Descendo do palco de janeiro e me preparando para fevereiro não sem rever 2001, um dos filmes mais perfeitos do cinema, uma obra prima. sem sombra de duvidas o melhor filme de Stanley Kubrick. A genialidade de Kubrick nos faz refletir e questionar nossa existência.Visita a aurora do homem, onde um monolito espacial alienígena é colocado na terra propositalmente, contribuindo para que nossos ancestrais comecem sua evolução. E numa sequência espetacular, Kubrick salta milênios até o ano 2001, num dos cortes mais espetaculares do cinema. Acompanhamos a missão de astronautas rumo ao planeta Júpiter, para investigar um sinal sonoro emitido de um “monolito” encontrado enterrado em solo lunar. É nessa parte que conhecemos o super computador HAL 9000, que é tido como perfeito, até que comete um erro, prejudicando a missão, e iniciando assim a angustiante batalha entre homem e máquina. Depois vamos para a parte final (a melhor e mais complexa), onde Kubrick nos revela o próximo passo da evolução humana. Num show de efeitos especiais. “2001” é a obra cinematográfica mais complexa já feita. Até hoje, ninguém pode dizer ao certo qual o significado real do filme, isso porque este é um filme que nos faz refletir, que levanta questionamentos, ele não dá respostas. E seus temas são muito complexos. Além disso, o filme não é apenas bom em conteúdo, ele é ótimo também na parte técnica, talvez o melhor filme técnico do cinema. Kubrick fez miséria com os poucos recursos da época, criando efeitos especiais que, se hoje ainda são sensacionais, imagine na década de 60. Muitos não gostam do ritmo lento do filme, mas não percebem que isso é mais um dos elementos propositais da obra, nada ali é sem sentido, tudo foi muito bem pensado. Kubrick também inovou, filmando algumas sequências de tensão com a câmera na mão, criando o conceito das “steadcams”. Enfim, Stanley Kubrick era um gênio, e “2001: Uma Odisseia no Espaço” é a prova disso. Um verdadeiro show visual, uma demonstração pura de genialidade, um espetáculo de música e imagens fantásticas (as cenas no espaço são ao som de “Danúbio Azul”). Com certeza, um dos melhores filmes de todos os tempos. Arthur C. Clarke, publicou em 1972 o livro: "Mundos Perdidos de 2001", que esclarece o filme desde sua gênese, nascido de um encontro que ele e Stanley Kubrick tiveram num "happening" em NY, em 1964. Ele, Arthur Clarke, havia antes dito: "Se você viu 2001 e não teve dúvidas, falhamos em nosso objetivo" Basicamente, "2001" é o desenvolvimento de um conto de A. Clarke, "The Sentinel", dos anos 50, e desenvolve uma das suas ideias centrais: a vida na Terra teve ajuda extraterrestre. Em "Mundos Perdidos...", um viajante espacial, de uma raça mais desenvolvida, vagava pelo espaço à procura de vida inteligente. Viajava já havia mais de 600 anos quando avistou a Terra. Os sensores da nave detectaram vida. O viajante desceu à Terra, e encontrou uma espécie de pequenos mamíferos que lutava pela sobrevivência. Era um grupo pequeno ameaçado de extinção. Eram fracos e pequenos demais para caçar. O viajante reconheceu, em seus olhos, que poderiam vir a ser uma espécie inteligente, no futuro. Então deu-lhes uma ajuda: ensinou-os a caçar usando paus e ossos como armas. Depois, foi embora, não sem antes deixar um sinal: na Lua, a 100 m de profundidade, deixou uma pirâmide (no filme um monólito) que emitia sinais de rádio para um ponto do espaço - Júpiter. Com isso, o viajante estabeleceu que queria contato com vida inteligente sim, mas não qualquer vida: quando o homem estivesse tão evoluído que explorasse a Lua, descobriria o monólito e entraria em contato com a civilização do viajante. O Negão foi preciso, não faria melhor querida Lucy Scatamacchia.
André Gide cuja grandeza propõe acolher tudo, a não deixar em si nenhuma voz sem eco. Nele vemos sua ascensão literária, as crises espirituais, as lutas consigo mesmo, e a imensa e terrível canseira que tudo isso lhe causava. Quem não tiver acesso aos diários (são de rara edição) pode ler qualquer um dos seus muitos romances e poemas, principalmente “Os frutos da terra”, “Os moedeiros falsos” ou “Os Subterrâneos do Vaticano”, que é a sua obra-prima. Em " O Imoralista " , Gide experimenta a possibilidade de repudiar em si o novo homem, fruto da educação e do condicionamento social, e fazer renascer o velho homem, o homem natural, com seus desejos e pulsões. Os eflúvios da juventude vão se dissipando, embora a convulsiva exasperação. exprobações e obstinação orgulhosa, com total segurança dogmática e visão clara das injustiças dos homens. Miguel vai em busca da felicidade vinculada à liberdade total: moral, física, psicológica, social...André produziu uma obra, uma obra importante, singular, irredutível, necessária.
