Thursday, February 18, 2016

2 OPINIÕES DE 2 CRÍTICOS SOBRE A NOVÍSSIMA AVENTURA DRAMÁTICA DA DISNEY FILMS


"HORAS DECISIVAS": UM FILME SURPREENDENTE

por João Carlos Correia
para Observatório do Cinema


São nas adversidades e, algumas vezes, em pessoas que não inspiram muita confiança, que a coragem e o senso de dever afloram. Essas são as premissas iniciais do surpreendente filme Horas Decisivas, do diretor australiano Craig Gilesppie.

Bernie Weller (Chris Pine) é um oficial da guarda costeira dos EUA relutante, mas muito eficiente, que sempre segue os regulamentos e vive em uma pequena cidade do litoral de Massachussets, ao norte do país. Ele tem um relacionamento com a bonita Miriam (a inglesa Holliday Granger), de personalidade forte e que trabalha como telefonista. Ambos se conheceram em 1951, em um encontro às escuras, apaixonaram-se à primeira vista, namoraram durante um ano e ficaram noivos.

Em 1952, o navio petroleiro SS Pendleton retorna para casa em meio a uma terrível tempestade, que acaba por, literalmente, rachar o navio ao meio. Com apenas metade do navio e da tripulação, o impopular engenheiro-chefe Ray Sybert (Casey Affleck) assume o comando e tenta levar o que sobrou da embarcação o mais próximo possível da costa para que sejam resgatados.

Ao tomar conhecimento do acidente, o comandante da guarda costeira Daniel Cluff (o australiano Eric Bana) ordena que Bernie constitua uma tripulação para resgatar a tripulação do Pendleton. Entre os escolhidos está o oficial Richard Livesey (Ben Foster) que não confia em Bernie devido a um erro que este cometeu no passado. Os oficiais devem correr contra o tempo e o furioso temporal para poderem efetuar o resgate.

Baseado no livro The Finest Hours, dos escritores estadunidenses Casey Sherman e Michael J. Tougias, este filme foi uma surpresa para mim em todos os sentidos. Confesso que achava que seria apenas mais um filme de ação como dezenas de outros que aparecem todos os anos, mas, para grande satisfação minha e dos apreciadores de um bom filme, Horas Decisivas vai muito além.

Craig Gilesppie é ainda um nome não tão conhecido do grande público em geral. Começou sua carreira na publicidade – fazia comerciais de televisão – e seus trabalhos mais conhecidos no Brasil são a série de TV United States of Tara (2009-2011) e o remake d’ A Hora do Espanto (2011). Ainda não é considerado um nome do primeiro time de Hollywood, mas, após este filme, é bem possível que essa situação mude.

Seu trabalho de direção está firme e seguro na direção de atores e nas cenas de ação que, aliás, são emocionantes. É um trabalho na medida certa, que não torna o filme piegas ou exagerado no geral, no que é auxiliado pelos excelentes efeitos especiais tanto nas tomadas submarinas quanto nas de superfície, na fotografia do espanhol Javier Aguirresarobe (Vicky Cristina Barcelona) e na trilha sonora de Carter Burwell (Carol).

Chris Pine está muito bem no papel de Bernie, alguém humano, que segue regulamentos à risca, seja no trabalho ou na vida privada. Chega a duvidar da própria competência devido a um erro do passado que o atormenta, mas é alguém altamente cioso de seu dever e consciente que este deve ser cumprido, mesmo com o risco da própria vida. Parece que Chris nasceu mesmo para ser capitão (nos filmes, bem entendido).

Casey Affleck também está ótimo no papel do engenheiro-chefe Ray Sybert, um homem mais afeito às máquinas do que às pessoas, o que não o torna muito simpático entre os tripulantes do Pendleton. Assim como Bernie e à sua maneira, é também alguém cioso e consciente de seu dever para com a tripulação, o que o leva a conflitos com alguns tripulantes que não confiam nele, também do mesmo modo que Richard não confia em Bernie. Esse paralelo de semelhanças entre Bernie e Ray é uma boa sacada do filme e faz com que os dois personagens de personalidades diferentes se aproximem.

