por Carlos Cirne
para Colunas & Notas
O mais novo filme de Paolo Sorrentino, A Juventude, poderia perfeitamente ser exibido em sessão dupla com seu filme anterior, o premiado A Grande Beleza. Ambos compartilham, em grande parte, os anseios, a visão de vida e o mordaz senso de humor de seu criador, Sorrentino.
Enquanto A Grande Beleza parecia uma metralhadora giratória, atingindo, de maneira fatal, quase odos os seus alvos, A Juventude centra seu fogo no mundo do cinema e da música, seus anacronismos e fragilidades. E também não deixa pedra sobre pedra.
Esteticamente aprimorado com relação a seu antecessor, A Juventude tem como protagonista(s) dois amigos de longa data – que passam claramente a impressão de serem ambos reflexos do diretor/roteirista –, o maestro Fred Ballinger (Michael Caine) e o diretor de cinema Mick Boyle (Harvey Keitel) que, passando uma temporada num hotel/spa de luxo aos pés dos Alpes, estão também os dois em delicados momentos de sua trajetória.
Fred está retirado da cena musical e não aceita de maneira alguma voltar a reger. Mas, a Rainha Elizabeth II quer sagrá-lo Cavaleiro do Império Britânico e, a título de comemoração (e também porque a data coincide com o aniversário do Príncipe Philip), “adoraria vê-lo reger” suas mais consagradas composições, as chamadas “Simple Songs”. Mas Fred está irredutível em sua negativa...
Quanto a Mick, este está a ponto de finalizar o roteiro daquele que provavelmente (ou pelo menos ele acha) será seu filme-testamento, junto a uma equipe de jovens roteiristas. Esta pressão, mais o fato de esperarem uma grande diva de Hollywood, Brenda Morel – Jane Fonda, fantástica -, dar sua resposta sobre trabalhar ou não no filme, levam a situação ao limite da tensão.
Acrescente-se a isso uma Miss Universo – a modelo romena Madalina Diana Ghenea - que não é exatamente o que aparenta; um astro de cinema à la Johnny Depp - Paul Dano, bem como sempre - em preparação para seu mais desafiante papel (uma divertida surpresa do filme); e a filha de Fred, Lena -- Rachel Weisz, numa impressionante composição --, vivendo um momento muito delicado de sua vida, e está montado o panorama deste quase idílico filme.
Digo idílico porque o tom do filme é, em 90% do tempo, de pura contemplação. Sorrentino faz uso da paisagem extasiante dos Alpes, acrescida de imagens de um rigor geométrico quase absurdo, compondo um cenário surreal a partir de elementos naturalmente dispostos. Acrescendo-se a linda fotografia de Luca Bigazzi (de A Grande Beleza, 2013), temos como resultado uma inesquecível experiência visual, que também está ancorada em um texto bastante sintético, porém muito divertido, e um elenco de sonho. Não perca!
AOS 45 ANOS, PAOLO SORRENTINO REFLETE SOBRE A VIDA EM FILME REVERENTE
por Érico Borgo
para OMELETE
A palavra "Juventude" surge sobre imagens de corpos enrugados em um spa luxuoso no início do novo longa de Paolo Sorrentino, A Juventude. A sugestão irônica é imediata, mas há um filme pela frente e o cineasta italiano tem muito a dizer sobre a vida antes de qualquer conclusão precipitada.
Rodado em um idílico spa nos Alpes suíços, o longa divide sua atenção entre dois amigos ali hospedados em férias.
Fred (Michael Caine) é um maestro e compositor aposentado, lembrado pelo sucesso abrangente de uma série de obras, as Canções Simples, que o perseguem. Seu melhor amigo é Mick (Harvey Keitel), um cineasta americano acompanhado de um grupo de jovens escritores que dão os retoques em seu "testamento", o filme que ele promete a si mesmo que vai encerrar sua carreira no auge.
