por Chico Marques
Certa vez, Hunter S. Thompson explicou numa palestra como havia surgido o "Gonzo Journalism", modalidade jornalística que a ele é atribuída.
Vinha ele de uma empreitada bem-sucedida, tanto artisticamente quanto financeiramente, no livro-reportagem "Hell's Angels" -- que teve passagens publicadas na revista The Nation, e que foi saudado como uma obra-prima do New Journalism em 1967 --, quando começou a experimentar uma radicalização de sua escrita em artigos onde misturava ficção e realidade com LSD e outras substâncias muito em voga na época -- o que dificultava bastante a finalização das matérias e a entrega dentro dos deadlines firmados com seus editores.
Um belo dia, seu amigo Jann Wenner, editor da Rolling Stone, todo atrapalhado com o fechamento da revista e com uma matéria de capa encomendada a Hunter que simplesmente não chegava pelo telex, pediu a ele pelo telefone: "Mande o que você tiver aí, do jeito que estiver, que eu acho um jeito de publicar."
Pois Hunter enviou a Wenner por telex todas as suas anotações.
E Wenner as publicou,exatamente do jeito que vieram.
Na ocasião, seus colegas de redação disseram: "Jann, você está criando um monstro!"
Mas quando Wenner sentiu a reação positiva dos leitores da revista ao texto todo fragmentado e delirante que publicara, não só teve a certeza de que estava fazendo a coisa certa, como também estava, de certa forma, ajudando a reinventar o jornalismo moderno.
Desde então, Hunter S. Thompson é tido como um grande ícone do jornalismo por alguns, e como um charlatão por outros.
Virou rapidamente um grande expoente do "jornalismo rolling stone", alternando uma lucidez contudente e uma visão aguda dos fatos a devaneios farmacológicos absolutamente delirantes -- às vezes assustadores, outras vezes engraçadíssimos.
Em "Medo e Delírio em Las Vegas" (1971), um clássico da road-literature americana, tão importante e tão vital quanto "On The Road" de Jack Kerouac ou "Grapes Of Wrath" de John Steinbeck, Hunter se transmutou em seu alter-ego Raoul Duke para protagonizar, ao lado de um advogado samoano dublê de traficante de drogas, uma reportagem pitoresca sobre um rally de motocicletas em Vegas que, no final das contas, acaba sendo a coisa menos pitoresca que acontece na viagem dos dois à "cidade luz americana".
Justo ele, que tinha sido um dos divulgadores mais entusiasmados da contracultura e do "drop-out" dos Anos 60, era agora o primeiro a perceber nitidamente que toda aquela "revolução" estava alicerçada sobre bases nada sólidas, e que iria desmoronar a qualquer momento -- daí, assumiu o fiasco do "Sonho" em sua filosofia de vida e saiu em busca de modalidades divertidas de autodestruição, sempre com o apoio logístico de drogas das mais diversas naturezas e desafiando o pesadelo americano em busca de paz e sanidade mental justamente na falta de sentido da vida.
Detalhe: sempre com as intervenções visuais do genial ilustrador -- e parceiro inseparável por muitos e muitos anos -- Ralph Steadman.
Hunter S. Thompson nasceu em Louisville, Kentucky, em 18 de Junho de 1937.
Trabalhou em vários cantos do planeta -- morou no Rio de Janeiro por mais de um ano no início dos Anos 60 -- e fez um pouco de tudo na vida em termos profissionais, pois sempre se negou a fazer jornalismo de baixo nível.
Depois de virar o célebre "Dr. Gonzo da Rolling Stone", passou a viver em Aspen, Colorado, cidade para onde muitos habitantes descolados da região da Haight Asbury, em San Francisco, desiludidos com o sonho hippie, seguiram a partir do início dos Anos 70, na esperança de viver de uma maneira mais simples, longe das grandes cidades. Quase foi eleito prefeito de Aspen, numa das campanhas eleitorais mais suicidas da história política americana -- depois disso desistiu da política, comprando uma casa nas montanhas da região e passando a viver como uma espécie de pioneiro ensandecido.
Hunter era fã incondicional de esportes dos mais diversos tipos, apesar de ser incapaz de praticar qualquer um deles, e passou a escreveu compulsivamente sobre o assunto dos Anos 80 em diante nas colunas que manteve por muitos anos na Sports Illustrated e no San Francisco Chronicle.
