Thursday, June 2, 2016

2 OPINIÕES FAVORÁVEIS A "UMA LOUCURA DE MULHER", COM MARIANA XIMENES


BELA, RECATADA E DO LAR
por
Pablo R Bazarello
para
CinePop


Cada país do mundo elege seus astros e estrelas da TV e cinema. E aqui no Brasil, Mariana Ximenes, jovem atriz de 35 anos, é uma das maiores da atualidade, conseguindo transitar facilmente entre gêneros, como a comédia (na qual possui grande timing) e dramas mais intensos. Protagonizando seu vigésimo longa-metragem, Ximenes estreia nesta quinta-feira nas salas de exibição do país com a comédia Uma Loucura de Mulher.

Na trama, Ximenes interpreta Lúcia, espécie de “esposa-troféu” de um político. Mas não pense você que a moça é uma dondoca fútil e sem personalidade. Muito pelo contrário, logo na primeira cena a personagem mostra a que veio, enchendo de orgulho as feministas do país. Acontece que seu marido, o almofadinha ambicioso Gero (papel de Bruno Garcia), fará de tudo para que sua candidatura a um cargo receba sinal verde do poderoso senador de seu partido (papel do saudoso Luis Carlos Miéle) durante uma festa, inclusive jogar sua mulher aos leões.

O sujeito canalha literalmente fica contra a mulher, quando esta esbofeteia seu chefe (o tal senador), por ter lhe faltado com decoro. Depois do escândalo, o marido confecciona uma história de loucura e insanidade momentânea da mulher, a fim de abafar o caso na mídia. E daí vem o trocadilho não muito espertinho do título, quando Lúcia, como último recurso para não ser internada em um hospício, foge de Brasília para o Rio de Janeiro (local que sempre abriga fugitivos em filmes internacionais, desta vez se torna o destino de uma fugitiva de uma produção nacional).

É justamente no Rio de Janeiro que se desenrola a maior parte da trama de Uma Loucura de Mulher, e onde o filme perde de vez sua relevância, que o posicionava neste momento tão fervoroso do nosso país. A urgência do discurso inicial da obra do diretor estreante Marcus Ligocki Júnior, que pega de surpresa ao abordar não um, mas dois tópicos controversos (políticos sem escrúpulos e machismo x feminismo), se dilui consideravelmente, transformando o filme em mais uma comédia romântica rotineira.

Em sua maior parte, Uma Loucura de Mulher trata do recomeço da vida da protagonista, recém separada do marido, e da dor que a traição do cônjuge a traz. Este poderia ser um drama, daqueles típicos de Pedro Almodóvar, recheado de figuras exóticas, como citou um amigo. No entanto, o roteiro camba para algo mais próximo aos brasileiros, a chanchada e o pastelão. Lúcia se reencontra com um ex-namorado de infância, agora cirurgião plástico, se envolve com um garoto de programa e precisa lidar com uma vizinha fofoqueira (ex-amante de seu pai) e um porteiro.

De fato, Uma Loucura de Mulher se mantém apenas pelo carisma e talento de Mariana Ximenes. Ela é a alma do filme e o vende com a presença de um furacão. Dentro de uma brincadeira como esta, que não pode ser levada a sério, a jovem atriz consegue fincar tudo no mundo real, se tornando a bússola de para onde iremos. Nos envolvemos com sua personagem e nos identificamos, já todo o resto não ajuda muito. A trilha sonora exagerada – como na cena em que ex-marido e o pretendente estão no apartamento juntos se saber – faz o escracho estar sempre presente, mesmo que tudo funcionasse bem melhor de outra forma.

Uma Loucura de Mulher não é um filme que fará correr para os cinemas. Ao mesmo tempo consegue se manter acima do que é feito no gênero em nosso país. A razão? Em duas palavras: Mariana Ximenes.



HÁ SEMPRE UM POUCO DE RAZÃO NA LOUCURA
por
Juca Claudino
para
CCine10


Há sempre um pouco de razão na loucura. Sim, era bem previsível que surgiriam comédias decididas a explorar o cenário político brasileiro. Lava-jato, impeachment, golpe parlamentar-jurídico-midiático, vazamentos de ligações telefônicas, crise econômica, preço do dólar. E esse ano tivemos “Mulheres no Poder”, filme de Gustavo Acioli, além do novo projeto de Marcus Ligocki, “Uma Loucura de Mulher”. E já que esse texto é sobre o segundo longa citado, devemos adiantar que este não é uma comédia pronta a debater profunda e seriamente o momento político brasileiro, ou então discussões como a intervenção do capital privado na política e a absurda representatividade às avessas que temos no parlamento (um congresso majoritariamente homem e branco com uma população majoritariamente mulher e afrodescendente, para não falar do ministério em exercício). O que “Uma Loucura de Mulher” acaba fazendo é usar do “senso comum” sobre política (“político não trabalha” ou “político é tudo bandido”) para, com isso, criar situações bizarras o suficiente para rirmos.

