Friday, October 9, 2015

PETER PAN VOA ALTO NA TELA DOS CINEMAS PELAS MÃOS DO DIRETOR INGLÊS JOE WRIGHT

por Roberto Bueno Mendes
 para Observatório do Cinema


Peter Pan, o personagem criado pelo dramaturgo escocês J. M. Barrie, não queria crescer. E o mais recente filme baseado neste icônico personagem da dramaturgia infanto-juvenil e mundial também não cresceu tanto quanto poderia e mereceria crescer. Infelizmente, uma ótima premissa foi desperdiçada por uma produção mal cuidada.

Peter (Levi Miller, em sua estreia nas telonas como protagonista) é abandonado em um orfanato por sua mãe, Mary (Amanda Seyfried, de Cartas Para Julieta). Anos depois, em plena 2º Guerra Mundial, ele aguenta as condições ruins e os maus tratos das freiras do local a espera do retorno de sua mãe. Mas algo acontece com os meninos deste orfanato. Uma noite, Peter acaba descobrindo o que é. Os garotos são levados para a Terra do Nunca em um navio pirata voador capitaneado por Bishop (Nonso Anozie, de Cinderela). Lá, eles têm que trabalhar nas minas do Barba Negra (Hugh Jackman, de Os Miseráveis). Trabalhando nas minas, ele conhece e é ajudado por outro minerador chamado Hook (Garrett Hedhund, de Na Estrada). O que é retirado das minas pelas crianças é fiscalizado por Sam Smiegel (Adeel Akhtar, de O Ditador). Após uma confusão nas minas, Peter acaba sendo levado ao Barba Negra que o pune e acaba revelando um lado deste que ele mesmo desconhecia.


Vou parar por aqui para não revelar mais sobre a história escrita por Jason Fuchs. Este norte-americano, de Nova York. é ator e esta, ultimamente, se aventurando nas letras. Ele concebeu uma ótima explicação para a origem de Peter Pan. Ótima artística e comercialmente falando, porque é uma história que fluiria perfeitamente se não tivesse sido estragada pela direção de Joe Wright.

O diretor inglês, de filmes como Orgulho e Preconceito e Anna Karenina, que também são baseados em livros, tem experiência neste tipo de produção, portanto. Mas, parece que ele sucumbiu a grande pressão que esta em particular gerou no público e na indústria cinematográfica. E acabou deixando passar imperfeições imperdoáveis para uma produção dessa magnitude.


Em algumas cenas, apesar da maioria ser muito bem filmada, os efeitos visuais foram mal realizados. Há cenas em que os rostos dos atores estão completamente chapados, ou seja, não existem sombras, quando claramente deveria ter. O que é de se estranhar, quando existem cenas em que os efeitos especiais estão magníficos. O coordenador de efeitos visuais foi Joe Carl Abou-Sakher, sendo este o seu primeiro trabalho. Percebe-se, claramente, a sua falta de experiência na tela.


Mas não foi só neste aspecto que Peter Pan teve problemas. A montagem realizada por William Hoy e Paul Tothill também tem. Muitas e muitas transições de cenas são completamente duras, secas, inclusive sendo feitas no meio de falas e da trilha sonora. Mas o que surpreende é que eles trabalharam, respectivamente, em filmes como 300 e Orgulho e Preconceito. Portanto, eles têm experiência de sobra para fazer uma boa edição de filme. Mas, juntos, não fizeram.


Como dito anteriormente, muitos efeitos especiais estão incrivelmente bons. O que é de se estranhar, mas não se deveria se todo o filme estivesse impecavelmente bem feito. O que consegue amenizar a má impressão, também, é a trilha sonora composta por John Powell, o mesmo de muitas animações, como as franquias Era do Gelo e Rio. Os problemas dos aspectos técnicos chamam tanta atenção de quem assiste ao longa que é até difícil avaliar as interpretações dos atores.

Levi Miller faz uma criança realmente. Ele não está um adulto em miniatura em cena. Hugh Jackman, porém – até refletindo os problemas de direção de John Wright – não parece ter se encaixado direito no papel de Barba Negra. Garrett Hedhund já está melhor em seu papel. Pode ser porque este exigia mais ação e ele conseguia atender o que era pedido. Outros atores, como a atriz Rooney Mara (Millennium: Os Homens Que Não Amavam As Mulheres), que faz o personagem Princesa Tigrinha, estão maravilhosos e entenderam bem os papéis. Rooney, apesar não se parecer em nada com o personagem original, o faz com dignidade e altruísmo como é pedido por ele.

Por ser uma história interessante e ter bons efeitos especiais, pode ser que as crianças gostem bastante do filme e nem percebam os problemas apontados nesta crítica. Mas, ao se criar uma origem para Peter Pan, o que não se poderia errar era justamente na magia. Uma pena.


   A premissa de Peter Pan é simples: nos mostrar como os personagens de J. M. Barrie se tornaram quem eles são. Desde a chegada de Peter (Levi Miller) à Terra do Nunca, sua inicial amizade com James Hook (Garret Hedlund) até o primeiro encontro de Peter e Sininho.

A primeira sequência do filme nos mostra Peter e seu amigo Nibs (Lewis MacDougall) vivendo em um orfanato, e serve de maneira excelente para estabelecer pontos importantes sobre a personalidade de Peter, como seu medo de altura e, apesar disso, sua coragem. Essa primeira parte do filme acaba com um navio de piratas sequestrando Peter e inúmeros meninos de dentro do abrigo para levá-los para trabalhar como escravos para o Barba Negra (Hugh Jackman) nas minas da Terra do Nunca.

O filme nos diz logo cedo que “alguns inimigos começam sendo amigos…” e, dessa frase, surge o elo entre todas as partes da história, o fato de descobrirmos que Capitão Gancho, o maior inimigo de Peter, começou na realidade sendo seu amigo. E é essa estranha amizade entre os dois que mantêm os outros pontos da história juntos, desde a descoberta de que Peter faz parte uma profecia tribal que diz que um garoto voador vai livrar a Terra do Nunca do Barba Negra, até a amizade desenvolvida entre Peter, Gancho e Princesa Tigrinha (Rooney Mara), que se mantém do momento que os três se conhecem até o final do filme.


A maior falha do filme são as cenas de luta que, com exceção da luta entre Gancho e Kwahu (Tae-Joo Na), o maior guerreiro da tribo da Tiger, ou acabam rápido demais ou são simplesmente confusas e/ou mal desenvolvidas para manter nossa atenção no que está acontecendo na história.

O filme vale a pena ser assistido, se não pelo modo como são desenvolvidos os personagens que tornam os lendários Peter Pan e Capitão Gancho, então simplesmente pelo visual do filme que não só é perfeito, mas ainda por cima conta com um 3D que realmente adiciona à experiência de assistir ao filme no cinema.


PETER PAN
(Pan, 2015, 111 minutos)

Direção
Joe Wright

Roteiro
Jason Fuchs

Elenco
Levi Miller
Amanda Seyfried
Nonso Anozie
Hugh Jackman
Garrett Hedhund
Adeel Akhtar
Carla DeLevigne
Rooney Mara


em cartaz nas Redes Roxy, Cinemark e Cinespaço




No comments:

Post a Comment