Ao envelhecer, Dorothy Parker afastou-se dos círculos intelectuais onde um dia chegou a ser considerada “a mulher mais espirituosa dos EUA”. E a mais amarga, também: morreu aos 73 anos, sozinha num quarto de hotel. Sua morte pegou de surpresa muitas pessoas que a imaginavam morta há muito tempo. Quando morreu, em seu testamento, para desespero de Lilian Hellman sua amiga e espécie de protetora de Dorothy (alguns dizem que ela esperava ser herdeira da amiga, fosse do que fosse) e espanto de todos os demais, havia deixado tudo o que possuia, para Martin Luther King (e a causa negra), a quem não conhecia e , ele, jamais sequer ouvira falar dela. Dorothy apoiou muitas causas da esquerda nos Estados Unidos. E chegou a ser alvo de investigações por supostas ligações com o comunismo. A tal Comissão Mc Carthy de investigações “antiamericanas”. Suas cinzas ficaram vinte anos num escritório jurídico, sem que ninguém as reclamasse. Coisas de Dorothy. Dorothy que certa vez, ao escolher seu epitáfio, escreveu: “Excuse my dust"..A GENIALIDADE DAS TIRADAS? - Grande parte delas ganharam vida, nas reuniões promovidas na famosa Round Table do (hotel) The Algoquin : ao lado de Dorothy Parker, Harold Ross (fundador da The New Yorker) e Robert Benchley, Franklin Pierce Adams, colunistas e Heywood Broun, Ruth Hale; o crítico Alexander Woollcott; o comediante Harpo Marx, os dramaturgos George S. Kaufman, Marc Connelly, a escritora Edna Ferber, e Robert Sherwood, todos esses formando o seleto e fechado vicious circle, a Mesa Redonda do Algonquin, que incorporou a fina flor da inteligência e o espírito de uma era em que foi mudado para sempre a cara do humor e costumes americanos. Da era do jazz, uma era de ouro. (*) A respeito das várias tentativas de suicídio, Dorothy, judia que era, chegada a uma tragédia, numa certa época, tentava o suicídio quase toda semana. Dizem que certa vez, o maravilhoso, adorável (esses adjetivos são meus) Robert Benchley , seu amigo, olhou para ela e, sinceramente, preocupadíssimo, lhe disse, “Dottie, tome cuidado, menina: essa coisa de tentar se suicidar toda semana, puxa, um dia você ainda acaba ficando doente!”.).Aqui, algumas dessas tiradas. Ave ! Dottie. ◾“Só exijo três coisas de um homem : que ele seja bonito, insensível e burro” •(Quando lhe disseram que sua arqui-rival, Clare Boothe Luce, era muito gentil “com os seus inferiores”): “E onde é que ela os encontra ?!?” •Ainda a respeito de Clare, que era a mulher do editor da Revista Time, ouviu desta, que era mais nova: “As velhas antes das belas”. A resposta foi: “As pérolas, antes das porcas” •“Essa mulher fala 18 línguas e não sabe dizer não em nenhuma delas” •“A cura para o tédio é a curiosidade. Não há cura para a curiosidade.” •“Brevidade é a alma de lingerie” (parafraseando Shakespeare que disse, “Brevidade é a alma do espírito –> “Brevity is the soul of wit”) •“Fui expulsa de um convento em Nova Iorque por insistir em que a Imaculada Conceição não passou de uma combustão espontânea” (essa aqui, aqui pra nós, é meio difícil de entender , seja em inglês ou em qualquer outra língua. Eu não entendi e também não gostei, mas como está entre as mais citadas… noblesse oblige) •“Dinheiro não pode comprar saúde. Mas eu me contentaria com uma cadeira de rodas cravejada de diamantes” . (adoro essa e sempre digo hohoho) •(Quando lhe pediram que dissesse o epitáfio que gostaria de ter sobre seu túmulo) “DESCULPE A POEIRA….DOROTHY tornou-se um daqueles casos em que a personalidade do artista supera sua obra na memória coletiva. A presença do inferno da rejeição, abandono, amores fracassados, alcoolismo, inúmeras tentativas de suicídio(*) e, principalmente, porque todos esses ingredientes sustentam as suas inúmeras tiradas de humor mordaz – por essas, absolutamente tantalizantes e geniais, é que Dorothy ficou, para sempre, na memória da literatura. DOROTHY produz poesia difícil de traduzir, mesmo tendo uma linguagem simples, de imagens fortes e diretas. Grande parte do seu charme reside em ser impecavelmente rimada e metrificada, a um ponto quase impossível de preservar nos versinhos curtos e compactos que eram sua forma predileta. Seu talento para a rima rica e original é também famoso. Seu poema mais conhecido talvez seja este: Navalha dói./Rios são úmidos./ Ácido mancha. Drogas dão cãibras./ Revólveres são ilegais. Forcas cedem. O gás tem um cheiro horrível. Melhor ficar viva.....Ave Dorothy!
