Alan Rickman, ator e diretor inglês recentemente falecido, costumava definir sua categoria profissional como "criaturas insuportáveis que conseguem passar o dia inteiro falando de si próprios sem parar".
Alfred Hitchcock, por sua vez, dizia que "atores são gado", e que, por mais talentosos que sejam, não conseguem ir muito longe sem um bom diretor a guiar seus passos.
Já Paulo Francis defendia a tese de que um grande ator não pode ser muito inteligente, pois só consegue se expressar artisticamente de forma plena se tiver uma certa "leveza intelectual" que permita a incorporação de personagens. Citava Peter Sellers como exemplo de ator genial com cabeça absolutamente oca.
Concorde ou não com essas opiniões, é inegável que, por ingenuidade ou por oportunismo, é extremamente comum ver atores tomados pela vaidade pessoal falando mais do que devem e se envolvendo em assuntos que desconhecem.
Política, por exemplo.
Quase sempre, esses atores tagarelas pagam um preço muito alto por falar mais do que devem.
E mesmo assim não parecem aprender com os erros cometidos por colegas de profissão no passado.
Seguem repetindo sempre o mesmo equívoco.
Quando o então presidente Ronald Reagan enviou ajuda financeira para os contra-revolucionários que queriam derrubar os Sandinistas que tinham acabado de chegar ao poder na Nicarágua, o esquerdista Asner tratou de fazer uma vaquinha entre os atores em represália a Reagan e conseguiu levantar e enviar nada menos que um milhão de dólares para os Sandinistas.
Imediatamente após isso, "Lou Grant" foi misteriosamente tirada do ar na NBC de uma semana para outra e Asner nunca mais foi escalado para protagonizar outra série desde então.
George C Scott passou por uma situação semelhante depois de recusar o Oscar duas vezes: primeiro por "Desafio à Corrupção" (1962) de Robert Rossen e pela segunda vez por "Patton" (1970) de Franklin J. Schaffner.
Republicano de carteirinha e totalmente avesso às futricagens de Los Angeles, Scott nunca simpatizou com o liberalismo democrata da Academia de Artes e Ciências de Hollywood.
Trabalhava como ator em filmes de Hollywood, mas os esnobava, sempre afirmando gostar mesmo é de fazer teatro.
No entanto, quando queimou o filme em Hollywood e deixou de ser chamado para fazer cinema, ao invés de ir para o teatro foi fazer filmes para a TV.
Vai entender...
Atores são bichos muito esquisitos.
Vivem em outro mundo, e se acham parte de um Olimpo de formadores de opinião.
Acabam aprendendo da pior maneira possível que uma pequena fala mal colocada pode lhes custar muito caro.
Lembram do inferno que virou a vida de Claudia Raia e Marília Pera depois de se aproximarem de Fernando Collor?
E da crucificação pública a que Regina Duarte foi submetida por não recomendar Lula?
Desde então, todas as três passaram a tomar muito cuidado com tudo o que dizem, bancando assessores de imprensa a peso de ouro para conseguir ter algum controle sobre o que é publicado sobre elas por aí.
Mas não adianta: os atores mais jovens parecem não estar nem aí para isso, e continuam caindo feito patinhos na mesma velha armadilha sempre que decidem -- sem necessidade, é bom frisar -- tomar posição em questões políticas num momento polarizadíssimo como o atual.
De que outra maneira poderíamos explicar as atitudes recentes de pessoas aparentemente sensatas como Fernanda Torres, Claudio Botelho, Letícia Sabatella, Monica Iozzi e Wagner Moura?
De qualquer maneira, é importante frisar que existe um abismo entre as atitudes ingênuas desses atores e atrizes mencionados acima e o maucaratismo explícito de certos outros.
Para quem não sabe, na última semana, a escrotíssimo ator José de Abreu decidiu investir contra a memória do jornalista Sandro Vaia, ex-diretor de redação do ESTADÃO e do Jornal da Tarde, recém-falecido.
Com a canalhice e a truculência que lhe são peculiares, o ator escreveu em seu perfil no Twitter:
Sandro Vaia, para quem não sabe, foi um dos jornalistas mais respeitados de sua geração.
