse na Era do Jazz de F. Scott Fitzgerald, e deixa a Universidade para seguir para Nova York tornar-se um escritor. Lá ele conhece Henry (Kevin Kline), um excêntrico conquistador que trabalha como 'acompanhante profissional" para mulheres solitárias, e daí começa uma divertidíssima amizade, seguida de uma parceria, entre os dois adoráveis proto-gigolôs. Comédia absolutamente original baseada no romance do grande Jonathan Ames. Com participações muito divertidas de Katie Holmes, John C Reilly, Patti D' Arbanville e Dan Hedaya. Um filme pouco conhecido que nem chegou a ser exibido nos cinemas brasileiros, mas merece ser descoberto.