Thursday, February 9, 2017

30 ANOS DEPOIS DE "9 1/2 SEMANAS", KIM BASINGER VOLTA NO SEGUNDO "50 TONS"


AÍ EU ASSISTI A "50 TONS MAIS ESCUROS"...

uma resenha desbocada, mas franca e sincera,
por Thiago Borbolla para Judão News


A grande treta de Batman VS. Superman não precisaria ter acontecido se, ao invés de encarar o Homem-Morcego no seu joguinho de armadilhas, o Homem de Aço tivesse dito desde o início, de alguma maneira, que a sua mãe havia sido sequestrada por Lex Luthor e morreria, caso eles não se matassem.

Obviamente não haveria nenhum filme, mas pelo menos seríamos poupados do Momento Martha original, aquele em que um enorme conflito é resolvido da maneira mais simples possível. Em Batman VS. Superman, a simples existência da palavra “Martha” resolve uma treta que quase matou os dois super-heróis e que nem deveria ter existido, pra começo de conversa.


Em 50 Tons Mais Escuros, o Momento Martha é um acidente de helicóptero. E até aí, o que poderia ter sido apenas um tweet revoltadíssimo com a produção, ganhou proporções um pouco exageradas na minha cabeça quando eu percebi que não se tratava apenas um problema de edição do FILME.

Nunca li nenhum dos livros e nem sequer assisti ao primeiro, mas confesso que me venderam direitinho a ideia de assistir a 50 Tons de Cinza 2 quando o que menos importava era o que tava na tela, de fato, mas fiquei abismado com o como não existe qualquer narrativa, a história praticamente não anda, e qualquer coisa é desculpa pra uma rapidinha — quase como um softporn da saudosa SEXTA SEXY, ainda que Emmanuelle seja infinitamente mais interessante que isso -- Tinha Emmanuelle NO ESPAÇO, sabe.


Só como exemplo: o tal do payoff, aquele momento que justifica tudo o que aconteceu anteriormente — nesse caso, o uso do tal QUARTO VERMELHO de Christian Grey, onde ele usa todas as suas traquitanas — vem ao som de "Not Afraid Anymore", da Halsey, cuja letra eu copio e colo a seguir:

I am not afraid anymore


Standing in the eye of the storm
Ready to face this, dying to taste this, sick sweet warmth
I am not afraid anymore
I want what you got in store
I’m ready to feed now, get in your seat now

Sabe quando você assiste a Esquadrão Suicida e cada personagem é apresentado com uma música ridiculamente óbvia e você não acredita no que tá vendo AND ouvindo? Nesse caso é um pouco pior, porque apesar do que diz a música, não se vê nada demais no filme. As tais cenas de sexo são tão excitantes e interessantes quanto... Bom, como todo o resto do filme.

E aí voltamos ao tal do conflito, que resume também toda a excitação da história: um pouco depois da metade do filme, já no caminho pro final, Christian Grey sofre um acidente de helicóptero. Um evento importante, já que, imagino, em algum momento da história vão descobrir que Jack Hyde sabotou o brinquedo AND que eles dois são irmãos.

Só que o propósito do acidente é única e exclusivamente esse. O acidente só existiu pra que, lá na frente, a gente odiasse (mais) o vilão da história. Martha.

No livro, são gastas parcas TRÊS PÁGINAS entre o desaparecimento do helicóptero e o ressurgimento de Christian Grey no seu apartamento como se literalmente nada tivesse acontecido — inclusive questionando a razão de tanta gente ter se reunido no seu apartamento, que tinha a TV ligada com a manchete “CHRISTIAN GREY DESAPARECIDO” (assim, em caixa alta, mesmo).

O filme ainda tenta dar uma aliviada, com um “Breaking News” da notícia de que tanto Christian quanto Ros, que estava com ele no helicóptero, estão bem. Não adianta porque no exato momento em que isso é dito ele entra no apartamento. No livro, não há nada disso. Ele só aparece.

Então vamo lá: um bilionário de 27 anos, pilotando um helicóptero (“apesar da sua pouca idade, ele tem grande experiência de vôo”), cai no meio de uma floresta por conta de fogo nos motores. O filme não mostra o impacto, mas daria pra imaginar algum tipo de incêndio, além de uma porrada ridiculamente forte. Mas tanto ele quanto sua companheira de vôo sobrevivem sem muito mais do que um arranhão e conseguem, sozinhos, não só sair da tal floresta, como chegar em casa só um pouco sujos e perfeitamente dispostos a curtir uma festa de aniversário no dia seguinte.

Sem esquecer que rola todo um clima pra uma trepada no chuveiro logo na sequência.

AH MAIS VAI TOMAR NA PORRA DO CARALHO DO MEIO DO SEU CU, NÉ?


Olha, eu sei que 50 Tons de qualquer coisa não é cinema CINEMA. Não há qualquer tipo de preocupação com uma adaptação de fato, ou o filme teria algum tipo de história, narrativa e texto minimamente aceitável. Não dá pra levar a sério, eu sei bem disso, tanto que nem me preocupei, apesar do FENÔMENO, em assistir ao primeiro filme e, não fosse uma sala VIP e um jantar de negócios, não teria assistido ao segundo.

Mas aí cê vê que uma porra de um acidente de helicóptero que, além de absurdo, poderia ter sido completamente descartado do filme e se pergunta se tinha como errarem mais. A resposta é “sim”, e ela vem em dobro.

A primeira é a utilização de Kim Basinger como Elena, que em momento algum parece ser a COUGAR que corrompe o pequeno Christian Grey — e a culpa não é dela, óbvio. A segunda é a frase que ela, e nós, somos obrigados a ouvir, entre um copo de água descarregado na cara e um tapa:

Você me ensinou a foder. Ela me ensinou a amar

VAI SE FODER VAI SE FODER VAI SE FODEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEER.


CINQUENTA TONS MAIS ESCUROS
(Fifty Shades Darker, 2017, 118 minutos)

Direção
James Foley

Roteiro

Niall Leonard

Elenco

Dakota Johnson
Jamie Dornan
Bella Heathcote
Kim Basinger
Eric Johnson
Hugh Dancy
Marcia Gay Harden
Eloise Mumford



em cartaz nas Redes Roxy, Cinespaço e Cinemark





1 comment:

  1. Um filme erótico em que a mulher está sempre vestida e deitado com o lençol cobrindo os peitos...ora...nem o trailer dá pra ver.

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