por Kadu Silva
para CCine10
Se existe um país que soube transformar o cinema em uma gigantesca indústria, todos sabem que é os Estados Unidos, e devido a isso, obviamente, eles fazem filmes para tudo. A nova aposta comercial é a produção O Maior Amor do Mundo é uma comedia sobre o dia das mães, que apesar de reunir a família para celebrar não existe uma comemoração característica propriamente dita.
Para quem conhece seu idealizador Garry Marshall, já imagina como é o seu formato, pois é, é exatamente assim mesmo, como o longa Noite de Ano Novo, são diversas histórias que de alguma forma se cruzam entre si ao longa da narrativa.
Na trama tem quatro personagens centrais, todos com a maternidade em destaca. Sandra (Jennifer Aniston) é uma mãe divorciada, com dois filhos que nutrem um carinho especial pela atual namorada do pai, causando um enorme ciúme nela. Bradley (Jason Sudeikis) é um pãe viúvo com duas meninas entrando na adolescência e tentando lidar com a tristeza de sua perda sem perder a força de cuidar das filhas. Jesse (Kate Hudson) é casada com um árabe e com um filho pequeno e que ela prefere esconder de seus pais patriotas americanos sobre seu casamento e seu neto para não ter conflito com eles. Miranda (Julia Roberts) é uma escritora de sucesso que abre mão de sua filha para se dedicar à carreira. Paralelo a esses personagens tem outras subtramas que sustentam as histórias dos protagonistas.
O roteiro dos estreantes Tom Hines e Lily Hollander abordam diversos assuntos importantes e delicados, mas de uma forma bem humorada e leve. Alguns deles até por serem polêmicos demais, tem apenas uma abordagem superficial, mas ainda assim dá margem para uma reflexão ao final da sessão. Outro ponto importante do roteiro é não criar drama aonde não precisa, como por exemplo, quando a mãe de uma das personagens descobre que sua filha é casada com outra mulher e que elas já têm um filho, esperto e super inteligente, ou seja leveza ao abordar os temas. Usando um trecho de uma canção do Legião Urbana, o mundo anda tão complicado, as vezes é bom algo escapista para nos fazer sorrir.
E o diretor Garry Marshall (Uma Linda Mulher) que vem se tornando um especialista nesse formato de várias histórias dentro de uma mesma trama, aqui, conseguiu o melhor resultado para um projeto assim, principalmente pelo ótimo texto do roteiro que soube tirar graça de situações bem possíveis dentro das histórias apresentadas. Além disso, o elenco é outro importante acerto para o filme, a química entre eles e a espontaneidade diante de algumas situações bizarras que acontecem, são responsáveis por dar credibilidade e principalmente empatia para os personagens e para a história.
A trilha sonora repleta de canções pop da atualidade, a fotografia solar e a montagem perfeita completam as qualidades dessa comedia leve, e principalmente que conseguiu fazer o necessário que é dar graça para quem está acompanhando.
O Maior Amor do Mundo é claramente um caça-níqueis para o dia das mães, superficial muitas vezes, mas engraçado e uma ótima pedida para passar com sua mãe esse dia comercialmente feito, porque mesmo clichê o recado, é bom lembrar, que dia das mães é todos os dias.
GOLPE BAIXO
por Roberto Hermsdorff
para AdoroCinema
Quantos não são os arranjos que dão conta de representar as mais variadas formas de amor da contemporaneidade? Há a mãe divorciada (que se dá bem com o ex-marido); a mãe do bebê fruto de uma relação inter-racial; de um amor de sexualidade não-convencional; tem claro, aquela conservadora, educada em outra época; a mãe insegura; a progenitora ausente; e até mesmo o pai que é mãe.
Para quem conhece seu idealizador Garry Marshall, já imagina como é o seu formato, pois é, é exatamente assim mesmo, como o longa Noite de Ano Novo, são diversas histórias que de alguma forma se cruzam entre si ao longa da narrativa.
Na trama tem quatro personagens centrais, todos com a maternidade em destaca. Sandra (Jennifer Aniston) é uma mãe divorciada, com dois filhos que nutrem um carinho especial pela atual namorada do pai, causando um enorme ciúme nela. Bradley (Jason Sudeikis) é um pãe viúvo com duas meninas entrando na adolescência e tentando lidar com a tristeza de sua perda sem perder a força de cuidar das filhas. Jesse (Kate Hudson) é casada com um árabe e com um filho pequeno e que ela prefere esconder de seus pais patriotas americanos sobre seu casamento e seu neto para não ter conflito com eles. Miranda (Julia Roberts) é uma escritora de sucesso que abre mão de sua filha para se dedicar à carreira. Paralelo a esses personagens tem outras subtramas que sustentam as histórias dos protagonistas.
O roteiro dos estreantes Tom Hines e Lily Hollander abordam diversos assuntos importantes e delicados, mas de uma forma bem humorada e leve. Alguns deles até por serem polêmicos demais, tem apenas uma abordagem superficial, mas ainda assim dá margem para uma reflexão ao final da sessão. Outro ponto importante do roteiro é não criar drama aonde não precisa, como por exemplo, quando a mãe de uma das personagens descobre que sua filha é casada com outra mulher e que elas já têm um filho, esperto e super inteligente, ou seja leveza ao abordar os temas. Usando um trecho de uma canção do Legião Urbana, o mundo anda tão complicado, as vezes é bom algo escapista para nos fazer sorrir.
