Friday, June 24, 2016

ISABELLE ADJANI FAZ ANIVERSÁRIO E NÓS COMEMORAMOS EM GRANDE ESTILO

por Chico Marques



Isabelle Adjani completa 61 anos de vida na próxima segunda feira, dia 27 de Junho.

 Lá se vão 41 anos desde que ela foi apresentada ao público internacional através de 'Adele H", de François Truffaut.

Truffaut levou quase oito anos tentando filmar a história de Adele Hugo.

No final dos Anos 60, Truffaut quase conseguiu:
Jeanne Moreau interpretaria Adele H, mas, de uma hora para outra, a produção empacou.

Em meados dos 70, o filme finalmente entrou em pré-produção, e Catherine Deneuve -- namorada de Truffaut na época -- se prontificou a interpretar Adele.

Mas Deneuve já estava madra demais para a personagem, e Truffaut acabou optando pela jovem, desconhecida e pouco experiente Isabelle, que vira acidentalmente num teleteatro.

Ficou impressionadíssimo, tanto com sua beleza e com seu vigor quase juvenil quanto com seu talento, e não teve dúvidas: chamou-a para fazer o papel (dificílimo) de Adele H, e com isso emplacou um sucesso internacional.



Desnecessário dizer que seu namoro com Catherine Deneuve não resistiu a tantos solavancos, e acabou.

Mas continuaram amigos, mesmo assim.

Tanto que, cinco anos mais tarde, em 1980, Truffaut a convidaria para protagonizar seu belíssimo "O Último Metrô", onde Catherine interpreta uma grande dama do teatro na França ocupada pelos nazistas dividida entre manter seu status de estrela e embarcar na Resistência com seus colegas de palco.
  

Isabelle Adjani não era -- e não é, até hoje -- de fácil trato.

Temperamental, inconstante e exigente ao extremo, ela ganhou fama por atrasar produções criando problemas difíceis de contornar.

Alguns diretores, como Jean-Paul Rappeneau e Claude Miller, adoram trabalhar com ela.

Outros, como Luc Besson, não querem vê-la nem pintada pela frente.

Truffaut nunca mais trabalhou com ela depois de "Adele H", mas é difícil dizer se foi por falta de oportunidade -- ele morreu em 1982 -- ou por prevenção.



Quando ela engravidou do igualmente difícil Daniel Day Lewis, com quem nunca se casou, comentários irônicos sobre possíveis atrasos em filmes com os dois no elenco entraram rapidamente para o folclore da cena cinematográfica. 

De qualquer maneira, depois do sucesso estrondoso de "Camille Claudel" e "Rainha Margot", as idiossincrasias habituais de Isabelle Adjani passaram a ser melhor aceitas pelos produtores -- afinal, ela havia se transformado num dos maiores produtos culturais de exportação da França, e isso não é pouca coisa.

Dos seis filmes de Isabelle Adjani que selecionamos para hoje, três são relativamente recentes e os outros três vem de seu início de carreira.

Desnecessário dizer que todos estão disponíveis para locação nas estantes da Paradiso Videolocadora.




O INQUILINO
(Le Locataire, 1976, 125 minutos, direção Roman Polanski)