Apesar de seu temperamento instável, era um cara bastante afável em termos sociais, e gostava de saber que tinha pequenas multidões de fãs pelo mundo afora.
Aqui no Brasil, por exemplo, teve praticamente todos os seus livros editados pela Conrad, pela L&PM e pela Cia. das Letras, sempre com vendagens expressivas.
Apesar de nunca ter sido fã de cinema, Hunter S. Thompson foi brilhantemente interpretado na tela grande por Bill Murray em "Where The Buffalo Roam" (1980) e por Johnny Depp em 'Fear and Loathing In Las Vegas" (1998) de Terry Gillian e em "The Rum Diary" (2012) de Bruce Robinson -- e tanto Murray quanto Depp viraram grandes amigos dele antes e depois de interpretá-lo.
Na medida em que Hunter S. Thompson sempre foi usuário de drogas, era um alcoólatra assumido e nunca teve a menor preocupação com sua saúde física, muitos amigos sempre estiveram preparados para, um dia qualquer, serem acordados com a notícia de que ele morreu dormindo, ou algo assim.
Daí, foi uma surpresa e tanto quando, em 20 de Fevereiro de 2005, aos 67 anos de idade, Hunter S. Thompson disparou seu 38 contra sua própria cabeça em sua casa em Aspen, em meio a uma crise depressiva aguda, depois de um rompimento amoroso.
Naquele momento, todos os que sempre respeitaram profundamente "foras-da-lei" assumidos como ele -- o meu caso, por exemplo -- ficaram completamente atordoados com a saída de cena do cowboy anarquista da Imprensa.
Seu amigo A.S. Ross, do San Francisco Gate -- jornal concorrente do San Francisco Chronicle, onde Hunter escrevia suas crônicas --, chegou a afirmar, jocosamente, que desde a morte da Princesa Diana Spencer a Imprensa não dedicava tanto espaço a um recém-falecido, e que era uma ironia e tanto ver o implacável Dr. Gonzo disputando um teste de popularidade justamente com Lady Di.
Desnecessário dizer que, diante de tamanho interesse do público em entender o que motivou Hunter a fazer o que fez, muitos livros sobre ele vem sendo publicados desde sua morte.
O melhor de todos é, sem dúvida, "Gonzo: The Life Of Hunter S. Thompson" (Little, Brown, 2007), de Jann Wenner e Corey Seymour, infelizmente sem tradução para o português até o presente momento.
Jann Wenner era amigão de Hunter e editor fundador da Rolling Stone, e Corey Seymour foi por um bom tempo editor contribuinte da revista.
Juntos, eles reuniram reminiscências, tapes com entrevistas (com ele, ou comandadas por ele), casos folclóricos e até histórias de redação que mostram sem firulas quem era realmente Hunter S Thompson.
Não se trata de uma biografia no formato tradicional, e sim de uma espécie de relato oral, onde os dois organizadores tentam se reaproximar do velho companheiro de redação através de notas esparsas que, pouco a pouco, vão formando um todo caleidoscópico, que é onde reside a alma do legado artístico e literário de Hunter.
Seria uma grande tolice tratar a passagem de Hunter S. Thompson pelo Planeta Terra como algo formulaico e convencional, e Wenner e Seymour evitaram isso o tempo todo no livro, afinal Hunter não era Norman Mailer, nem Tom Wolfe: era algo completamente novo, completamente diferente de tudo mais que existia tanto na cena jornalística quanto na cena literária americanas.
A expressão Gonzo, sob medida para definir o estilo de vida de Hunter S. Thompson, pode de alguma maneira reduzir sua importância como escritor, mas Wenner e Seymour fazem questão de usá-la sempre de uma maneira carinhosa, de forma a ressaltar a personalidade e arrojo artísticos do biografado.
Hoje, não há mais o que discutir: Hunter S Thompson foi um grande escritor, e é, indiscutivelmente, um dos grandes mestres da literatura americana do Século 20.
Se perto do final da vida sua escrita de Thompson não tinha mais o frescor insano dos anos 70 -- provável sequela dos inúmeros excessos que cometeu --, é inegável que uma releitura atenta de seus textos dos Anos 70 e 80 dá a dimensão de sua grandeza literária absolutamente anticonvencional, que até hoje desafia rótulos com um frescor literário único.
