por Fábio Campos
Entrei no cinema pra assistir Armas na Mesa somente pela Jessica Chastain, além de belíssima e talentosa, suas escolhas para atuar costumam ser boas. Tirando O Caçador e a Rainha do Gelo, não consigo lembrar de nenhum outro título que não seja, pelo menos, interessante.
Além da citada presença, nada mais me chamou a atenção. Sei lá porque, achei que era um filme de ação. Não podia estar mais errado, era um thriller politico.
Noutra época, quando o tempo médio de atenção humano era maior que o de um peixinho dourado – atualmente temos 9 segundos deles, contra 8 nossos – o thriller politico fez relativo sucesso, mas hoje, infelizmente, parece que as plateias não estão dispostas a encarar tramas com um pouco de complexidade na tela. O filme foi um enorme fracasso de bilheteria nos EUA e, a contar pelo numero de salas do lançamento e pelo número de pessoas numa sessão de sábado, isso vai se repetir aqui. Uma pena, pois o filme é bem interessante.
Elizabeth Sloan trabalha para um escritório especializado em lobby, tem uma boa reputação, trabalha 16 horas por dia, comanda uma equipe com mão de ferro e vive de estimulantes pra não dormir. Como todo bom lobista, vive na fronteira do legal e o ilegal, não tem escrúpulos, a não ser atender a solicitação do cliente, e possui uma extensa rede de contatos em Washington.
A firma de Sloan é contratada pela indústria de armas para evitar que uma nova lei, que endurece as exigências para compra de armas, seja aprovada. O contratante exige que ela cuide da campanha pessoalmente, mas ela acaba recebendo uma oferta de um escritório rival e muda de lado, trabalhando justamente para a aprovação da tal lei. A partir daí o filme foca na disputa, sem nenhum escrúpulo, entre sua atual agencia e o empregador anterior. Vale tudo para cooptar um senador para cada um dos lados, alguns lances lembram a atual disputa politica no Brasil, tem até algo semelhante a um pixuleco.
Como todo thriller politico que se preze, temos várias reviravoltas, além de diálogos carregados de ironia, que são o ponto alto do filme. Essa vida no limite do legal faz com que praticamente todos os personagens do filme sejam extremamente cínicos, o que rende diálogos divertidíssimos, que me lembraram os roteiros do Aaron Sorkin.
O diretor John Madden não compromete e entrega um filme ágil, que apesar de não ter uma postura neutra, felizmente, evita grandes julgamentos morais, se preocupando mais em dar uma mostra dos bastidores do poder, onde não existem mocinhos, do que apontar culpados.
O restante do elenco é bastante consistente, conta com jovens atores em ascensão como Alison Pill e Gugu Mbatha-Raw e ótimos veteranos, como John Lithgow e Sam Waterson.
Armas na Mesa é um filme que merecia melhor sorte, mas parece que atualmente politica só cabe em memes, não mais num longa metragem.
ARMAS NA MESA
(Miss Sloane, 2016, 132 minutos)
Direção
John Madden
Roteiro
Jonathan Perera
Elenco
Jessica Chastain
Mark Strong
Alison Pill
Gugu Mbatha-Raw
John Lithgow
Sam Waterson
em cartaz no Espaço Itaú Frei Caneca
e no Cinemark Pátio Higienópolis
Fábio Campos convive com filmes e música
desde que nasceu, 50 anos atrás.
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Seus textos sobre cinema passam ao largo
do vício da objetividade que norteia
a imensa maioria dos resenhistas.
Fábio é colaborador contumaz
de LEVA UM CASAQUINHO.
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