A ARTE É CULTURA DA LIBERDADE - Ao contrário da maioria dos grandes escritores de sua geração, Octavio Paz nunca sucumbiu ao canto de sereia do marxismo; e, mesmo nos anos 50 e 60, quando o dilema dos intelectuais à sua volta parecia ser a escolha entre o comunismo e o fascismo, Paz - junto com Albert Camus - teve a coragem de combater as correntes em voga. Apesar da hostilidade que seus adversários ideológicos provocaram em torno dele, Paz continuou pregando a superioridade da cultura da liberdade contra seus inimigos. As revistas que ele editou, principalmente a que ele dirigiu nos últimos 20 anos, Vuelta, sempre foram uma tribuna cívica a partir da qual a censura, o dogmatismo, a ditadura, o terrorismo político ou intelectual foram condenados e a tolerância, o pluralismo e a escolha democrática, defendidos.
COLINA DOS ASTROS
Aqui os antigos bebiam o fogo
Aqui o fogo inventava o mundo
Ao meio dia
As pedras abrem-se como frutos
A água abre as pestanas
E a luz desliza pela pele do dia
Gota imensa onde o tempo se espelha
E sacia...
Não existe hoje no mundo latino americano ninguém capaz de preencher o vazio que Octavio Paz deixou.
Faz mais de dez anos que li Roger Granier que anotou vários cães na literatura. Ulisses volta a Ítaca disfarçado de mendigo e Argos, velho cão sem forças para mais do que abanar o rabo. Ulisses chora comovido pela saudação de Argos. Ninguém, nem mesmo Poseidon conseguiu fazê-lo chorar. Sou parco de conhecimentos da obra de Sartre, mas diz Roger Granier que em " O idiota da Família, o filósofo e seus amigos tratam de um cão que compreendia ser ele o assunto. " ...O cão sente-se viver, ele se entedia". Du Gard " esta penosa necessidade de acreditar que podemos perceber no olhar dos cães". Maurice Maeterlick teve um buldogue chamado Pelléas. Concluiu que o cão desvenda seu universo em poucos dias, já os humanos levam muito mais tempo. Maeterlinck diz que " entre todas as formas de vida que nos cercam, nem uma única, exceto o cão, aliou-se a nós,". Conclusão interessante de Maurice é considerar o cão como o único ser vivo que encontrou e reconhece um Deus incontestável, tangível, irrecusável e definitivo. Ele sabe a quem dedicar o melhor de si, sabe a quem se dar acima de si mesmo. Não precisa buscar uma força perfeita, superior e infinita nas trevas, as mentiras sucessivas, as hipóteses e os sonhos. Rainer Maria Rilke faz o poema "Cão". Relata a morte do mesmo cão em "cadernos de Malte Laurids Brigge, O cão Cavalier tem nas páginas do livro uma das mais enigmáticas ação de reverencia. Gertrude Stein no romance Ida dedica-se a enumerar cães da heroína. Baudelaire em " Le chien et le flacon". Virginia Woolf teve seu cachorro imortalizado, Flush e seu universo olfativo. Baudelaire tanto quanto eu, adorava vira-latas. Diz: ...eu evoco a musa familiar, a cidadã, a vidente, para ela me auxilie a cantar os bons cães, os pobres cães enlameados, aqueles que todos repelem, como empestados e pulguentos"...."Eu canto o cão enlameado, o pobre cão, o cão sem casa, o mais vagabundo, o cão saltimbanco...Canto cães calamitosos, aqueles que erram solitários, nas ravinas sinuosas das imensas cidades, ou os que disseram ao homem abandonado, com olhos faiscantes e espirituais: 'Leve-me com você, e de nossas duas misérias faremos uma espécie de felicidade! ". A Dama do Cachorrinho, Caninos Brancos de London. Ideafix de Asterix, Bidu, Rin tin tin. Lassie, Snoopy. Os que nos encantam nos filmes do Chaplin, Jacques Tati. livro e filme Vidas Secas do Graciliano ou no filme Humberto D do Rosselini.