O grande serviço que Wenner e Seymour prestam tanto ao público quanto à memória de Hunter S. Thompson em "Gonzo" é justamente deixar que as lembranças dos amigos e os rastros que ele deixou pelo caminho contem a sua história de vida selvagem, ensandecida e extremamente divertida numa quase autobiografia, onde finalmente descobrimos o que era realmente fato e o que era ficção em seus relatos de medo e delírio que formaram várias gerações de gente muito, muito esquisita.
Antes de encerrar, gostaria de mencionar uma passagem muito engraçada de Hunter numa palestra na University of Chicago em 1992 que tem tudo a ver com o momento polítoco acalorado que vivemos aqui no Brasil, em que militantes petistas ameaçam não-petistas favoráveis ao impeachment da Presidente Dilma Rousseff com algum tipo de enfrentamento físico nas ruas.
Na ocasião, Hunter, que odiava Ronald Reagan e a Família Bush, ficou sabendo por alunos da Universidade que George Bush Pai estaria em campanha fazendo corpo a corpo no O'Hare International Airport, em Chicago, numa escala rápida antes de seguir para Washington.
Então, convocou todos os presentes à sua palestra para seguirem com ele até o Aeroporto para fazer algo que já deveriam ter feito há muito tempo: currar o Presidente dos Estados Unidos.
Claro que, assim que chegaram lá, foram todos presos e Hunter passou uns bons anos respondendo a um processo criminal movido por Bush contra ele, que lhe trouxe dores de cabela até o final de sua vida.
No entanto, apesar de toda essa encrenca, Hunter S. Thompson nunca se arrependeu do que fez, e sempre dizia que raras vezes se divertiu tanto quando naquele dia em Chicago, comandando aquele pequena legião de pretensos estupradores entre a Universidade de Chicago e o Aeroporto.
O que me leva a concluir que Dilma Rousseff tem muita sorte da oposição brasileira ser apenas o que é, e de nunca ter pego pela frente um antagonista selvagem e determinado como Hunter S. Thompson.
Certa vez, Hunter S. Thompson explicou numa palestra como havia surgido o "Gonzo Journalism", modalidade jornalística que a ele é atribuída.
Vinha ele de uma empreitada bem-sucedida, tanto artisticamente quanto financeiramente, no livro-reportagem "Hell's Angels" -- que teve passagens publicadas na revista The Nation, e que foi saudado como uma obra-prima do New Journalism em 1967 --, quando começou a experimentar uma radicalização de sua escrita em artigos onde misturava ficção e realidade com LSD e outras substâncias muito em voga na época -- o que dificultava bastante a finalização das matérias e a entrega dentro dos deadlines firmados com seus editores.
Um belo dia, seu amigo Jann Wenner, editor da Rolling Stone, todo atrapalhado com o fechamento da revista e com uma matéria de capa encomendada a Hunter que simplesmente não chegava pelo telex, pediu a ele pelo telefone: "Mande o que você tiver aí, do jeito que estiver, que eu acho um jeito de publicar."
Pois Hunter enviou a Wenner por telex todas as suas anotações.
E Wenner as publicou,exatamente do jeito que vieram.
Na ocasião, seus colegas de redação disseram: "Jann, você está criando um monstro!"
Mas quando Wenner sentiu a reação positiva dos leitores da revista ao texto todo fragmentado e delirante que publicara, não só teve a certeza de que estava fazendo a coisa certa, como também estava, de certa forma, ajudando a reinventar o jornalismo moderno.
Desde então, Hunter S. Thompson é tido como um grande ícone do jornalismo por alguns, e como um charlatão por outros.
Virou rapidamente um grande expoente do "jornalismo rolling stone", alternando uma lucidez contudente e uma visão aguda dos fatos a devaneios farmacológicos absolutamente delirantes -- às vezes assustadores, outras vezes engraçadíssimos.