Um democrata, defensor incansável dos valores republicanos, querido por todos os seus colegas de trabalho.
As 23 palavras que José de Abreu escreveu escreveu sobre ele geraram como resposta uma única interjeição da filha de Vaia, Giuliana, horrorizada com tamanha descompostura.
Não satisfeito, José de Abreu ainda a provocou, afirmando que “a morte não purifica as pessoas, jamais o perdoarei pelo comportamento na ditadura”.
Essa ninguém entendeu.
Todos os colegas de redação de Vaia nos Anos de Chumbo se lembram de um jornalista altivo e honrado que ia além da defesa da restauração da democracia em seu ofício para ajudar pessoas que se encontravam na clandestinidade, isso nos tempos em que Vaia editava o Jornal da Tarde.
Em defesa de Sérgio Vaia contra seu detrator, restaram as palavras da doce Giuliana Vaia, jornalista como o pai, em uma terna carta aberta destinada a José de Abreu, onde declara:
“Se é como você me disse ‘a morte não purifica a pessoa’, pois então vamos esperar sua próxima vida. Quem sabe deus te presenteie com um coração. Sabe, nem to pedindo pra respeitar a memória do meu pai, porque sei que você não alcançaria tamanha iluminação, mas seria polido da sua parte respeitar o luto da família ao menos”.
O desfecho dessa história foi tão patético quanto a atitude do detrator Zé de Abreu, que, covardemente, depois da repercussão extremamente negativa de suas palavras, cancelou sua conta no Twitter para fugir de ter que dar explicações sobre sua atitude destemperada.
Sendo assim, a essa altura do campeonato, com todo mundo "à flor da pele" por conta dessa polarização política que ainda há de servir para que este país amadeureça, peço que escutem o que este velho jornalista aqui tem para dizer:
Sejam tolerantes com as pessoas, sejam elas de que lado for, pois as pessoas erram, cometem equívocos, e vivem se posicionando mal aqui e acolá.
Para todas elas sempre há de haver respeito e algum tipo de perdão.
Já para canalhas incorrigíveis como José de Abreu, aí não: para ele, tolerância zero -- e um lugar garantido no lixão da história.
Odorico Azeitona só escreve sua coluna
ouvindo rock and roll bem alto
em sua caixinha JBL acoplada a seu laptop.
É figurinha fácil toda quarta-feira
em LEVA UM CASAQUINHO
Política, por exemplo.
Quase sempre, esses atores tagarelas pagam um preço muito alto por falar mais do que devem.
E mesmo assim não parecem aprender com os erros cometidos por colegas de profissão no passado.
Seguem repetindo sempre o mesmo equívoco.
Lembro que no início dos Anos 1980, o excelente ator Edward Asner era campeão de audiência na NBC-TV com a série sobre jornalismo investigativo "Lou Grant".
Paralelo a isso, Asner era também presidente do Sindicato dos Atores de Hollywood.
Quando o então presidente Ronald Reagan enviou ajuda financeira para os contra-revolucionários que queriam derrubar os Sandinistas que tinham acabado de chegar ao poder na Nicarágua, o esquerdista Asner tratou de fazer uma vaquinha entre os atores em represália a Reagan e conseguiu levantar e enviar nada menos que um milhão de dólares para os Sandinistas.
Imediatamente após isso, "Lou Grant" foi misteriosamente tirada do ar na NBC de uma semana para outra e Asner nunca mais foi escalado para protagonizar outra série desde então.
George C Scott passou por uma situação semelhante depois de recusar o Oscar duas vezes: primeiro por "Desafio à Corrupção" (1962) de Robert Rossen e pela segunda vez por "Patton" (1970) de Franklin J. Schaffner.
Republicano de carteirinha e totalmente avesso às futricagens de Los Angeles, Scott nunca simpatizou com o liberalismo democrata da Academia de Artes e Ciências de Hollywood.
Trabalhava como ator em filmes de Hollywood, mas os esnobava, sempre afirmando gostar mesmo é de fazer teatro.
No entanto, quando queimou o filme em Hollywood e deixou de ser chamado para fazer cinema, ao invés de ir para o teatro foi fazer filmes para a TV.
