Sunday, July 3, 2016

E NADA DE "ELVIS E NIXON" ESTREAR AQUI EM SANTOS ATÉ AGORA (por Fábio Campos)



Elvis & Nixon parte de uma curiosidade: a fotografia mais requisitada do Arquivo Nacional americano é de um encontro entre Elvis e o presidente Nixon, ocorrido em 21 de dezembro de 1970.

É muito curioso que entre tantas imagens essa seja a mais requisitada, provavelmente pela natureza insólita do encontro.

Como Nixon passou a gravar suas conversar na Casa Branca só a partir de 1971, a dramatização dos acontecimentos é uma suposição, baseada em depoimentos de alguns dos envolvidos e alguma imaginação.

Preocupado com o envolvimento da juventude americana com protestos e drogas, Elvis resolve se oferecer ao presidente como uma espécie de agente especial.

À primeira vista a história pode parecer monótona, mas a montagem ágil e o roteiro inteligente geram um filme divertidíssimo, daqueles que fazem a gente sair leve do cinema.


Há também uma critica interessante ao mundo das celebridades.

Elvis é retratado como alguém alienado, com uma ingenuidade quase infantil, o que gera situações muito engraçadas.

Mais de uma vez ele afirma que é um homem, não um menino, indicando a insegurança que é viver como uma celebridade, sempre protegido e com uma comitiva de assessores decidindo tudo por ele.

É muito interessante e engraçado ver o tamanho da popularidade do Elvis.

Num mundo com poucas celebridades mundiais, ele era A celebridade.

O resultado disso também é muito bem utilizado no filme.

Do lado do Nixon aquela coisa de sempre, já retratada em vários filmes, a rabugice e a vaidade.


A composição do Kevin Spacey abusa da postura e dos maneirismos que também são velhos conhecidos de outros filmes e documentários para compensar a falta de semelhança.

O resultado é muito bom, passado o estranhamento inicial, ficamos familiares com o seu Nixon.


Da mesma forma o ótimo Michael Shannon choca no inicio por não possuir a beleza que se espera de Elvis, mesmo que seja decadente, mas compensa com carisma construindo um Elvis memorável.

A trilha é bem esperta, sem nenhuma música do Elvis, mas ajuda bastante a costurar ritmo ágil do filme.

O filme passou praticamente despercebido nos cinemas, mas, se alguém quiser arriscar, vai se divertir bastante.

Pra mim foi umas mas maiores surpresas do ano até agora.

ELVIS & NIXON
(2016, 86 minutos)

Direção
Liza Johnson

Roteiro
Carey Elwes
Joey Sagal

Elenco
Michael Shannon
Kevin Spacey
Alex Pettyfer
Johnny Knoxville
Colin Hanks
Tate Donovan
Sky Ferreira



Fábio Campos convive com filmes
desde que nasceu, 49 anos atrás.
Seus textos sobre cinema passam ao largo
do vício da objetividade que norteia
a imensa maioria dos resenhistas.
Fábui é colaborador contumaz
de LEVA UM CASAQUINHO.




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