Os dois refletem com bom humor sobre o passado, presente e futuro, sobre o mundo e suas conquistas. Enquanto isso, a filha de Fred (Rachel Weisz) tenta reecontrar-se depois de um casamento fracassado. Outros personagens povoam a multidão excêntrica do spa, entre eles um ator pesquisando seu próximo papel (Paul Dano), funcionários do hotel e um astro argentino do futebol... Suas passagens dão cor ao filme.
Fred e Mick são dois lados do que parece ser um debate interno e bem resolvido do cineasta. Seus personagens questionam a idade, a proximidade da morte e o tempo, com reverência e aceitação, ainda que cheios de saudosismo. Em A Juventude também não há traços da inquietação, às vezes incisiva, de filmes anteriores de Sorrentino, que mantém aqui seu trato preciso com os atores, em performances memoráveis que se alternam com o silêncio e a beleza do lugar.
Ainda que o filme tenha um desfecho ralo, ao final, a palavra " juventude" retorna à tela. Sua percepção, porem, é completamente distinta. A sutileza da mudança e a visão tranquila e respeitosa, mais cômica e menos agressiva, de Sorrentino sobre a vida dividem opiniões, mas certamente merecem a reflexão que promovem.
AOS 45 ANOS, PAOLO SORRENTINO REFLETE SOBRE A VIDA EM FILME REVERENTE
por Érico Borgo
para OMELETE
A palavra "Juventude" surge sobre imagens de corpos enrugados em um spa luxuoso no início do novo longa de Paolo Sorrentino, A Juventude. A sugestão irônica é imediata, mas há um filme pela frente e o cineasta italiano tem muito a dizer sobre a vida antes de qualquer conclusão precipitada.
Rodado em um idílico spa nos Alpes suíços, o longa divide sua atenção entre dois amigos ali hospedados em férias.
Fred (Michael Caine) é um maestro e compositor aposentado, lembrado pelo sucesso abrangente de uma série de obras, as Canções Simples, que o perseguem. Seu melhor amigo é Mick (Harvey Keitel), um cineasta americano acompanhado de um grupo de jovens escritores que dão os retoques em seu "testamento", o filme que ele promete a si mesmo que vai encerrar sua carreira no auge.
Os dois refletem com bom humor sobre o passado, presente e futuro, sobre o mundo e suas conquistas. Enquanto isso, a filha de Fred (Rachel Weisz) tenta reecontrar-se depois de um casamento fracassado. Outros personagens povoam a multidão excêntrica do spa, entre eles um ator pesquisando seu próximo papel (Paul Dano), funcionários do hotel e um astro argentino do futebol... Suas passagens dão cor ao filme.
Fred e Mick são dois lados do que parece ser um debate interno e bem resolvido do cineasta. Seus personagens questionam a idade, a proximidade da morte e o tempo, com reverência e aceitação, ainda que cheios de saudosismo. Em A Juventude também não há traços da inquietação, às vezes incisiva, de filmes anteriores de Sorrentino, que mantém aqui seu trato preciso com os atores, em performances memoráveis que se alternam com o silêncio e a beleza do lugar.
Ainda que o filme tenha um desfecho ralo, ao final, a palavra " juventude" retorna à tela. Sua percepção, porem, é completamente distinta. A sutileza da mudança e a visão tranquila e respeitosa, mais cômica e menos agressiva, de Sorrentino sobre a vida dividem opiniões, mas certamente merecem a reflexão que promovem.
A JUVENTUDE
(Youth, 2015, 124 minutos)
Direção e Roteiro
Paolo Sorrentino
Elenco
Harvey Keitel
Michael Caine
Paul Dano
Rachel Weisz
Ed Stoppard
Jane Fonda
em cartaz nos melhores cinemas
da cidade de São Paulo
da cidade de São Paulo
Um ator maravilhoso sempre. Muitos poucos filmes juntam a tantos talentos como o filme Despedida em Grande estilo fez. Parece fantástico que em um filme se pode ver uma história divertida com grande elenco compartindo seus diferentes estilos de atuação ancho que este é muito divertido do Michael Caine filmes, ri muito, sempre tem excelente história. Pessoalmente eu irei ver por causo do tudo o elenco e uma boa história
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