Thursday, February 11, 2016

2 OPINIÕES DE 2 CRÍTICOS DIFERENTES SOBRE A NOVÍSSIMA EXTRAVAGÂNCIA DA MARVEL FILMS


DEADPOOL É SURPREENDENTE E TRAZ FÔLEGO NOVO A UM GÊNERO CANSADO.

por Renato Marafon
para CinePop


Por maior fã de quadrinhos que você seja, é impossível negar que os filmes de super-heróis estão saturados. Sem grandes inovações, todos os filmes atuais parecem seguir a mesma fórmula para apresentar suas histórias. Seja o tom sombrio criado por Christopher Nolan em sua trilogia ‘Batman‘, reproduzido às pampas nos filmes seguintes de super-heróis, ou o estilo brincalhão dos filmes da Marvel, que apesar de cenas sombrias, sempre coloca uma piadinha entre um momento dramático e outro.

Os cinéfilos pediam algo inovador, um filme que pudesse quebrar essa fórmula batida e adicionar sangue fresco nesse “novo” gênero tão querido.

E o sangue fresco acaba de surgir, em sua melhor forma, com o hilário ‘Deadpool‘. Sim, trata-se de um dos melhores filmes baseado em quadrinhos dos últimos anos, e olha que concorrência não faltou.

O maior acerto do filme está no roteiro brilhante da dupla Rhett Reese e Paul Wernick (‘Zumbilândia’), repleto de piadas de cunho sexual, metalinguagem abusiva, linguagem nerd e referências a milhares de outros produtos pop: passando por ‘Lanterna Verde‘, os ‘X-Men‘, a cantora Sinead O’Connor e chegando em piadas hilárias, como uma sobre os atores Patrick Stewart e James McAvow.

Em nenhum momento a produção se leva a sério, e acerta em cheio: você ri com o personagem, e todas as piadinhas do mercenário tagarela funcionam brilhantemente, sem exceções.

O roteiro quebra totalmente a fórmula dos filmes de quadrinhos, e utiliza “flashbacks” em meio às cenas de ação para contar como o personagem foi parar ali e como era sua vida antes de se tornar um super-herói – na verdade, ele se denomina como um anti-herói… e com razão.

Essa transição entre o passado do personagem e o presente é brilhantemente amarrada, deixando o espectador ligado em cada segundo da produção.

Após ‘X-Men Origens: Wolverine‘ fracassar nas bilheterias, a maioria dos fãs nunca esperava ver um filme do ‘Deadpool‘ nas telonas. Porém, o ator Ryan Reynolds foi insistente e passou anos lutando pelo projeto, diminuindo inclusive seu salário para que o filme pudesse ter classificação Rated R (menores de 17 anos somente acompanhados por um responsável).

E a alta classificação dá o tom do filme, fazendo valer os ingressos a menos que a produção venderá para adolescentes. “Excesso de violência, linguagem inapropriada, conteúdo sexual e nudez gráfica”, tudo em grandes doses. Que delícia!

A metalinguagem também está presente, com várias referências ao universo ‘X-Men’, cenas em que o personagem conversa com o público e uma auto paródia hilária.

Reynolds encontra o papel de sua vida: ele é Deadpool! Falando o tempo todo com ironia, o astro dá um show de atuação e veste a camisa do personagem, de uma maneira que vai deliciar até o fã mais xiita do personagem nos quadrinhos. A bela brasileira Morena Baccarin rouba a cena como Vanessa Carlysle, uma prostituta com um passado triste que conquistará o coração do mercenário. Outros ótimos acertos do elenco são Gina Carano (Angel Dust) e Ed Skrein (Ajax), que brilham como os divertidos vilões do filme.

O único ponto fraco é o Colossus, que traz um sotaque pesado e carregado do ator Stefan Kapicic – que em alguns momentos chega a irritar.

Ah sim, Stan Lee está lá! Aqui, ele tem a participação mais safadinha e engraçada de toda a história dos filmes da “Marvel”.

Com uma direção audaciosa e brilhante de Tim Miller, ‘Deadpool‘ renova os filmes de quadrinhos e nos entrega a melhor e mais irreverente adaptação dos últimos anos, tão foda quanto personagem principal. Um acerto épico para a Fox depois de deixar os fãs fudidos com ‘Quarteto Fantástico‘.