Aníbal Machado viveu a vida inteira o prestígio de meia dúzia de histórias admiráveis".tendo publicado apenas 13 contos, Aníbal produziu, pelo menos, uma obra-prima, "Viagem aos Seios de Duília", além de uns 5 ou 6 contos notáveis, como "O Iniciado do Vento" (talvez outra obra máxima), "O Piano", "Tati, a Garota", "O Telegrama de Ataxerxes (este com um forte acento kafkiano, embora revestido de um certo humor), "O Ascensorista" e uns dois outros. "Viagem aos Seios de Duília", na minha modesta opinião, não é apenas um dos maiores contos brasileiros, mas pode, tranquilamente, figurar entre os maiores do conto universal. Que belo trabalho sobre aquele exemplar funcionário público, que sublimou na dedicação ao trabalho a sua solidão, a falta de convívio com as mulheres, a incomunicabilidade. E que jamais se libertou da visão de um seio de Duília, quando ambos eram adolescentes. Ao se ver aposentado, depois de estéreis tentativas de, enfim, "viver a vida", José Maria, mais do que nunca, se volta para aquela visão do passado e decide ir à procura da mocinha que lhe proporcionou, talvez, a única coisa boa da sua vida. Parece que Aníbal era um aficionado de cinema. Ele proferiu uma conferência sobre o tema, intitulada O Cinema e Sua Influência na Vida Moderna, publicada em livro em 1941. É uma raridade bibliográfica, pois, editada pelo Instituto Brasil Estados Unidos, não deve ter tido distribuição comercial. Taí um livro que tenho curiosidade de conhecer, pois deve ser, no mínimo, interessante, provindo de um escritor e intelectual do porte de Aníbal Monteiro Machado. Francisco Sobreira reverencia Aníbal tanto quanto Luís Fonseca Lopes e tasquei aqui no dia de hoje pela simples razão do livro "A MORTE DA PORTA BANDEIRA" (José Olimpyo, 1964) ter sido citado num bate papo com café na mesa. O tempo passa... já faz um ano...
O palco é todo de Barbey d’Aurevilly. É neste universo endógamo, decadente e ressentido que o narrador situa as seis histórias escabrosas do livro As diabólicas, do qual faz parte “A felicidade no crime”. Mas, o mais aterrador da história advém do fato do crime ser fonte da perene alegria de Haute-Claire e seu marido Serlon Savigny, que, vinte e cinco anos após terem assassinato a condessa de Savigny – a primeira mulher de Serlon – ainda vivem na mais perfeita alegria e comunhão conjugal, prenunciada pelo título do conto. Na quinta feira dei uma parada e abri outro livro para atravessar o dia chuvoso, " Cícero em A Velhice Saudável e O Sonho de Cipião ". Fazia muito tempo que não lidava como nomes adoráveis. Seria fantástico estar andando numa via pública e cumprimentar alguém chamado Tito Pompônio Ático. Conhecer um Flamínio ou Catão. Morar num edifício com moradores cujos nomes bem poderiam ser Laomedonte, Aristo de Quios, Espúrio Postúmio Albino ou Tuditano. Ficar feliz de reencontrar amigo da infância com o inesquecível nome de Górgias de Leôncio. Poder dizer, me veja um café Euribíades, pegar o jornal com Estesícaro. Que alegria teria eu de responder para alguém que me perguntasse, para onde vais? - Assistir " Os Sinefebos " de Estácio Cecílio. Exceto " Contra Catílina " e " Contra Verres " classificado como discursos forenses, nada mais li. Nem seria preciso face as recitações de Luis Fonseca Lopes. Das obras filosóficas " A Velhice " é a quarta. A obra de Cícero é encantadora e nos mostra que o homem não mudou no comportamento.
Ainda que fosse eu batizado com o nome de Estrepiciades estaria aqui,
TOMANDO CAFÉ E DESEJANDO BOM DIA
Carlos Eduardo "Brizolinha" Motta
é poeta e proprietário
da banca de livros usados
mais charmosa da cidade de Santos,
situada à Rua Bahia sem número,
quase esquina com Mal. Deodoro,
ao lado do EMPÓRIO SAÚDE HOMEOFÓRMULA,
onde bebe vários cafés orgânicos por dia,
e da loja de equipamentos de áudio ORLANDO,
do amigo Orlando Valência.
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