por Chico Marques
Tem muita gente que quando pensa em Dennis Hopper, lembra imediatamente de Easy Rider.
Não que sua performance como ator coadjuvante no filme -- que ele, diga-se de passagem, também dirigiu e roteirizou, ao lado de Peter Fonda e do romancista Terry Southern -- fosse algo de outro mundo.
Pelo contrário: era uma performance relativamente sóbria, onde fazia escada para o personagem de Fonda, uma espécie de Capitão América pacifista movido a psicotrópicos e com algumas atitudes messiânicas.
É como se, depois de sua morte, em 2010, o grande ator em que Hopper se transformou a partir dos Anos 80 tivesse menos importância para a posteridade do que sua figura icônica correndo pelas estradas da América com um chapéu de cowboy em uma Harley Davidson de garfo alongado.
Ou seja: uma enorme sacanagem.
Hopper foi um grande ator, e merece ser lembrado prioritariamente como tal.
Tem muita gente que quando pensa em Dennis Hopper, lembra imediatamente de Easy Rider.
Não que sua performance como ator coadjuvante no filme -- que ele, diga-se de passagem, também dirigiu e roteirizou, ao lado de Peter Fonda e do romancista Terry Southern -- fosse algo de outro mundo.
Pelo contrário: era uma performance relativamente sóbria, onde fazia escada para o personagem de Fonda, uma espécie de Capitão América pacifista movido a psicotrópicos e com algumas atitudes messiânicas.
É como se, depois de sua morte, em 2010, o grande ator em que Hopper se transformou a partir dos Anos 80 tivesse menos importância para a posteridade do que sua figura icônica correndo pelas estradas da América com um chapéu de cowboy em uma Harley Davidson de garfo alongado.
Ou seja: uma enorme sacanagem.
Hopper foi um grande ator, e merece ser lembrado prioritariamente como tal.
Tudo bem... é inegável que nos Anos 50 e 60, Hopper quase sempre foi um ator rebelde nos sets de filmagens.
Poderia ter-se tornado o próximo James Dean, mas infelizmente acabou estigmatizado em Hollywood com fama de encrenqueiro.
A saída para ele foi enveredar pelo cinema independente, onde se saiu muito bem -- e só não se deu melhor depois do sucesso de Easy Rider por levar uma vida errática demais em termos farmacológicos.
Seu filme seguinte como diretor, The Last Movie, revelou-se uma verdadeira empreitada kamikaze. Totalmente rodado no Peru e editado no Mexico, nunca teve um lançamento comercial decente e o levou à ruína financeira, apesar de ganhar o prêmio principal no Festival de Berlin em 1970.
A partir daí, ninguém queria mais patrocinar seus projetos como diretor.
Para piorar, praticamente ninguém em Hollywood o chamava para trabalhar como ator.
O jeito para Hopper foi buscar trabalho na Europa, onde seu talento era cultuado.
Para se reerguer nos EUA, ele primeiro teve que largar as drogas e provar que poderia ser escalado para atuar em alguma produção sem causar problemas no cronograma das filmagens.
Levou tempo até ele conseguir se afirmar como um ator profissional e confiável.
Foi só depois de sua performance demolidora em Blue Velvet, de David Lynch, que Hollywood não conseguiu mais ignorar o fato de que ele não só era um ator fabuloso, mas também um vilão sob medida para qualquer produção.
Poderia ter-se tornado o próximo James Dean, mas infelizmente acabou estigmatizado em Hollywood com fama de encrenqueiro.
A saída para ele foi enveredar pelo cinema independente, onde se saiu muito bem -- e só não se deu melhor depois do sucesso de Easy Rider por levar uma vida errática demais em termos farmacológicos.
Seu filme seguinte como diretor, The Last Movie, revelou-se uma verdadeira empreitada kamikaze. Totalmente rodado no Peru e editado no Mexico, nunca teve um lançamento comercial decente e o levou à ruína financeira, apesar de ganhar o prêmio principal no Festival de Berlin em 1970.
A partir daí, ninguém queria mais patrocinar seus projetos como diretor.
Para piorar, praticamente ninguém em Hollywood o chamava para trabalhar como ator.
O jeito para Hopper foi buscar trabalho na Europa, onde seu talento era cultuado.
Para se reerguer nos EUA, ele primeiro teve que largar as drogas e provar que poderia ser escalado para atuar em alguma produção sem causar problemas no cronograma das filmagens.
Levou tempo até ele conseguir se afirmar como um ator profissional e confiável.
Foi só depois de sua performance demolidora em Blue Velvet, de David Lynch, que Hollywood não conseguiu mais ignorar o fato de que ele não só era um ator fabuloso, mas também um vilão sob medida para qualquer produção.
Só que, infelizmente, Dennis Hopper perdeu tempo demais indo ao fundo do poço e depois tentando se reabilitar.
Foram nada menos que 15 anos perdidos no limbo de Hollywood.
