Monday, July 4, 2016

UM LONGO VERÃO BABADO FORTÍSSIMO - PARTE 6 (por Jurema Cartwright)



Quando minhas queridas "companheiras em armas" Vesúvia e Luzinete subiram a bordo do Costa Pacífica para viver "Emoções" com Roberto Carlos, o inevitável aconteceu: elas entraram automaticamente em êxtase.

Quanto a mim, achei que iria entrar em estado de choque.

Como já era de se esperar, o status da peruagem e da cafonice reinantes no navio era de assustar, com um exército de interioranas maquiadíssimas usando camurça em pleno verão e se comportando como adolescentes tardias.

Eu fiz o que sempre faço: ao invés de deprimir, tentei ver o lado divertido da coisa -- e acreditem: não tive a menor dificuldade nisso.

Na verdade, difícil era não dar bandeira do quanto estava me divertindo em meio àquela jecaria triunfante.


Vimos Roberto Carlos fazendo seu jogo de cena habitual na hora do embarque.

As pessoas deliravam.

Claro que Roberto não permanece no navio junto com sua legião de fãs cafonérrimos.

Ele entra, posa para as fotos, e sai, para retornar a bordo via helicóptero pouco antes do seu show.

Roberto é tão chato e cheio de manias que a partir deste ano seu já tradicional show marítimo anual será realizado num mega-resort na Praia do Forte e não mais no navio.

Ou seja: os fãs irão até ele por alto mar, mas ele vai permanecer em terra firme.

Rei tem dessas coisas...


Como o show é o que menos importa -- ao menos, para mim --, vou deixar para falar do show dele agora, antes de tudo mais.

Foi muito chato, e muito pegajoso.

Não há nada mais irritante do que artistas como Roberto, que afagam o público sem parar do início ao fim de suas apresentações, sem se preocupar em momento algum em surpreender ou trazer alguma novidade para este público, naturalmente conservador.

E eu que achei que teríamos um "show intimista" de Roberto, conforme anunciado no material promocional do Cruzeiro Emoções.

Desde quando um show intimista coloca um Cadillac Fleetwood vermelho modelo 1960 bem no meio do palco?

Foi tudo conversa mole.

O que vimos foi apenas o Roberto Carlos de sempre fazendo o "mais do mesmo" de sempre, só que com uma taça de champagne na mão e uma banda sensivelmente menor do que as que ele convoca para os shows em terra firme.


Agora chega de falar de Roberto Carlos e vamos ao que realmente interessa:

As mulheres.

Minhas queridas Luzinete e Vesúvia embarcaram no Costa Pacífica com malas cheias e um enxoval todo novo -- muito mais que o necessário para 5 dias de viagem

Vesúvia deve ter comprado o catálogo completo da Vitoria's Secret antes de viajar. Trouxe na mala uma verdadeira coleção de peças de lingerie e roupas de banho muito provocantes, deixando claro que pretendia trocar de roupa íntima ou de roupa de banho algumas vezes por dia durante a viagem. Fez questão de desfilar para mim mostrando peça por peça que comprou, para tentar me tirar do sério. Fiquei encantada com o que vi, mas achei melhor me segurar para mais tarde. Não é que a capirona tinha bom gosto? Adorei as calcinhas de renda, as calcinhas sem renda, os fios-dentais, as cintas-ligas, as blusas decotadas, as blusas tomara-que-caia, as blusas transparentes, os vestidos com as costas nuas... Tudo o que ela escolheu caiu feito uma pluma em seu corpo violão. Gostosíssima!

Já Luzinete -- vou chamá-la apenas de Lu daqui por diante, ninguém merece um nome desses --  -- optou pelo básico: trouxe apenas dois biquinis minúsculos bem escandalosos para usar na piscina e nenhuma roupa de baixo, alegando que queria que a brisa do mar "soprasse em sua bacurinha cansada de tanto suar" ao longo dos 5 dias de viagem. Os vestidos novos que ela trouxe eram decotadíssimos e deliciosamente escandalosos: um mix de cores primárias capazes de roubar a cena em meio àquelas mulheres com "trajes de gala" que mais lembravam cortinas de salões de festas de clubes ingleses tradicionais.

Lu ficou enciumada com minha reação ao desfile de Vesúvia pela cabine, mas não passou recibo. Simplesmente me advertiu que se eu estivesse pensando em descansar na viagem, seria melhor tirar o cavalinho da chuva, pois uma grande novidade esperava por mim em alto mar, e que eu não perdia por esperar.

Senti firmeza na "ameaça" dela. Coisa de mulher de atitude, que sabe o que quer. Gosto de mulheres assim. Eu sou abelha-rainha e adoro quando desafiam minha "autoridade" com "recados" desse tipo.

Quanto a mim, optei por trazer pouca roupa, mas não abri mão de meu tablet com alguns livros novos, um pen drive com alguns filmes novos que baixei da web e, claro, minha sacolinha de truques revestida em crochê -- coisa de menina moça tardia auto-suficiente em termos sexuais.

Engraçado foi na hora do embarque, quando fui revistada para checar se não trazia armas ou garrafas alcoólicas camufladas. O inspetor da Costa ficou meio encabulado quando viu a sacolinha meu pequeno arsenal de dildos.