Chimichanga, ‘Deadpool‘. Seu filme é fodástico!

Obs: Fique até os créditos acabarem, que valerá a pena.



DEADPOOL: O CANTO DA TAGARELA SEDUZ

por Renato Hermsdorff
para AdoroCinema


Na música “Canto de Ossanha”, o poeta Vinicius de Moraes dizia, sabiamente: “O homem que diz ‘sou’ não é/ Porque quem é mesmo é ‘não sou’”. Deadpool se apresenta, na abertura mesmo, como “mais um filme de super-herói”, com “mais uma garota gostosa”, “mais um vilão de sotaque britânico”, “mais um personagem inteiramente gerado em CGI”, e por aí vai. E por quê? Porque os realizadores (incluindo Ryan Reynolds no papel de produtor) sabem que o produto que estão entregando está bem longe de ser mais do mesmo. E eles tiveram colhões.

Acredite em tudo o que você eventualmente leu a respeito do filme. Ele é ácido como Reynolds queria – e comemorou quando o filme pegou a classificação indicativa mais restrita do órgão responsável norte-americano. E, embora muitas cenas tenham sido divulgadas até a estreia, o melhor ainda foi mantido inédito. Acredite.

Caso você tenha optado por se manter alheio, aqui vai um resumo da trama: o mercenário Wade Wilson (Quem? Reynolds, claro) ganha seu trocado aplicando pequenos golpes. Leva uma vida relativamente tranquila, mas também sem grandes emoções. Até que... conhece a prostituta Vanessa Carlysle (Morena Baccarin), por quem se apaixona. Até que... é diagnosticado com câncer terminal. A esperança do rapaz reside em um polêmico tratamento comandado por um sujeito de nome Ajax (Ed Skrein). Porém, há efeitos colaterais. Além de adquirir poderes sobre-humanos, Wade fica com a cara de... “um abacate que transou com um abacate mais velho ainda” (isso é uma citação).

Os diálogos do roteiro escrito por Rhett Reese e Paul Wernick (ambos autores de Zumbilândia) fazem jus ao humor do personagem que ganhou a alcunha de “mercenário tagarela”, que não poupa ninguém. Sobra para Ryan Reynolds, para os X-Men, para a própria Fox, distribuidora do longa, Hugh Jackman, Liam Neeson, Um Lugar Chamado Notting Hill. Apesar do texto ágil e afiado (não pisque os ouvidos), a trama central é relativamente simples e previsível. Mas cumpre a função de apresentar um personagem não tão conhecido do grande público.

O mais importante aqui são os pequenos arcos das cenas – o clipe que mostra Wade e Vanessa “se conhecendo melhor” é tão estranhamente romântico, que merece entrar para a posteridade do cinema (sem exagero). Apesar do tom didático (é preciso, afinal estamos falando de um universo novo para a grande maioria da audiência), a montagem é dinâmica, calcada na ausência de linearidade – recurso que cumpre bem a função de instigar o interesse da plateia.

Ação? Tem também e é outro trunfo do longa de estreia do diretor Tim Miller (até então mais conhecido por seu trabalho de supervisor de efeitos especiais de Scott Pilgrim Contra o Mundo). A violência é usada numa escala compatível com a do humor. Numa direção oposta à do frenesi de Michael Bay, por exemplo, aqui é possível “apreciar” cada detalhe dos embates, muitas vezes, em câmera lenta mesmo (pode até piscar - os olhos mesmo). Não, você não está sendo enganado.

Se, nos quadrinhos, Wade Wilson ficou conhecido pela quebra da quarta parede, nos cinemas ele põe 16 abaixo. E Deadpool resulta em uma espécie de Guardiões da Galáxia (que, verdade seja dita, renovou o humor dos filmes de super-heróis) para adultos. Pode cair no canto do Tagarela.

DEADPOOL
(Deadpool, 2016, 108 minutos)

Direção
Tim Miller

Roteiro
Rhett Reese
Paul Wernick

Elenco
Ryan Reynolds
Morena Baccarin
Ed Skrein
Gina Carano
Brianna Hildebrand
T J Miller
Andre Tricoteux
Leslie Uggams


em cartaz nas Redes Roxy, Cinespaço e Cinemark


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