Tuesday, February 7, 2017

NOSSO GLOBETROTTER SEXUAL MANUEL MANN ESTÁ DE VOLTA COM MUITO AMOR PRA DAR #3



Cinco anos atrás, li num boletim da BBC-World pela internet que, num belo domingo de verão, um grupo de 30 cidadãos britânicos tirou as roupas para jogar uma partida de mini golfe no parque Adventure Island, em Southend, leste de London Town, e arrecadaram quase 4 mil libras para o sustento de uma organização dedicada à pesquisa sobre o câncer de próstata, a Prostate Cancer Charity.

Na época, eu, em minha santa ignorância, achei muito engraçada a ideia de jogar golf nu, e não consegui entender como um esporte tão established e old fashioned poderia conjugar-se a uma atitude libertária e magnânima como esta.

A própria imprensa britânica não facilitou as coisas, e em momento algum economizou ironias em sua cobertura sobre o evento na ocasião.

Disseram, entre outras maldades, que o parque Adventure Island era um local tradicional para a quebra de recordes mundiais, pois foi lá que, em 2010, 102 pessoas nuas andaram em uma montanha-russa, e com isso entraram para o Guinness Book Of Records na curiosa categoria "a maior aglomeração de pessoas nuas numa montanha russa" -- e foi lá também que, um ano mais tarde, um restaurante preparou a maior porção de batatas fritas da história da Humanidade, com 448 quilos,

Assim , nada mais natural que aquele mesmo local confirmasse o recorde de "mais pessoas nuas jogando mini golfe em uma hora".

Parecia piada.

Mas, ao menos para mim, era prólogo de uma virada em minha vida. 


Pois aquela notícia curiosa da BBC ficou a pairar em minha cabeça por todos esses anos.

A ideia de jogar golf nu para mim soava pitoresca demais, e não parecia ter como funcionar socialmente -- e menos ainda de não culminar numa suruba.

Lembrei-me de uma suruba com churrasco em uma casa à beira da represa de Riacho Grande (periferia de São Paulo, Brasil), em que os proprietários, catalões, surgiram do nada, acompanhados por com caddies anões (igualmente nus) carregando conjuntos de tacos de golf, e nos convidaram para jogar golf pelados no extenso gramado que descia pelo terreno da casa até a faixa de água da represa.

Desnecessário dizer que todos declinaram do convite, e preferiram continuar a fornicar e a se enpanturrar nos intervalos entre um gangbang e outro.

Ou seja: não funcionou.



Lembro também, com muito carinho, de uma brincadeira envolvendo mini-golf que eu adorava fazer em meu apartamento em Santos com Marilice e Marinice, as namoradas gêmeas que eu tinha dois anos atrás.

Eu fazia de conta ser Tiger Woods, e elas minhas duas mulheres.


A brincadeira funcionava da seguinte maneira: as duas permaneciam sentadas sobre um tapete com as pernas bem abertas, no formato de um triângulo equilátero, consequentemente com suas lindas bucetinhas totalmente expostas.

Então eu disparava suavemente as pequenas bolas -- bem menores e mais leves que as bolas de golf tradicionais -- em direção a uma delas.

Caberia a cada uma delas agarrar as bolinhas com as pernas e acomodá-las no interior de suas bucetinhas -- sem jamais poder usar as mãos, claro.

Quem conseguisse engolir mais bolinhas de mini-golf com sua bocetinha ganhava medalhas de ouro confeccionadas especialmente para cada competição, além de um prêmio especial em chocolates suíços.



Então, um belo dia, para minha surpresa, recebo no trabalho um convite para ficar hospedado por uma semana em Julho do ano passado num resort nudista espetacular que existe há 32 anos em La Porge, perto de Bordeaux, na Costa Oeste da França, chamado La Jenny Naturist Course -- que pertence a uma conceituada rede de resorts chamada France 4 Naturisme, responsável por 11 estabelecimentos do gênero na França e na Córsega.