Não teve coragem de examiná-los com as mãos, e nem fez perguntas.

Foi engraçado.


A tal surpresa de que Lu falou aconteceu na noite do nosso segundo dia no navio.

Descemos para jantar e seguimos para ver um dos vários shows programados como abre-alas para o show de Roberto.

Para minha surpresa, quem estava no palco era uma velha conhecida: Enza Flori.


Enza foi, em meados dos Anos 60, uma espécie de versão paulistana de Rita Pavone, grande ícone pop adolescente italiana que fazia um sucesso estrondoso aqui no Brasil.

Nascida em Napoles, naturalizada brasileira, Enza chegou a gravar alguns compactos de sucesso, mas, infelizmente, acabou meio perdida na periferia do elenco da Jovem Guarda e sua carreira musical não sobreviveu ao fim do programa da TV Record.

Enza estudou Arquitetura, virou decoradora de ambientes, casou, teve filhos e só 20 anos atrás voltou a cantar, mas anonimamente, à frente de orquestras, com repertório genérico em bailes e festas para a Comunidade Italiana em São Paulo.

Sou fã de verdade, sei tudo sobre ela.

Quem resgatou Enza -- que, diga-se de passagem, está linda aos 60 e poucos anos -- foi o próprio Roberto Carlos, que a chamou para abrir seus shows nesses 12 anos de Cruzeiro Emoções e, com isso, fez com que sua carreira musical fosse reativada.

Pensei em perguntar para Lu como ela sabia que eu conhecia Enza Flori, mas de repente lembrei de uma noite em que escutávamos velhos compactos lá em casa e mostrei para ela alguns de Enza que estavam preservados depois de tanto tempo.

Lu com certeza não esqueceu disso. 


Ao final do show, Enza veio à nossa mesa. Já tinha combinado isso com Lu. Conversamos bastante, lembramos de como era São Paulo na segunda metade dos Anos 60. Enza contou histórias muito divertidas sobre como o showbiz era respeitoso naquele tempo, muito diferente dessa putaria que é hoje.

Ao final da conversa, Enza disse: "Olha, meninas, só não acompanho vocês na farra desta noite porque não tenho o hábito de transar mulheres, mas minha produtora é do babado... posso apresentá-la a vocês?"

Quando a produtora de Enza veio até nós, me engasguei: era uma loira enorme, muito bonita, mas meio desajeitada, chamada Tônia. Sentou-se com a gente e em menos de 15 minutos já estávamos as quatro em nossa cabine, trocando mais óleo que a Casa de Máquinas do Costa Pacífica.

Depois de uma hora de muita festa, Lu e Vesúvia levantaram, se vestiram e nos deixaram a sós, pois tinham combinado encontrar com dois homens que haviam conhecido na piscina durante o dia.

Ficamos Tônia e eu na cama mais algumas horas. Demos muitas risadas. Tônia imitou Enza Flori cantando suas velhas canções. Cantamos juntas. Rolou uma tesourinha bastante intensa em seguida, e depois brincamos com os dildos da minha "sacolinha de truques". Eram poucos, mas davam conta do recado.


Por volta das 4 da manhã, Tônia e eu tomamos um banho juntas e ela se despediu e voltou para sua cabine.

Meia hora mais tarde, Lu e Vesúvia chegam trazendo os dois bofes da piscina para dentro da nossa cabine, e perguntam se eu não toparia um ménage à cinq com eles.

Digo que sim, e a suruba começa.

Como meus dildos estão à mão, aproveito para enfiar um deles no cu de um dos rapazes enquanto ele carca o bucetão aconchegante de Lu.

Ele reage bem à intervenção, e Lu sente a diferença na pegada.

A brincadeira começa a ficar bem interessante, só que o bofe não aguenta tanto tesão e goza abundantemente nos peitos e na barriga de Lu.

Mas então, quando eu aproximo o dildo do cu do sujeito que está socando o bucetão de Vesúvia, ele se levanta aos berros, dizendo "no meu cu, não!" e sai correndo pelado pelo corredor do navio, fugindo de nós.

Seu amigo pega suas roupas e as do amigo e se despede, indo atrás dele e nos deixando rindo sozinhas na cabine.

O jeito, a partir daí, foi começarmos nossa própria brincadeira.

E foi o que fizemos, com gosto, como há tempos não fazíamos.

Ainda tínhamos 3 dias nas dependências daquele navio... 3 dias bem quentes e promissores... pela frente, por trás, por todos os lados. 


(continua na próxima terça...)

Jurema Cartwright é mineira de Muzambinho.
Tem 69 anos de idade, mas não aparenta.
Fã confessa de Oriana Fallaci,
circulou pelo mundo em busca de reportagens bombásticas
e chegou a ter alguma projeção nos anos 70 e 80.
Mas dos Anos 90 para cá
deixou o jornalismo investigativo de lado,
virou executiva de imprensa na Área Portuária
e passou a escrever exclusivamente sobre lesbianismo
e a fotografar profissionalmente.
Vive em São Vicente, SP.


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