Tuesday, October 20, 2015

LOS 3 AMIGOS (por José Luiz Tahan)



Sempre gostei de HQs, acho que elas estão entre o cinema e a literatura, podem ser sérias ou ingênuas, além de atrair as crianças para um vício benéfico, o da leitura. 

Se você já é barbado não se acanhe, gibi é coisa de adulto também.

Este causo se passou em 95, na finada livraria Iporanga, no seu calçadão. 

Recebemos naquele verão os “Los 3 amigos”, que vieram com um quarto elemento, o Adão Iturrusgarai. 

E foi um dia muito bacana, que até hoje se instalou na minha memória.


O pessoal da editora Ensaio foi quem trouxe o quarteto, numa van. 

Primeira parada, Lanches Sevilha, a melhor torta de banana do bairro, que ficava bem em frente à livraria, boa vizinhança. 

Recebemos a notícia e encontramos Angeli, Glauco, Laerte e Adão com suas barrigas no balcão, pedindo coxinha, pizza em pedaço e gargalhando. 

Era um tal de mexer uns com os outros sem trégua que até fiquei um pouco na retranca, vai que sobra pro livreiro iniciante? 

A piada do momento era com as “congas” recém adquiridas pelo Glauco, que tinha ido descalço para o evento em Santos, culpa dos torós de São Paulo em janeiro que inundaram a sua casa e seu único par de tênis.


Mais tarde, já na livraria, se amontoavam centenas de pessoas atrás de autógrafos, aliás autógrafos com desenhos criados na hora, coisa chique, autógrafo de cartunista.

E as brincadeiras continuavam, Glauco já era ligado no Daime, Adão era calouro nas mãos de todos, Laerte, sempre politizado e o Angeli - o maior dos elogios - um skrotinho.

O mais incrível é que existia uma harmonia no ambiente, todo mundo ria, não valia ficar de cara feia.


Daquele dia em diante mantive contato com todos, tendo já recebido algumas vezes em Santos o Laerte e o Angeli.

Quero dividir com vocês aqueles momentos, tentar resgatar as molecagens vividas há quinze anos com aqueles caras geniais, agradeço o espaço que motivou a lembrança em forma de texto.

Me empolguei tanto que gastei tudo que vendi no botequim, em companhia dos nossos best-sellers, na mesma noite do evento.

Valeu a pena.
   
PS. Vão abraços para Adão, Angeli e Laerte, não para o Glauco, é uma pena





José Luiz Tahan, 41, é livreiro e editor.

 Dono da Realejo Livros e Edições em Santos, SP,
 gosta de ser chamado de "livreiro",
 pois acha mais específico do que
 "empresário" ou "comerciante",
 ainda mais porque gosta de pensar o livro
 ao mesmo tempo como obra de arte e produto.

 Nas horas vagas, é um pai de família exemplar.

Já nas horas vagas de pai de família exemplar,
assume sua identidade (não muito) secreta
 como o blues-shouter Big Joe Tahan.


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