Bastou uma pesquisa rápida na web para descobrir que esse lugar possui o único campo de golf em toda a Planeta Terra onde se pratica o esporte bretão -- o golf, não o football -- completamente nu.

(pausa para uma breve digressão histórica: apesar de ter sido inventado na Holanda na Idade Média, o Golf só virou modalidade esportiva pra valer quando o Império Britânico o adotou e o propagou pelo mundo inteiro, daí ser considerado um esporte bretão)


 

O convite quer recebi afirma que tudo é permitido no La Jenny Naturist Course, mas isso não é exstamente verdade.


 Existem quatro regras que devem ser cumpridas a risca pelos visitantes, e o não cumprimento delas pode resultar na expulsão das dependências do resort:

Regra #1: Nudez não é opcional, e só quem estiver completamente nu poderá circular pelas dependências do resort.


Regra #2: Não há lugar para timidez em La Jenny, portanto aprenda a conviver bem com sua nudez para poder usufruir do que a natureza tem a lhe oferecer.


Regra #3: Fotografias só serão permitidas entre amigos e familiares, e ninguém está autorizado a fotografar outros hóspedes do resort sem autorização dos mesmos.


Regra #4: Sexo nas áreas comuns do resort é terminantemente proibido, e qualquer tentativa de assédio sexual com os funcionários do resort é desaconselhável.



Quando se imagina o arquétipo de um jogador de golf, a imagem que vem à nossa mente é sempre de uma ortodoxia a toda prova -- algo como Bing Crosby calçando sapatos brancos e meias xadrez e vestindo boné branco e casaquinho de vovô.


Convenhamos: essa imagem não combina nem um pouco com Naturismo.


Daí, conclui-se que entusiastas de golfe mais ortodoxos não tenham gostado muito de saber que a apenas uma hora de carro de Bordeaux, na bela região da Baía de Arcachon, casais e famílias inteiras de nudistas se reúnam para jogar golf, fazer ioga ou zumba, praticar arco e flecha, cavalgar poneys e usufruir de uma praia exclusiva (400 metros de extensão) e de um parque aquático com quatro piscinas.


Sem contar os casais e famílias que simplesmente procurem o resort para descansar nos simpáticos chalés de madeira e caminhem pelos "Campos do Senhor" com os mesmos trajes imortalizados por Adão & Eva.




O percurso de uma hora de Bordeaux até a costa do Atlântico Norte onde fica o La Jenny é apenas um dos muitos atrativos oferecidos por esse gigantesco destino de férias -- mais de 300 hectares -- situado à sombra de pinheiros e bem escondido dos olhares curiosos.


Um detalhe importante: a segurança do lugar é impecável e funciona muito bem, graças a um aparato tecnológico raro em resorts como este, onde as pessoas chegam sempre de carro: só entra e sai o veículo que é devidamente reconhecido pelo sistema interno deles.


A organização do La Jenny não mede esforços para que seus ocupantes sintam-se seguros e completamente à vontade, livres para desfilar peladões 9 meses por ano, 24 horas por dia.


É ou não é o nirvana para um naturista.





Confesso que fiquei bastante animado com tudo o que pude apurar pela web.

E já que o convite que recebi era para 3 pessoas, liguei para Mildred, a inglesinha adorável que conheci no London Naked Ride Bike.


Ela não só aceitou me acompanhar, como ainda ficou de levar a tiracolo uma namoradinha alemã muito graciosa que conhecera em Piccadilly Circus, chamada Leona.


E lá fomos nós três, no início de Julho do ano passado, para celebrar meu aniversário "au naturel".




O relato que vem a seguir pode ser estarrecedor para alguns, mas é absolutamente verdadeiro:


Eu, Manuel Mann, putanheiro contumaz, "arroz de festa" em bacanais, pesquisador de rituais sexuais pelo mundo afora, libertino contumaz e incansável, comportei-me como um verdadeiro cavalheiro ao longo do final de semana em que permanecemos no La Jenny.