Entre os coadjuvantes, há dois que se destacam. O primeiro é o escocês Graham McTavish, como o experiente marujo do Pendleton Frank Fauteux, chamado de “Pops” pelos tripulantes. Os tradutores foram muito infelizes em traduzir a palavra “Pops” como “coroa”. “Pops”, na verdade, é um diminutivo de pai e pode ser traduzido como “paizinho” ou “papi” (como no filme O Exterminador do Futuro: Gênesis) e é usado de forma carinhosa para o próprio pai ou alguém mais velho. Que mancada!

O outro coadjuvante de destaque é Abraham Benrubi no papel do cozinheiro grandão, cantador e simpático “Tiny” Myers. Esse apelido foi uma boa piada, pois, em inglês, “Tiny” significa “pequeno”. O único porém do filme foi com relação a dois personagens cuja importância foi diminuída por parte de um e aumentada por parte de outro.

O personagem de Eric Bana, o comandante Daniel Cluff, é visto apenas como o chato do filme, cujo sotaque recebe a implicância de todos quando, na vida real, sua importância foi bem maior. Foi uma pena e um desperdício usarem um ator bom como Bana de um modo tão reduzido assim.

Já Miriam, a personagem de Holliday Granger, ao contrário de Cluff, teve sua importância excessivamente aumentada. Ela faz bem sua personagem de forte personalidade, mas achei forçada a cena na qual é ela quem tem a ideia de ajudar o barco de Bernie a voltar para a costa. Além do mais, achei que ela estava maquiada e vestida mais como uma estrela de cinema da época do que uma jovem da Classe Trabalhadora. Não que isso seja um demérito em si, mas tirou um pouco do realismo.

Colocando tudo na balança, ela pende mais do que a favor. Horas Decisivas é um filme com grandes e fortes emoções, que vai, certamente, agradar ao público e é candidato a ser uma das grandes surpresas da temporada de cinema de 2016. Podem assistir sem receio, pois a diversão é garantida.



"HORAS DECISIVAS": UM FILME EFICAZ, MAS NADA MEMORÁVEL

por Victor Piacenti
para CCine10

O filme é baseado em fatos reais e mostra o resgate de 32 marinheiros, cujo o navio foi partido ao meio, em um barco que só tem capacidade para 12 e foi considerado um dos maiores atos heróicos da história americana. O problema desta bomba é que o roteiro alterna a narrativa entre a galera que tá sofrendo com a morte iminente e o personagem interpretado por Chris Pine, que além de demonstrar ser um ator limitadíssimo, tem uma trama de ‘o amor nos guiará’ que chega a dar sono. Como se a atuação sonsa dele já não fosse um problemão, eles insistem em focar nessa babaquice e deixam o povo do navio em segundo plano, resumindo: tédio. Cara, foca na tragédia que é sucesso, não fica tentando forçar a barra por que todos sabemos que não vai rolar. ‘Horas Decisivas’ tenta de qualquer jeito te convencer, mas sem personagens carismáticos e um foco, isso fica bem difícil. E olha que eu sou chorão, viu?

O pior de tudo é saber que o filme tinha potencial e eles desperdiçaram para focar em um romance extremamente meia boca. Não custava nada sentar um monte de marmanjo na mesa e decidir o que REALMENTE fariam. Quando passam o bastão para o personagem do Casey Affleck no navio, a coisa muda e parece que encontraram o rumo, mas não… Chris Pine sempre retorna para mostrar que estamos errados. Ou seja, apesar de ótimos efeitos e uma direção razoável, o que vemos é um filme que o SBT vai amar exibir em um sábado a noite e por mais que isso não seja necessariamente um defeito, ‘Horas Decisivas’ não passa de uma produção genérica, esquecível e que não desperta muitas emoções no espectador. Tem seus momentos bons, as cenas de ação são bem feitas, mas ainda assim não tornam este filme memorável. Uma pena.


HORAS DECISIVAS
(The Finest Hours, 2016, 117 minutos)

Direção
Craig Gillespie

Roteiro
Paul Tamasy
Eric Johnson

 Elenco
Chris Pine
Eric Bana
Casey Affleck
Ben Foster
Holly Gainger


em cartaz nas Redes Roxy, Cinemark e Cinespaço


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