E o diretor Garry Marshall (Uma Linda Mulher) que vem se tornando um especialista nesse formato de várias histórias dentro de uma mesma trama, aqui, conseguiu o melhor resultado para um projeto assim, principalmente pelo ótimo texto do roteiro que soube tirar graça de situações bem possíveis dentro das histórias apresentadas. Além disso, o elenco é outro importante acerto para o filme, a química entre eles e a espontaneidade diante de algumas situações bizarras que acontecem, são responsáveis por dar credibilidade e principalmente empatia para os personagens e para a história.
A trilha sonora repleta de canções pop da atualidade, a fotografia solar e a montagem perfeita completam as qualidades dessa comedia leve, e principalmente que conseguiu fazer o necessário que é dar graça para quem está acompanhando.
O Maior Amor do Mundo é claramente um caça-níqueis para o dia das mães, superficial muitas vezes, mas engraçado e uma ótima pedida para passar com sua mãe esse dia comercialmente feito, porque mesmo clichê o recado, é bom lembrar, que dia das mães é todos os dias.
GOLPE BAIXO
por Roberto Hermsdorff
para AdoroCinema
Quantos não são os arranjos que dão conta de representar as mais variadas formas de amor da contemporaneidade? Há a mãe divorciada (que se dá bem com o ex-marido); a mãe do bebê fruto de uma relação inter-racial; de um amor de sexualidade não-convencional; tem claro, aquela conservadora, educada em outra época; a mãe insegura; a progenitora ausente; e até mesmo o pai que é mãe.
A ideia de contemplar toda essa complexidade, portanto, é um ponto, em princípio, positivo na construção deste O Maior Amor do Mundo – ou Mother's Day (Dia das Mães), no original. Mas a julgar pelo que Garry Marshall já havia feito com outros “feriados” (são dele Idas e Vindas do Amor, de 2010, lançado no dia dos namorados; e Noite de Ano Novo, título autoexplicativo, de 2011), não chega a ser uma surpresa que o resultado é uma obra careta e oportunista.
Primeiro porque, se a diversidade é bem-vinda, no que tange à concepção, a execução é tão rasa quanto possível. Ao mirar em todos, Marshall e sua equipe não atingem ninguém. E, claramente, a intenção não é emocionar a todo tipo de público, mas considerar que qualquer pessoa é um pagante de ingresso em potencial. Fora que o excesso de “momentos Kodak” ainda banaliza tanto a (potencial) emoção, quanto o clímax, em si.
Depois, porque é uma produção “mentirosa”. Disfarçada de “contemporânea”, o que se vê por baixo dos panos é de um conservadorismo que se presta ao desserviço. A personagem de Jennifer Aniston, por exemplo (a tal mãe divorciada que se dá bem com o ex-marido) só se justifica no papel de "mulher de alguém". Ela se (des)equilibra entre a esperança de o ex a aceitar de volta e/ou (o que vier primeiro) o surgimento de um novo interesse amoroso, de forma quase que desesperada. Em tempos em que se discute o empoderamento da mulher, é, no mínimo, uma construção antiquada.
Isso sem contar as falhas do roteiro. Com tanta frente aberta, não há tempo hábil (mesmo com quase duas horas de projeção) de fechar adequadamente os segmentos, e as soluções resultam grosseiras. Como alguém consegue esconder um filho já em idade para entrar para a pré-escola da própria mãe (no caso, a avó da criança) é um dos mistérios que envolve a historieta de Kate Hudson (da relação inter-racial). A jovem mãe insegura (Britt Robertson) foge do casamento por que... “eu não sei quem eu sou”? O Maior Amor do Mundo - FotoNesse contexto, Julia Roberts parece ter aceitado o convite em retribuição (uma dívida eterna) a Garry Marshall que, responsável pelo comando de filmes como Uma Linda Mulher e Noiva em Fuga, contribuiu para a projeção da carreira (e da conta bancária) da atriz.
Mas quem se importa? Marshall e sua equipe subestimam a inteligência do espectador por acreditarem que não se questiona a mensagem do filme (bonita, claro), que preconiza o amor de mãe, ou o amor incondicional. É a ideia de que, de olhos marejados, o público não consiga discernir o chão onde pisa. Golpe baixo. Que não se ponha em cheque o sentimento. O que está na berlinda aqui é uma obra cinematográfica. E, essa, melosa e abraçada a todo tipo de clichê, pouco ou nada está interessada no verdadeiro sentimento. É sua carteira que eles amam.
O MAIOR AMOR DO MUNDO
(Mother's Day, 2016, 118 minutos)
Direção
Garry Marshall
Roteiro
Tom Hines
Lily Hollander
Elenco
Jennifer Aniston
Kate Hudson
Julia Roberts
Jason Sudeikis
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