Logo após participar de "Adele H", Adjani aceitou participar desse suspense aterrador de Roman Polanski, que tinha acabado de voltar à França para fugir de um processo por abuso sexual de menor de idade nos Estados Unidos. Trelkovsky (Roman Polanski) é um polonês que está vivendo na França, e que aluga um apartamento em um estranho e antigo edifício residencial, onde seus vizinhos -- na sua maioria, velhos reclusos -- o observam com um misto de desprezo e suspeita. Quando descobrem que Stella (Isabelle Adjani), a última inquilina do apartamento, era uma mulher jovem e bela que cometera suicídio ao pular da janela, Trelkovsky começa a ficar obcecado pela bela suicida. Sua obsessão crescente e o clima sombrio do prédio, mesclado com o comportamento incomum dos vizinhos, faz Trelkovsky se convencer de que seus vizinhos planejam matá-lo. Desde "O Bebê de Rosemary", Polanski não investia em um projeto dessa natureza. Sua visão da loucura em "O Inquilino" é contundente e aterradora, e permanece assim 40 anos depois do filme ter sido realizado. Uma pequena obra prima de um grande mestre do cinema.
QUE FIGURA, MEU PAI
(Tout Feu, Tout Flemme, 1982, 108 minutos, direção Jean Paul Rappeneau) 
Victor Valance (Yves Montand) é uma figura encantadora, mas só para consumo externo. Para sua filha, Pauline Valance (Isabelle Adjani), assessora do Secretário de Estado da França, ele é tido como um pai ausente, que passou a vida trocando a família pelas mesas de jogo pelo mundo afora. Então ele volta depois de anos de sumiço e procura sua filha porque precisa da ajuda dela para participar de uma grande jogada num Casino localizado à beira do Lado Geneva, na Suíça. Dividida entre as suspeitas que tem pelo pai e o encanto que ele exerce sobre ela, ela o apoia, mesmo correndo o risco de perder seu cargo no Governo Francês. Uma comédia de gangsters deliciosa, com a leveza consistente que caracteriza as comédias de Rappeneau. Montand e Adjani estão adoráveis. Um filme inesquecível, que infelizmente nunca foi lançado em home-video no Brasil, mas que é exibido com alguma frequência na programação da TV5.


POSSESSÃO
(Possession, 1981, 127 minutos, direção Andrzej Zulawski)
Neste polêmico épico de amor obssessivo e psicose sexual Isabelle Adjani e Sam Neil são um casal atormentado pela instabilidade emocional e a infidelidade carnal. Enquanto a loucuras cresce e ganha formatos bizarros, seus mundos transformam-se em pesadelos com um assassinato brutal, levando-os a manifestação monstruosa, tanto malígna quanto sexual. Um grande sucesso de Andrzej Zulawski (falecido no início deste ano), com efeitos especiais horripilantes (de Carlo Rambaldi, de "Alien"), "Possessão" é tão barra pesada que faz com que os filmes de David Lynch se pareçam com os de Claude Lelouch. No seu lançamento nos Estados Unidos, foi cortado em 45 minutos. Aqui no Brasil, foi exibido na íntegra. Horripilante e de virar o estomago, mas genial.

MAMUTE
(Mammuth, 2010, 92 minutos, direção Gustave de Kevern)
Serge (Gérard Depardieu) acaba de completar 60 anos de idade e precisa reunir documentos para poder se aposentar. Com uma cabeleira enorme e montado em sua motocicleta Munch Mammut dos anos 70, ele inicia uma jornada em busca de seus antigos empregadores que acaba se transformando numa busca existencial. Enquanto visita os lugares onde passou sua infância e juventude, ele encontra velhos amigos, parentes e o fantasma de seu grande amor (Isabelle Adjani). Um filme delicadíssimo e pouco conhecido da filmografia de Depardieu. Isabelle está lindíssima em suas aparições.

VIAGEM DO CORAÇÃO
(Bon Voyage, 2013, 115 minutos, direção Jean-Paul Rappeneau)
Um espião nazista (Peter Coyote), uma linda estudante (Virginie Ledoyen) e a amante (Isabelle Adjani) de um político (Gérard Depardieu) têm suas vidas entrelaçadas quando alguns refugiados franceses tentam escapar da ocupação alemã na França mo início da Segunda Guerra Mundial. Produção de peso, dirigida com a delicadeza habitual de Rappeneau, que também é responsável pelo roteiro. Outro filme pouco visto das filmografias de Adjani e Depardieu, que merece a sua atenção.
DIABOLIQUE
(Diabolique, 1996, 107 minutos, direção Jeremiah S. Chechik)

Duas mulheres (Sharon Stone e Isabelle Adjani) decidem envenenar o homem que as trata como lixo, e afundam seu corpo na piscina escura. Mas quando a piscina é esvaziada para ser limpa, não há nenhum corpo por lá. As duas mulheres irão se safar desse assassinato, mas sabendo que alguém removeu o corpo da vítima e sabe a verdade sobre o que elas duas fizeram. Thriller de suspense parcialmente baseado no clássico francês de 1955 "Les Diaboliques", que não foi bem recebido pela crítica em sua estréia por conta das comparações com o original. Mas que, revisto agora, se revela um film noir com ares "camp" bastante eficiente e original.












No comments:

Post a Comment