Tuesday, May 17, 2016

HOJE TEM "A NOITE AMERICANA", OBRA-PRIMA DE FRANÇOIS TRUFFAUT (Cineclube Pagu 19hs)


O CINEMA É MAIS IMPORTANTE QUE A PRÓPRIA VIDA?

por Ruy Chambel
para Cineclube de Tomar

François Truffaut apaixonou-se pelo cinema desde muito jovem, assistindo a filmes de uma forma obsessiva, escrevendo apaixonadamente sobre eles, anos mais tarde, nos Cahiers du Cinema e criando-os de uma forma inovadora e refrescante já como realizador. Uma ideia que sempre o acompanhou ao longo da vida foi realizar um filme sobra a realização cinematográfica e voltava sempre a esse desejo cada vez que iniciava a realização de um filme. Durante a rodagem de As Duas Inglesas e o Continente, nos estúdios Victorine, em Nice, Truffaut deu-se conta de um velho cenário que seria ideal para a sua ideia e durante a segunda metade de 1971, o realizador, com a ajuda de Jean-Louis Richard e Suzanne Schiffman, escreveu o argumento de A Noite Americana. Este mais não é do que uma resposta àquela questão: “é o cinema mais importante que a vida?”.

Como não poderia deixar de ser, A Noite Americana está recheada de referências cinematográficas, importantes na vida de Truffaut, e que funcionam como homenagem à sétima arte. Essa homenagem começa logo no título, já que “la nuit américaine” é o termo francês para a técnica cinematográfica que permite filmar durante o dia como se fosse noite, utilizando filtros especiais. A homenagem prossegue durante todo o filme, com referências a Hitchcock, O Mundo a seus Pés, Lillian e Dorothy Gish, entre muitas outras. Esta paixão pela sétima arte vai mais além, com Truffaut a demonstrar a loucura da realização de um filme e como através desse caos é possível ser-se feliz.

Mais uma vez, Jean-Pierre Aumont protagoniza um filme de Truffaut, que contribui, tal como o restante elenco, para a riqueza do filme. No entanto, é de destacar a beleza de uma jovem Jacqueline Bisset. Até este filme, a actriz apenas tinha interpretado pequenos e decorativos personagens e sentia-se insegura em participar em A Noite Americana, particularmente em falar francês. Truffaut assegurou a actriz que tal insegurança era importante para a sua personagem e o resultado foi um desempenho excelente por parte da actriz. A dificuldade que Truffaut sempre sentiu em separar a sua vida pessoal da sua arte levou-o a ter relações com algumas das protagonistas dos seus filmes e Bisset não foi excepção. Os dois começaram um romance durante a rodagem de A Noite Americana, que se prolongou por vários anos e resistiu à ida de Bisset para os Estados Unidos.

Estreado no Festival de Cannes de 1973, onde foi exibido fora da competição oficial, A Noite Americana foi bem recebido pelo público do certame, mas o mesmo já não se pode dizer da estreia do filme em Paris. A fraca recepção na capital francesa não fez prever o sucesso internacional que viria a ter e os diferentes prémios que viria a receber, entre eles o Óscar de melhor filme estrangeiro em 1974. A Noite Americana foi ainda nomeado nas categorias de melhor atriz secundária, melhor realizador e melhor argumento: um feito, considerando que se trata de um filme estrangeiro.



"DAY FOR NIGHT": TRUFFAUT'S OWN WORLD VIEWED FROM INSIDE THE CAST

By Vincent Canby
for The New York Times
published September 29, 1973

Movie-making is a strange business, says Severine (Valentina Cortese), an actress who steadies her nerves by sipping champagne on the set of “Meet Pamela,” a rather tacky melodrama being made within François Truffaut’s exhilarating new comedy about movie-making, “Day for Night.”

“As soon as we grasp things,” says Severine, “they’re gone.”

In one way and another, almost all of Truffaut’s films have been aware of this impermanence, which, instead of making life and love seem cheap, renders them especially precious.

Worthy adventures are risky; they are headlong plunges into the unknown. Whether they end with a shotgun murder (“La Peau Douce”), middle-class boredom (“Bed and Board”) or total isolation (“Jules and Jim”) is not so important as the acceptance of the gamble itself. The quality of an experience cannot be measured by its duration or its end. Longevity is for redwood trees.

The original French title of “Day for Night” is “La Nuit Americaine,” which is what French movie makers call the method by which a scene shot in daylight is made to look like night through the use of filters. “Day for Night” is a hilarious, wise and moving chronicle about the members of a crew who come together for seven weeks at the Victorine Studios in Nice to manufacture a movie, an illusion that is, for the period of its production, more important than life itself.

They include Ferrand (Truffaut), the director who observes at one point that making a movie is like a stagecoach trip through the old West (“At first you hope for a pleasant trip. Then you simply hope to reach your destination”); Julie (Jacqueline Bisset), the beautiful Hollywood star of the film within; Alphonse (Jean-Pierre Léaud), a nice, nut-brained young actor preoccupied by movies and women, in that order; Alexandre (Jean-Pierre Aumont), the aging male lead of the film within, and Severine (Miss Cortese), Alexandre’s co-star and former mistress, who is genuinely pleased for Alexandre when he reveals plans to settle down with his new young male lover.

“Day for Night” is Truffaut’s fondest, most compassionate film, and although it is packed with references to films and film people (Welles, Vigo, Fellini, Buñuel, among others) and although it is dedicated to Lillian and Dorothy Gish, it’s not a particularly inside movie. That is, it has great fun showing us how movies are made, how rain and snow are manufactured, how animals are directed (or not), how acts of God can affect a script, but its major concerns are people working at a profession they love, sometimes to the exclusion of everything else.

The movie people are different from you and me, Truffaut seems to say, but only in the intensity of their passions and in constantly having to differentiate between reality and its various reflections. Romantic alliances are always shifting. Infatuation is mistaken for love (and, for a moment, it may really be love). Severine becomes hysterical after fluffing half a dozen takes because the make-up girl is doubling as a maid in a brief scene. “In my day,” she screams, “make-up was make-up, and an actress was an actress.”

The performances are superb. Miss Cortese and Miss Bisset are not only both hugely funny but also hugely affecting, in moments that creep up on you without warning. It’s no accident, I suspect, that the only characters who come close to being either evil (the jealous wife of the film’s production manager) or uninteresting (Julie’s doctor husband) are nonmovie people. In “Day for Night,” Truffaut is looking at the world from inside a glorious obsession: everyone outside looks a little gray and dim.

“Day for Night,” which begins its commercial engagement Oct. 7 at the Festival Theater, was the opening attraction of the New York Film Festival last night at Lincoln Center. Never has the festival been so appropriately begun.



A NOITE AMERICANA
(La Nuit Americaine, 1973, 116 minutos)

Direção
Francois Truffaut

Roteiro
François Truffaut
Jean-Louis Richard
Suzanne Schiffman

Cinematografia
Pierre-William Glenn

Edição
Yann Dede
Martine Barraque

Música
Georges Delerue

Elenco
François Truffaut
Jacqueline Bisset
Jean-Pierre Leaud
Valentina Cortese
Jean-Pierre Aumont
Alexandra Stewart
Jean Champion








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