Tenho mais alguns dias para passear pelas obras de André Gide, meu terceiro degrau do que projetei ler em 2017. Depois de " Os Moedeiros Falsos ", Gide sente ter enfim encerrado seu programa de criações, ficções e ensaios, que o habitava desde a juventude. Ele se afirmou, soube defender e ilustrar a causa da homossexualidade por mais três obras complementares. Este livro de André Gide, publicado em 1925, é retrato da crise de valores da burguesia intelectual parisiense dos anos vinte, um romance sobre os tormentos e tentações da adolescência, sobre a perversão e a marginalidade. História sobre a amizade, amor, ciúmes. Dois personagens pleiteiam ser escritores e se rivalizam. Bernard Profitendieu, jovem candidato a escritor, muito audacioso e ambicioso, de carácter decidido, no início do romance descobre ser filho bastardo e abandona a família. Aproxima-se da família Molinier. Olivier Molinier, candidato a escritor, terno e imaturo, é o maior amigo de Bernard. Édouard, romancista, tio de Olivier, o seu sobrinho preferido. Édouard termina um romance, a que chama “Os Moedeiros Falsos” (o livro dentro do livro, onde a ficção se mistura com a realidade) e escreve um diário, onde guarda confidências sobre as personagens do romance. Bernard, o seu secretário, apanha o diário e passa o seu conteúdo para nós, leitores. è indiscutível a complexidade do livro, nos faz andar numa linha divisória entre o real e a representação. André impõe um ritmo lento, mas ganhamos muito por saborear uma escrita brilhante.
Com a mão na maçaneta, pronto para abrir o salão fevereiro. É inegável meu gosto por autores franceses, especialmente simbolistas. Me encanta a oposição ao naturalismo e ao realismo por um grupo de autores vigorosos e excepcionais. Entro de cabeça no universo de Leon Bloy, Barbey d' Aurevillye Villier L'Isle Adam. Villier foi ligado a inúmeros autores, incluo Baudelaire de quem foi amigo desde os 20 anos. Começou por poemas, nunca consegui ler um sequer. Creio que " Deux essens de poésie " de 1858 e " Primeiras Poesias " de 1859 não foram editadas no Brasil. Sua produção literária surge antes de ser atraído pelo teatro e publicou " Contos " e " Isís " em 1962. Inquestionável com relação a qualidade, mas o reconhecimento veio com " Axel " infelizmente pós morte. Foi com "Axel" meu ponto de partida para ler Villier cujo livro de Edmond Wilson "Castelo de Axel" inteiramente dedicado aos simbolistas foi a chave do salão. O difícil foi ter os livros de Villier, se não fosse por amigos não os teria em acervo. Meu foco é o livro "Contos Cruéis" formados a partir de um conjunto de publicações em jornais e revistas. Em princípios me pareceu influenciado por Allan Poe, mas não, obviamente conhecia a obra principalmente por ser amigo de Baudelaire, tradutor francês. Autor de contos inquietantes, mórbidos, sobrenaturais, todos interferem na vida corrente. Pois fevereiro me dará o prazer de "Novos Contos Cruéis".
Ainda Villiers, Eu não me aventuraria a dizer que o conto cruel se constitui em um subgênero do conto, mas se for, forçoso será reconhecer o Conde Auguste Villiers de L’Isle-Adam (1838-1889) como o grande mestre desta forma narrativa. Antes dele, para não citar Sade e permanecer no século XIX, Prosper Mérimée (1803-1870) escrevera Mateo Falcone, sem dúvida um dos contos mais cruéis da literatura universal, por seu peso de relativismo moral. Também Edgar Allan Poe (1809-1849) já havia escrito, entre outros, O barril de Amontillado. Entre seus contemporâneos, Leon Bloy (1846-1917) e Guy de Maupassant (1850-1893) são os que mais se lhe aproximam no que tange a crueldade. Bloy, no entanto, resvala frequentemente para o humor negro, dada sua insistência no macabro, enquanto Maupassant, parece-me, amplia-se para outros horizontes não estritamente cruéis, mesmo que muitas vezes imorais. De modo que, no século XIX, nenhum desses contistas foram tão insistentes e constantes na crueldade, sob suas diversas formas, como foi Villiers de L’Isle-Adam. " Contos Cruéis " ganharam continuidade, surgiu " Novos Contos Cruéis " de 1883 e nesses novos contos surge " Véra " ( ,os contos “Véra”, “L’Intersigne” e “Souvenirs occultes” que estão traduzidos para o português em duas edições (VILLIERS DE L’ISLE_ADAM, 1971, 1987) que não é mais desse mundo, vive entregue a lembranças do amante e só estará realmente morta quando ele não a vir em sonho. Não há como esperar menos de quem conviveu com Mallarmé, Verlaine, Huysmans, Baudelaire entre outros em torno de uma mesa. Sua grandeza é nascedouro de grandes contos, em " L' inconnue " desfila um personagem em sua surdez que não ouve mais a voz da alma. Nos contos que usa o sarcasmo faz com elegância e humor suave e preciso. Sacode o sobrenatural do catolicismo, passeia nos caminhos obscuros do ocultismo, exorciza o real. Villiers é um iniciador de vários simbolistas franceses. Leitura obrigatória.
CAFÉ E BOM DIA PARA TODOS
Carlos Eduardo "Brizolinha" Motta
é poeta e proprietário
da banca de livros usados
mais charmosa da cidade de Santos,
situada à Rua Bahia sem número,
quase esquina com Mal. Deodoro,
ao lado do EMPÓRIO SAÚDE HOMEOFÓRMULA,
onde bebe vários cafés orgânicos por dia,
e da loja de equipamentos de áudio ORLANDO,
do amigo Orlando Valência.
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