Em "Medo e Delírio em Las Vegas" (1971), um clássico da road-literature americana, tão importante e tão vital quanto "On The Road" de Jack Kerouac ou "Grapes Of Wrath" de John Steinbeck, Hunter se transmutou em seu alter-ego Raoul Duke para protagonizar, ao lado de um advogado samoano dublê de traficante de drogas, uma reportagem pitoresca sobre um rally de motocicletas em Vegas que, no final das contas, acaba sendo a coisa menos pitoresca que acontece na viagem dos dois à "cidade luz americana".
Justo ele, que tinha sido um dos divulgadores mais entusiasmados da contracultura e do "drop-out" dos Anos 60, era agora o primeiro a perceber nitidamente que toda aquela "revolução" estava alicerçada sobre bases nada sólidas, e que iria desmoronar a qualquer momento -- daí, assumiu o fiasco do "Sonho" em sua filosofia de vida e saiu em busca de modalidades divertidas de autodestruição, sempre com o apoio logístico de drogas das mais diversas naturezas e desafiando o pesadelo americano em busca de paz e sanidade mental justamente na falta de sentido da vida.
Detalhe: sempre com as intervenções visuais do genial ilustrador -- e parceiro inseparável por muitos e muitos anos -- Ralph Steadman.
Hunter S. Thompson nasceu em Louisville, Kentucky, em 18 de Junho de 1937.
Trabalhou em vários cantos do planeta -- morou no Rio de Janeiro por mais de um ano no início dos Anos 60 -- e fez um pouco de tudo na vida em termos profissionais, pois sempre se negou a fazer jornalismo de baixo nível.
Depois de virar o célebre "Dr. Gonzo da Rolling Stone", passou a viver em Aspen, Colorado, cidade para onde muitos habitantes descolados da região da Haight Asbury, em San Francisco, desiludidos com o sonho hippie, seguiram a partir do início dos Anos 70, na esperança de viver de uma maneira mais simples, longe das grandes cidades. Quase foi eleito prefeito de Aspen, numa das campanhas eleitorais mais suicidas da história política americana -- depois disso desistiu da política, comprando uma casa nas montanhas da região e passando a viver como uma espécie de pioneiro ensandecido.
Hunter era fã incondicional de esportes dos mais diversos tipos, apesar de ser incapaz de praticar qualquer um deles, e passou a escreveu compulsivamente sobre o assunto dos Anos 80 em diante nas colunas que manteve por muitos anos na Sports Illustrated e no San Francisco Chronicle.
Apesar de seu temperamento instável, era um cara bastante afável em termos sociais, e gostava de saber que tinha pequenas multidões de fãs pelo mundo afora.
Aqui no Brasil, por exemplo, teve praticamente todos os seus livros editados pela Conrad, pela L&PM e pela Cia. das Letras, sempre com vendagens expressivas.
Apesar de nunca ter sido fã de cinema, Hunter S. Thompson foi brilhantemente interpretado na tela grande por Bill Murray em "Where The Buffalo Roam" (1980) e por Johnny Depp em 'Fear and Loathing In Las Vegas" (1998) de Terry Gillian e em "The Rum Diary" (2012) de Bruce Robinson -- e tanto Murray quanto Depp viraram grandes amigos dele antes e depois de interpretá-lo.
Na medida em que Hunter S. Thompson sempre foi usuário de drogas, era um alcoólatra assumido e nunca teve a menor preocupação com sua saúde física, muitos amigos sempre estiveram preparados para, um dia qualquer, serem acordados com a notícia de que ele morreu dormindo, ou algo assim.
Daí, foi uma surpresa e tanto quando, em 20 de Fevereiro de 2005, aos 67 anos de idade, Hunter S. Thompson disparou seu 38 contra sua própria cabeça em sua casa em Aspen, em meio a uma crise depressiva aguda, depois de um rompimento amoroso.
Naquele momento, todos os que sempre respeitaram profundamente "foras-da-lei" assumidos como ele -- o meu caso, por exemplo -- ficaram completamente atordoados com a saída de cena do cowboy anarquista da Imprensa.
Seu amigo A.S. Ross, do San Francisco Gate -- jornal concorrente do San Francisco Chronicle, onde Hunter escrevia suas crônicas --, chegou a afirmar, jocosamente, que desde a morte da Princesa Diana Spencer a Imprensa não dedicava tanto espaço a um recém-falecido, e que era uma ironia e tanto ver o implacável Dr. Gonzo disputando um teste de popularidade justamente com Lady Di.