Vai entender...
Atores são bichos muito esquisitos.
Vivem em outro mundo, e se acham parte de um Olimpo de formadores de opinião.
Acabam aprendendo da pior maneira possível que uma pequena fala mal colocada pode lhes custar muito caro.
Lembram do inferno que virou a vida de Claudia Raia e Marília Pera depois de se aproximarem de Fernando Collor?
E da crucificação pública a que Regina Duarte foi submetida por não recomendar Lula?
Desde então, todas as três passaram a tomar muito cuidado com tudo o que dizem, bancando assessores de imprensa a peso de ouro para conseguir ter algum controle sobre o que é publicado sobre elas por aí.
Mas não adianta: os atores mais jovens parecem não estar nem aí para isso, e continuam caindo feito patinhos na mesma velha armadilha sempre que decidem -- sem necessidade, é bom frisar -- tomar posição em questões políticas num momento polarizadíssimo como o atual.
De que outra maneira poderíamos explicar as atitudes recentes de pessoas aparentemente sensatas como Fernanda Torres, Claudio Botelho, Letícia Sabatella, Monica Iozzi e Wagner Moura?
De qualquer maneira, é importante frisar que existe um abismo entre as atitudes ingênuas desses atores e atrizes mencionados acima e o maucaratismo explícito de certos outros.
Para quem não sabe, na última semana, a escrotíssimo ator José de Abreu decidiu investir contra a memória do jornalista Sandro Vaia, ex-diretor de redação do ESTADÃO e do Jornal da Tarde, recém-falecido.
Com a canalhice e a truculência que lhe são peculiares, o ator escreveu em seu perfil no Twitter:
Sandro Vaia, para quem não sabe, foi um dos jornalistas mais respeitados de sua geração.
Um democrata, defensor incansável dos valores republicanos, querido por todos os seus colegas de trabalho.
As 23 palavras que José de Abreu escreveu escreveu sobre ele geraram como resposta uma única interjeição da filha de Vaia, Giuliana, horrorizada com tamanha descompostura.
Não satisfeito, José de Abreu ainda a provocou, afirmando que “a morte não purifica as pessoas, jamais o perdoarei pelo comportamento na ditadura”.
Essa ninguém entendeu.
Todos os colegas de redação de Vaia nos Anos de Chumbo se lembram de um jornalista altivo e honrado que ia além da defesa da restauração da democracia em seu ofício para ajudar pessoas que se encontravam na clandestinidade, isso nos tempos em que Vaia editava o Jornal da Tarde.
Em defesa de Sérgio Vaia contra seu detrator, restaram as palavras da doce Giuliana Vaia, jornalista como o pai, em uma terna carta aberta destinada a José de Abreu, onde declara:
“Se é como você me disse ‘a morte não purifica a pessoa’, pois então vamos esperar sua próxima vida. Quem sabe deus te presenteie com um coração. Sabe, nem to pedindo pra respeitar a memória do meu pai, porque sei que você não alcançaria tamanha iluminação, mas seria polido da sua parte respeitar o luto da família ao menos”.
O desfecho dessa história foi tão patético quanto a atitude do detrator Zé de Abreu, que, covardemente, depois da repercussão extremamente negativa de suas palavras, cancelou sua conta no Twitter para fugir de ter que dar explicações sobre sua atitude destemperada.
Sendo assim, a essa altura do campeonato, com todo mundo "à flor da pele" por conta dessa polarização política que ainda há de servir para que este país amadeureça, peço que escutem o que este velho jornalista aqui tem para dizer:
Sejam tolerantes com as pessoas, sejam elas de que lado for, pois as pessoas erram, cometem equívocos, e vivem se posicionando mal aqui e acolá.
Para todas elas sempre há de haver respeito e algum tipo de perdão.
Já para canalhas incorrigíveis como José de Abreu, aí não: para ele, tolerância zero -- e um lugar garantido no lixão da história.
Odorico Azeitona só escreve sua coluna
ouvindo rock and roll bem alto
em sua caixinha JBL acoplada a seu laptop.
É figurinha fácil toda quarta-feira
em LEVA UM CASAQUINHO
No comments:
Post a Comment