Tuesday, July 12, 2016

DA ALVORADA DA SACANAGEM À PUTARIA DOS DIAS DE HOJE #7 (por Odorico Azeitona)

Episódio de Hoje: Sexo em Movimento


Em 1895, os irmãos Lumière assombraram o mundo com a exibição de “A Saída dos Operários da Fábrica”.

A partir dali, com a revolucionária invenção do cinema, a imagem ganhava movimento.

E o sexo também.

Apenas um ano após esse acontecimento histórico, alguns cineastas já utilizavam a novidade para fins sacanas.

No início, os filmetes simplesmente mostravam mulheres tirando a roupa para a câmera.

Ainda assim: um escândalo.

O sucesso e o lucro dessas produções fizeram os diretores pensarem em algo ainda mais “estimulante”: filmes com cenas de sexo explícito.


Rodado em 1915, A Free Ride é a produção pornô mais antiga de que se tem notícia.

O documentário A History of Blue Movie, de Alex de Renzy, parte desse filme para traçar a trajetória da pornografia no cinema americano.

Na “trama” de A Free Ride, um rapaz dá carona para duas moças com quem, mais tarde, ele transa sob a sombra de uma árvore.

Com duração que variava de 7 a 15 minutos, esses filmes foram produzidos, primeiramente, nos Estados Unidos, França e Argentina.

Na tela, um repertório variado de “imoralidades”: sexo oral, lesbianismo, ménage-à-trois, entre outros.

Mas logo os “beatos” perceberam o “perigo” de tais produções e trataram de proibi-las.

O explícito cedeu lugar à insinuação.

E os filmes “mais pesados” começaram a ser feitos na Suécia, onde a sacanagem era permitida.



Só na década de 1970 os filmes de sexo explícito voltaram a circular em alguns cinemas vagabundos.

É desse período a produção pornô mais famosa de todos os tempos: Garganta Profunda, protagonizada pela gulosa Linda Lovelace.

O sucesso comercial do filme, que custou US$ 25 mil e faturou cerca de US$ 600 milhões, transformou a “atriz” em celebridade mundial.

Na trama –- esdrúxula e divertida –- Linda faz o papel de uma ex-engolidora de espadas que tem o clitóris na traquéia.

Para resolver o “problema”, ela pega todo elenco masculino do filme.

A história de Garganta Profunda virou documentário em 2004.

Sob o título Inside Deep Throat, os cineastas Fenton Bailey e Randy Barbato mostram o impacto cultural causado pelo filme e como ele influenciou a revolução sexual que ocorria na época do seu lançamento.



Das picantes aventuras sexuais de Linda Lovelace até os dias atuais, o cinema pornô evoluiu e se transformou num dos mais rentáveis do mercado do entretenimento.

Hoje, estima-se que a pornografia filmada – incluindo DVDs, fitas VHS e canais de TV a cabo dedicados a filmes de sexo explícito – movimente, por ano, cerca de US$ 15 bilhões.

E como você deve ter percebido, o cinema foi excluído dessa matemática.

Explico: com o surgimento do videocassete no começo dos anos de 1980, esse tipo de filme deixou as mal-cheirosas salas de cinema “para adultos” e foi parar definitivamente nas prateleiras das videolocadoras, onde estão entre os gêneros mais alugados.

Foi o videocassete, esse “dinossauro”, o responsável pela consolidação da indústria dos vídeos pornôs.



Atualmente, no circuito comercial, nada de pornografia “hardcore”, só os chamados “filmes eróticos” – aqueles que abusam da nudez e das cenas de sexo, mas sem mostrá-los às claras.

Alguns cineastas, no entanto, vêm extrapolando essa definição, incluindo cenas de hiper-realismo sexual em seus filmes – assim como fez em 1976 o japonês Nagisa Oshima em O Império dos Sentidos -– e intensificando ainda mais a discussão entre o que é pornográfico e o que é erótico, o que é apelação e o que é arte.

Com certeza, uma questão bastante controversa.

O crítico francês André Bazin, um dos defensores do realismo no cinema, repudiava cenas sexuais.

Dizia que, assim como a morte, sexo é algo íntimo, sagrado, que não se presta a ser filmado.

Para Jean Baudrillard, a pornografia matou a sedução e o erotismo.

De acordo com o pensador francês, “somos a cultura da ejaculação precoce”, em que prevalece “a instantaneidade do visual”.



Aqueles que repudiam a pornografia atentam para o que chamam de “banalidade do sexo” e afirmam que quanto mais explícitas as representações, menos eróticas elas o são.

Pode até ser, mas a julgar pela quantidade de pornografia à disposição –- na TV, nas bancas de jornal, nas videolocadoras e na internet – parece que ninguém está nteressado em teorizar o sexo e, sim, em vê-lo e experimentá-lo nos seus mais íntimos detalhes.

E o cinema, ao longo de sua história, sempre soube como despertar a libido da platéia: do polêmico O Último Tango em Paris (1972), de Bernardo Bertolucci, ao polêmico 9 Canções (2005), de Michael Winterbottom. O tempo passa e o sexo continua dando o que falar.





Odorico Azeitona pensa em sacanagem
24 horas por dia.
Por conta disso, decidiu começar a escrever
uma Breve História da Sacanagem
desde o início da Humanidade
até os dias de hoje.
Este é o segundo de sete artigos
sobre este assunto tão palpitante
e tão querido a todos nós.
Odorico escreve todas as semanas
em LEVA UM CASAQUINHO



No comments:

Post a Comment