Segui todas as regras escritas e não-escritas do manual de civilidade dos naturistas -- justo eu que, nas palavras imortais de Paulo Cesar Pereio, já fui expulso de várias surubas por mau comportamento.


Lugares como o La Jenny possuem peculiaridades muito curiosas. Todos os hóspedes são obrigados a andar nus pelas dependências do resort. Mas se você, nu, resolver dar um beijo na boca de sua parceira, também nua, será imediatamente reprimido por algum funcionário do resort, que irá insistir para que cenas amorosas sejam evitadas em público, pois trata-se de um ambiente familiar.


Fiquei a imaginar o problema que deve ser quando algum incauto perde o controle de sua libido e sai ostentando uma ereção por lá.


Certamente será interpelado por um pelotão de choque, e sabe-se mais lá o que.



Então, tratei de comportar-me de acordo com as regras do lugar.


Nada de "abraços e beijinhos e carinhos sem ter fim" em público neste tão lugar avesso a bossanovices.


Para não dizer que fui totalmente conivente com as regras, aconteceu -- foi inevitável -- um ménage à trois com Mildred e Leona nas pedras no canto esquerdo da praia -- lindíssima, diga-se de passagem.


Acreditem, não há nada neste mundo mais afrodisíaco do que trepar com duas belas mulheres sentindo a brisa do mar.

Ao final, tomamos um delicioso banho de mar gelado, com muitos beijos e muitas carícias.

Mas seria um exagero considerar isto uma subversão às regras do local, na medida em que o acesso àquele canto da praia é íngrime demais, e não costuma ser frequentado pelas famílias hospedadas no resort.



Mas se nas áreas externas do La Jenny fomos relativamente bem comportados, nas áreas internas aconteceu o extremo oposto.


Em outras palavras: a atividade sísmica dentro de nossos chalés de madeira foi bastante intensa.   


No mesmo chalé onde estávamos, ficaram hospedados também um casal francês (Martin e Dominique) e um casal belga (Bertrand e Christine) muito simpáticos, todos jornalistas.

Era um chalé bem grande, com 3 quartos amplos e uma área comum bastante avantajada, sob medida para acomodar três casais ou então uma família numerosa.


Ao contrário do nosso, a imensa maioria dos outros chalés do La Jenny é de pequeno porte, e acomoda apenas 2 ou 3 pessoas.


Pois bastou uma caminhada pelo resort para percebermos que, apesar de todo o apelo publicitário para direcionar a vocação do local para um padrão family friendly, haviam poucas famílias por lá.


Os chalés menores estavam quase todos ocupados por casais, das mais diversas idades -- desde recém-casados em lua de mel até casais de idosos.


Já os maiores, como o nosso, estavam com uma taxa de 30% de ocupação.



Dividir o chalé com Martin & Dominique e com Bertrand & Christine foi absolutamente tranquilo, pois todos nós falávamos francês e estávamos hospedados a convite da direção do La Jenny.


Pelo jeitão desinibido deles, nem precisei propor a eles que embarcassem numas brincadeiras sexuais conosco: aconteceu tudo muito naturalmente, e rapidamente também.


Foi engraçado ver Leona, que eu mal conhecia até o dia anterior, tomando o comando da situação e comentando com todos nós que conhecia joguinhos sexuais que só funcionam bem em grupos de 7, 9 ou 11 pessoas (sempre com uma mulher a mais), e que nem sempre é possível contar com esse número de pessoas numa surubinha.


Já que estávamos em 3 homens e 4 mulheres, porque não aproveitar a ocasião, não é mesmo?


Desnecessário dizer que a alemã deixou uma ótima primeira impressão em todos os homens e mulheres naquele chalé, e foi devorada por todos os homens e mulheres do grupo com muito "gusto". 




Foram madrugadas deliciosas, embaladas, claro, por vinhos da região e um estoque avantajado de pães e queijos que havíamos trazido de um supermercado nas imediações do resort.


Madrugadas essas que culminavam sempre com banhos de mar ao amanhecer naquela praia maravilhosa.