E mesmo trabalhando incansavelmente em seus últimos 30 anos de vida para tentar compensar o atraso de vida provocado por todos os excessos que cometeu, Hopper sentia que era tarde demais, e que havia perdido seu grande momento.
Vivia constemente deprimido e não cansava de afirmar para os amigos mais próximos que se considerava um fracasso:
"Nunca senti que fiz o grande papel da minha vida e nunca senti que dirigi um filme que merecesse entrar para a história do cinema e não posso dizer que seja culpa de ninguém além de mim mesmo."
Se vivo, esse autêntico rebelde americano chamado Dennis Hopper, que nasceu em
na lendária Dodge City, bem no coração do Kansas, completaria 80 anos nesta semana.
Para celebrar esta data, escolhemos 5 grandes performances dele como ator em filmes não muito conhecidos.
Em comum entre os 5 filmes escolhidos, apenas a certeza de estarem disponíveis para locação nas estantes da Paradiso Videolocadora.
O AMIGO AMERICANO
(Der Amerikanische Freund, 1977, 125 minutos, direção Wim Wenders)
Dois homens, Tom Ripley (Dennis Hopper), um duvidoso marchand americano, e Jonathan (Bruno Ganz), um atormentado dono de galeria alemão, se conhecem num leilão de obras de arte. Jonathan, que está com leucemia e sabe que vai morrer, aceita a proposta do amigo para assassinar uma pessoa e deixar sua família bem financeiramente. Baseado no romance "O Jogo de Ripley", o segundo livro da série que notabilizou Patrica Highsmith, foi todo rodado nos arredores do Porto de Rotterdam e é bastante filme sombrio, além de pouco fiel ao original. Existe uma refilmagem com John Malkovich como Ripley muito mais fiel ao espírito de Patricia Highsmith. Mas nada disso invalida os inúmeros méritos do filme de Wenders. Além do mais, Hopper está mais Hopper do que nunca neste papel.
ATOS DE AMOR
(Carried Away, 1995, 108 minutos, direção Bruno Barreto)
Professor de meia idade (Hopper) é desqualificado na escola onde leciona acusado de se envolver emocionalmente com uma aluna adolescente. Esse turbilhão o leva a reavaliar não só sua atitude perante a vida, mas também o romance morno com velha namorada da adolescência (Amy Irving) e o relacionamento com sua mãe enferma (Julie Harris), além de enfrentar o preconceito da cidade. Boa adaptação do grande romance de Jim Harrison. Foi nesse filme que Hopper se rebelou contra o diretor Bruno Barreto, acusando-o de ser incompetente e totalmente inadequado para comandar um projeto da grandeza deste aqui. Convenhamos: Hopper podia estar errado em se insubordinar contra o diretor, mas certamente teria dirigido essa história mil vezes melhor que o nosso Barretinho.
UNIDOS PELO SANGUE
(The Indian Runner, 1991, 122 minutos, direção Sean Penn)
O conflito entre dois irmãos na Nebraska dos anos 60. Joe (David Morse) é um policial e homem ligado aos valores familiares. Já Frank (Virgo Mortensen) sempre foi problemático e, acabando de voltar do Vietnã, oscila perigosamente para a vida do crime. Ambos são filhos de Caesar (Dennis Hopper) e disputam a mesma mulher (Valeria Golino). Bela estreia de Sean Penn como diretor, numa trama inspirada na assustadora canção 'Highway Patrolman' de Bruce Springsteen.
QUASE SEM DESTINO
(Flashback, 1990, 180 minutos, direção Franco Amurri)
Em 1989, o jovem agente linha dura do FBI John Buckner (Keifer Suthertland) é escalado para acompanhar um ativista radical da luta armada dos Anos 60 recém-capturado chamado Huey Walker (Dennis Hopper) para uma penitenciária. Walker dá uma canseira dos diabos no jovem agente, que pouco a pouco revela o porque de seu ódio por hippies, e porque é tão linha dura assim. Uma comédia engraçadíssima com Keifer mostrando que é um ator extremamente versátil e Hopper nos brindando com sua performance mais divertida. Delícia de filme.
FATAL
(Elegy, 2009, 112 minutos, direção Isabel Coixet)
David Kepesh (Kingsley) é um crítico cultural de TV e astro literário de uma faculdade de Nova York. Sua vida era tranqüila até ele conhecer uma jovem estudante, de 24 anos, chamada Consuela Castillo (Penélope Cruz), que desperta nele uma obsessão sexual. David torna-se obcecado pela beleza de Consuela e tomado por um ciúme doentio. Com uma ternura, graça irônica e intensidade erótica, o filme explora o poder que a beleza tem em cegar, revelar e transformar as pessoas. Baseado no romance de Philip Roth, com roteiro do especialista Nicholas Meyer. Merece atenção especial a performance derradeira de Dennis Hopper como um poeta beat que está doente, e que, domado pela Academia, acaba virando professor. E, claro, muita atenção também para a performance impressionante de Deborah Harry -- ela mesma, do grupo Blondie -- como a mulher traída do personagem de Hopper. Filmaço.
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