Gore Vidal (1925-2012) nasceu em West Point, Nova York, no dia 03 de outubro de 1925. Viveu sua infância em Washington D.C. Seu pai foi aviador pioneiro que trabalhou para o governo do presidente Roosevelt. Em 1964, escreveu a biografia do imperador romano Juliano. Publicou histórias de detetive com o pseudônimo de Edgar Box. Escreveu uma série de livros, “as Narrativas do Império”, sobre os presidentes americanos e que passou a ser sua plataforma literária: “Burr” (1973), “1876” (1976), “Lincoln” (1984), “Empire” (1987), “Hollywood” (1990), “The Golden Age” (2000). Ainda escreveu uma série sobre a idade antiga, “Creation”, reeditado em 2002. A PRATELEIRA DOS ESQUECIDOS TIRA O PÓ DO LIVRO " CRIAÇÃO ". Ciro Epístama, neto de Zoroastro, filho de pai persa e mãe grega, é uma espécie de embaixador do reino persa. A ação se passa no século aV e Ciro é contemporâneo de figuras como Sócrates, Buda, Xerxes, Confúcio. Dario, o grande rei persa o envia em missão diplomática, primeiro à Índia e depois à China, com fins mais sondatórios visando a economia que outra coisa, por conhecer bem o país e seus mandantes. Ciro é um grande interessado em conhecer novas culturas, suas filosofias e religiões e é com esse olhar que vai nos apresentando essas grandes figuras da História, que são aqui personagens. O que mais chama a atenção é o sarcasmo afiadíssimo do autor, ele parece destilar veneno em cada parágrafo, sem exceção. Muitas vezes Ciro parece estar escrevendo para uma revista de fofoca, colocando esses grandes personagens históricos em situações muito divertidas que tiram aquela aura de seres inatingíveis e universais. Isso torna ainda mais difícil conseguir distinguir ficção da realidade. Livros assim sempre nos fazem questionar a forma com que a História nos é ensinada na escola.
Dizem me que a Biblioteca do Congresso Americano tem todos os livros, não acredito! Sei com certeza que muitos títulos que procuro não há bibliotecas num perímetro possível que os tenham. Tenho uma relação de livros que gostaria de ler e manosear, mas os arremedos de biblioteca dormem silenciosamente, vide o caso da Biblioteca de Cubatão. Onde estarão Reneé Vivien com seus onze livros de poemas. Gustave Toudouze - O romancista poético? Felix Arvers com seu poemas esquecidos, Joseph Autran com seus dois livros, Poemas Eu e A Lenda dos Paladinos? Marie Françoise Balard e o livro de poesias Amor Materno. assim como Alice de Chambrier e seu livro de contos e os dois de poemas, No Além e Poemas. Embora tenhamos todas as musicas de Camille Saint Saens onde andará seu livro de poemas Rimas Familiares e Retratos e Memórias, este último de prosa. Algumas informações obtive na rede social, muito rasas, decepcionantemente rasas, sendo que pelo fato de existirem me leva crer que estão num grau de importância bem menor que Verlaine, Baudelaire, Rimbaud, porém figuram no acervo digitalizado nalguma das 66 bibliotecas de Paris. Veja lá o grau de importância de Auguste Villiers de L'Isle Adam, simbolista, grande admirador de Poe, apaixonado pela musica de Wagner que com a idade de 17 anos em Paris e começou a frequentar os cafés literários, onde ele teve conhecimento do François Coppée e Charles Baudelaire. Com seus novos amigos de escritores Villiers de l'Isle-Adam assinou seus primeiros textos muito obscuros. Em 1866, o escritor publica 'Morgane', um drama em cinco actos de Théâtre de la Gaîté. No ano seguinte, ele se tornou editor da revista da literatura e das artes. Os colaboradores do jornal incluem Verlaine, Mallarmé e os irmãos Goncourt. L'Isle-Adam publicou o conto 'The Intersigne'. Entre as obras mais famosas do autor, há Os Contos Cruéis em 1883, bem como 'O futuro Eve' em 1886. Auguste Villiers de L’Isle-Adam morreu de câncer no estômago, no leito de um hospital, tendo ao seu lado Huysmans, Mallarmé e Marie Dantine, uma serviçal analfabeta com a qual vivia há dez anos e para a qual deixou o título de Condessa em um casamento in extremis.
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