Acreditem: não há nada mais saudável do que tomar banho de mar nu logo pela manhã.


Em boa companhia, então...




Os únicos pontos fracos do La Jenny são o cultural e o gastronômico.


Por não ser propriamente um lugar de repouso, e sim um um resort de entretenimento esportivo, não acontece praticamente nenhuma atividade com viés cultural no La Jenny.


Toda a programação de filmes e shows no anfiteatro do local é bastante óbvia, e muito focada no "family entertainment".

A bibioteca deles lá também é bastante limitada.

Apesar do La Jenny dispor de um restaurante bastante amplo e de um oyster bar muito simpático, ambos com preços nada extorsivos, seus cardápios são lamentavelmente insipientes e básicos demais.


Um dos gerentes disse que isso faz parte da opção familiar feita pela rede, mas que, se quiséssemos, existiam restaurantes e casas noturnas de alto gabarito nas proximidades que ele poderia nos indicar.


Ficamos aliaviados com isso.



Mas, no final das contas, quase não saímos de lá, pois a simples ideia de ter que se vestir para fazer alguma coisa já funcionava como um desestímulo.

Andar nu o dia inteiro ao longo de uma semana, sempre em contato com a Natureza, foi uma experiência rica ao extremo.

Depois desta experiência, qualquer barreira cultural que ainda me mantivesse refratário ao Naturismo acabou por dissipar-se.

Tornei-me um nudista convicto e praticante.



De volta à boa e velha Inglaterra, decidi aquelas lições aprendidas no La Jenny seriam aplicadas à minha vida social -- nem que fosse a vida social que levo dentro de meu apartamento.

Desde então, a primeira coisa que faço quando chego em casa do trabalho é tomar um bom banho e ficar nu.

E aos sábados e domingos, sempre que possível, reúno meus amigos e colegas de trabalho aqui em casa para almoços e jantares -- o único pré-requisito que exijo é que todos tirem as roupas ao chegar e fiquem completamente à vontade.

Tem funcionado relativamente bem.

Claro que, eventualmente, um ou outro casal de convidados se retira para algum interlúdio não-verbal em um dos cômodos da casa -- ou então, o interlúdio não-verbal acontece em minha sala de estar diante dos outros convidados, gerando uma reação em cadeia que acaba por culminar na boa, velha e sempre bem-vinda suruba.

Na medida em que meu apartamento não é, e nem pretende ser, "family friendly", não há o menor problema: todos podem ficar à vontade.

Para encerrar, eis aqui a receita de um prato que preparei para meus convidados em meados do ano passado, no Verão daqui, e que é muito adequado ao calor infernal que assola o Brasil neste momento. 




PENNE INTEGRAL AO MOLHO ORTOLANO

INGREDIENTES


1 pacote 500g Pennete Rigate Barilla

600g de tomate pelado picado (com sal e azeite)
300g de petit-pois na manteiga
500g de broccoli crocante
100g de alcaparras
20 azeitonas azapa graú as fatiadas
10 filetes de anchova picados bem fininho 

PREPARO


Após cozinhar o pennete em água com sal,

deixe a água escorrer
e misture à massa ainda quente
todos os ingredientes listados acima
dentro de uma tijela.

Cubra a tijela com papel laminado

e deixe descansar na geladeira
por cerca de 3 ou 4 horas.

Antes de servir,

rale parmesão em lascas por cima
e regue abundantemente com azeite


Serve 4 pessoas famintas

Para acompanhar, um chardonnay bem perfumado

vai fazer bonito. (bebemos 3 garrafas)

  

Por hoje é só, amigos leitores.


Até a próxima terça, cuidem-se bem, e não se comportem jamais.

Manuel Mann é escritor,
putanheiro de responsa
e executivo de imprensa
na Bronkson Thompson Inc.
Escreve sobre mulheres e comida
de vários cantos do mundo
nas Terças Sem Vergonha
de LEVA UM CASAQUINHO



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