Quer dizer, o que faz um rir não fará o outro rir necessariamente, é claro – as pessoas são diferentes, se você ainda não percebeu isso. Logo, é difícil decretar se “Uma Loucura de Mulher” é funcionalmente engraçado. Fato é que o longa opta por uma construção hiper ingênua e abusa da chanchada para fazer um humor, até certo ponto, infantil. Se propõe, na maioria das cenas, a exibir parvoíces gratuitas para gargalharmos do ridículo e, em outras, por composições bem estereotipadas das emoções dos personagens (superficiais e planos, por assim dizer) para novamente rirmos do ridículo. Em suma, “Uma Loucura de Mulher” nos quer fazer rir do ridículo. E se você está pensando “nossa, que previsível isso”, eu sei que é. E talvez por isso seja o filme em questão algo que alguns críticos nos bastidores das cabines de imprensa chamam de “filme que não tem o que escrever”: ele recita os clichês e as fórmulas folhetinescas de seu gênero, de forma a agregar pouco. É claro que isso não torna “Uma Loucura de Mulher” um filme “inferior” ou “superior” (aliás, como falar que uma peça de arte é “superior” ou “inferior” a outra? Essa hierarquização da arte é saudável? Me questiono isso toda vez que preciso colocar de 1 a 5 estrelinhas), já que a proposta dele é exatamente essa.

O começo de “Uma Loucura de Mulher” parecia ser instigante. Ao mostrar a protagonista Lúcia (Mariana Ximenes) sendo assediada sexualmente por um político muito influente da mesma sigla de seu esposo (que está prestes a se candidatar a governador e, portanto, precisa do apoio dos principais políticos de seu partido), Gero (o esposo de Lúcia), em resposta, tenta defender o agressor nessa situação toda por uma questão de “governabilidade” (ah, sempre ela…). Poderíamos aqui dizer que o longa propõe uma reflexão sobre o machismo que se perpetua dentro das principais instituições públicas (para não dizer em praticamente toda a sociedade) – evidenciado, por exemplo, na polêmica envolvendo a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), que denunciou uma agressão física que sofreu dentro do congresso nacional em meio a um bate-boca (embora o fato do congresso nacional ser apenas 9,9% composto por mulheres já prove isso por si só, sem falar do ministério em exercício) – ou então uma denúncia da cultura do estupro que persiste em nossa sociedade. Porém, isso ocorre apenas nos primeiros 15 minutos de filme, que logo após a fuga de Lúcia de Brasília para o Rio (bem como a sinopse explica, e melhor do que eu) é dividido em dois núcleos: o protagonista, que narra a vida e as questões que perseguirão a personagem de Mariana Ximenes na cidade maravilhosa, e o secundário que narra as peripécias de seu esposo tentando limpar a barra para que sua candidatura não seja arruinada por “polêmicas midiáticas”.

No primeiro, embora tenhamos Mariana Ximenes entusiasmada em alcançar uma Lúcia cativante (e de fato sua atuação é encantadora), a trama toda se baseia em formatar uma personagem que subitamente reencontra sua identidade (clichê, eu sei) ao mesmo tempo em que, coincidentemente, redescobre o amor platônico de sua vida (aka Raposo, conhecido nacionalmente como “cirurgião das estrelas”, com direito inclusive a ensaio fotográfico para uma revista de “famosos e celebridades”). No segundo, a construção de Gero como o vilão da história (e aqui entra toda a questão do “político não trabalha/político é tudo bandido” que havia citado no 1° parágrafo), um alguém individualista e egocêntrico ao mesmo tempo que paspalhão e pateta. No meio disso tudo, uma série de estereótipos vulgares ao retratar a periferia carioca.

O diretor Marcus Ligocki estreia em uma direção de longa-metragem com “Uma Loucura de Mulher” (e caso eu esteja errado, que fique bem claro: a culpa é da IMDb). Produziu alguns filmes que já lhe garantem bom currículo, como “O Último Cine Drive In” e “Rock Brasilia – Era de Ouro”. Aqui, nessa comédia, aparenta não querer impor uma personalidade, e assim explora pouco os elementos do filme, recorrendo para uma linguagem padronizada e pouco provocativa ou instigante, que desvia a atenção para a encenação do elenco. Elenco este o qual, dentro dos limites dos estereótipos que carregam, consegue elencar certo carisma para a história.




UMA LOUCURA DE MULHER
(2016, 100 minutos)

Direção
Marcus Ligocki Jr

Roteiro
Angélica Lopes
Kirsten Carthew
Marcus Logocki Jr

Elenco
Mariana Ximenes
Bruno Garcia
Miá Mello
Sérgio Guizé
Guida Vianna



em cartaz nas Redes Roxy e Cinemark



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