Desnecessário dizer que, diante de tamanho interesse do público em entender o que motivou Hunter a fazer o que fez, muitos livros sobre ele vem sendo publicados desde sua morte.
O melhor de todos é, sem dúvida, "Gonzo: The Life Of Hunter S. Thompson" (Little, Brown, 2007), de Jann Wenner e Corey Seymour, infelizmente sem tradução para o português até o presente momento.
Jann Wenner era amigão de Hunter e editor fundador da Rolling Stone, e Corey Seymour foi por um bom tempo editor contribuinte da revista.
Juntos, eles reuniram reminiscências, tapes com entrevistas (com ele, ou comandadas por ele), casos folclóricos e até histórias de redação que mostram sem firulas quem era realmente Hunter S Thompson.
Não se trata de uma biografia no formato tradicional, e sim de uma espécie de relato oral, onde os dois organizadores tentam se reaproximar do velho companheiro de redação através de notas esparsas que, pouco a pouco, vão formando um todo caleidoscópico, que é onde reside a alma do legado artístico e literário de Hunter.
Seria uma grande tolice tratar a passagem de Hunter S. Thompson pelo Planeta Terra como algo formulaico e convencional, e Wenner e Seymour evitaram isso o tempo todo no livro, afinal Hunter não era Norman Mailer, nem Tom Wolfe: era algo completamente novo, completamente diferente de tudo mais que existia tanto na cena jornalística quanto na cena literária americanas.
A expressão Gonzo, sob medida para definir o estilo de vida de Hunter S. Thompson, pode de alguma maneira reduzir sua importância como escritor, mas Wenner e Seymour fazem questão de usá-la sempre de uma maneira carinhosa, de forma a ressaltar a personalidade e arrojo artísticos do biografado.
Hoje, não há mais o que discutir: Hunter S Thompson foi um grande escritor, e é, indiscutivelmente, um dos grandes mestres da literatura americana do Século 20.
Se perto do final da vida sua escrita de Thompson não tinha mais o frescor insano dos anos 70 -- provável sequela dos inúmeros excessos que cometeu --, é inegável que uma releitura atenta de seus textos dos Anos 70 e 80 dá a dimensão de sua grandeza literária absolutamente anticonvencional, que até hoje desafia rótulos com um frescor literário único.
Antes de encerrar, gostaria de mencionar uma passagem muito engraçada de Hunter numa palestra na University of Chicago em 1992 que tem tudo a ver com o momento polítoco acalorado que vivemos aqui no Brasil, em que militantes petistas ameaçam não-petistas favoráveis ao impeachment da Presidente Dilma Rousseff com algum tipo de enfrentamento físico nas ruas.
Na ocasião, Hunter, que odiava Ronald Reagan e a Família Bush, ficou sabendo por alunos da Universidade que George Bush Pai estaria em campanha fazendo corpo a corpo no O'Hare International Airport, em Chicago, numa escala rápida antes de seguir para Washington.
Então, convocou todos os presentes à sua palestra para seguirem com ele até o Aeroporto para fazer algo que já deveriam ter feito há muito tempo: currar o Presidente dos Estados Unidos.
Claro que, assim que chegaram lá, foram todos presos e Hunter passou uns bons anos respondendo a um processo criminal movido por Bush contra ele, que lhe trouxe dores de cabela até o final de sua vida.
No entanto, apesar de toda essa encrenca, Hunter S. Thompson nunca se arrependeu do que fez, e sempre dizia que raras vezes se divertiu tanto quando naquele dia em Chicago, comandando aquele pequena legião de pretensos estupradores entre a Universidade de Chicago e o Aeroporto.
O que me leva a concluir que Dilma Rousseff tem muita sorte da oposição brasileira ser apenas o que é, e de nunca ter pego pela frente um antagonista selvagem e determinado como Hunter S. Thompson.
Chico Marques devora livros
desde que se conhece por gente.
Estudou Literatura Inglesa
na Universidade de Brasília
e leu com muito prazer
uma quantidade considerável
de volumes da espetacular
Biblioteca da UnB.
Vive em Santos SP, onde,
entre outros afazeres,
edita a revista cultural
LEVA UM CASAQUINHO
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