por Chico Marques
Owen Wilson está estabelecido há mais de 15 anos como um ótimo comediante e uma presença simpática nas telas, em comédias românticas que fazem sucesso com o grande público e em filmes alternativos que trazem prestígio para sua carreira. Só que, aos 46 anos de idade, Owen corre o risco de não ser mais chamado para papéis desse tipo de uma hora para outra. E provavelmente foi alertado para isso por seu agente, que deve ter recomendado a ele começar a aceitar alguns papéis dramáticos.
Esse é o motivo da presença de Owen Wilson nesse "Horas de Desespero". Não se enganem, não se trata de uma refilmagem de "Desperate Hours", de William Wyler, com Humphrey Bogart. É um filme de suspense sobre uma família americana fora de seu habitat natural e metida em sérias encrencas. Jack Dwyer (Owen Wilson), sua esposa Annie (Lake Bell) e suas filhas Lucy (Sterling Jerins) e Beeze (Claire Geare), se mudam para um país da Ásia devido ao novo emprego de Jack. Enquanto a família se estabelece no hotel em que estão hospedados, acontece um golpe liderado por terroristas, motivado por um acordo do governo para que uma empresa americana controle o sistema de água no país.
O filme já começa com estes rebeldes entrando em choque frontal com a polícia e Jack fugindo da linha de fogo e voltando correndo para o hotel. Ao chegar lá, fica claro para o espectador qual será a motivação de Jack e sua família ao longo do filme: os rebeldes pretendem matar todos os americanos que estiverem no país, em represália ao acordo sobre o controle da água.
Começa então uma caçada humana numa terra estranha, com perigos aguardando a cada esquina. A maneira que o roteiro do filme desenvolve essa caçada, trabalhando intensamente cada detalhe do isolamento assustador da família americana, é digna de nota. Filmes assim são quase sempre um emaranhado de clichês. Mas "Horas de Desespero" consegue escapar bravamente desta sina que costuma se abater sobre os filmes do gênero. E a presença carismática de Pierce Brosnan como o ex-agente britânico Hammond ajuda bastante a dar credibilidade para a trama.
"Horas de Desespero" é um drama de suspense com um diferencial curioso: é dirigido por um especialista em filmes de terror. John Erick Dowdle, que dirigiu antes "Assim na Terra Como no Inferno" e "Quarentena", trabalha um clima contínuo de pavor e submete a família americana na Ásia a uma verdadeira montanha russa de emoções fortes.
As cenas de ação são muitas, muito bem conduzidas e até grandiosas, com direito a salto entre prédios e explosão de helicóptero. Há também inúmeras reviravoltas, além da velha dificuldade americana em conseguir entender o que acontece "fora da caixa" onde vivem. Mas "Horas de Desespero" não cai na armadilha de julgar politicamente o que acontece. Apenas deixa que seus personagens sofram, sofram, sofram e lutem bravamente por suas vidas em quase duas horas de pura tensão.
No final das contas, temos aqui algo bastante incomum: um drama de suspense adequado a todas as faixas etárias, e não apenas aos fãs dos filmes de Liam Neeson e Bruce Willis. Que, consequentemente, deve agradar a todos os fãs de gênero.
PS: Owen Wilson saiu-se muito bem nessa sua primeira empreitada no gênero. Sendo assim, preparem-se para outras investidas dele nesse gênero em breve.
HORAS DE DESESPERO
(No Escape, 2015, 103 minutos)
Diretor
John Erick Dowdle
Roteiro
John Erick Dowdle
Drew Dowdle
Elenco
Owen Wilson
Pierce Brosnan
Lake Bell
Sterling Jerins
Claire Geare
em cartaz nas Redes Roxy e Cinemark
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