Modesty Blaise foi a resposta feminina a James Bond nos Anos 60.
Criada e desenhada por Peter O'Donnell, sua tira foi publicada no jornal London Evening Standard por 40 anos e fez sucesso no mundo inteiro.
Aqui no Brasil, suas aventuras eram publicadas na página de quadrinhos do Jornal da Tarde.
O histórico de Modesty Blaise é muito curioso.
Sofria de amnésia desde a infância, e conseguiu fugir de um campo de refugiados em Kalyros, Grécia, no final da Segunda Guerra Mundial.
Vagou pelo Norte da África, Mediterrâneo e Oriente Médio no pós-guerra, cometendo pequenos crimes para conseguir sobreviver naquele ambiente hostil.
Já quase adulta, conheceu um refugiado húngaro chamado Lob, que a educou e lhe deu o nome Modesty -- ao qual ela adicionou o sobrenome Blaise, referente ao tutor do mago Merlin na lenda do Rei Arthur.
Modesty rapidamente ascende na hierarquia do submundo do crime, operando em Casinos.
Torna-se chefe de uma quadrilha em Tânger e cria uma organização chamada REDE.
É quando ela conheceu Willie Galvin, que pouco a pouco se torna seu braço direito.
Detalhe: nunca rolou nada entre eles além de um relacionamento estritamente platônico, pois ambos sempre souberam que um envolvimento sexual poderia arruinar o equilíbrio que existia entre eles -- se bem que a tensão sexual entre os dois sempre foi indisfarçável.
Torna-se chefe de uma quadrilha em Tânger e cria uma organização chamada REDE.
É quando ela conheceu Willie Galvin, que pouco a pouco se torna seu braço direito.
Detalhe: nunca rolou nada entre eles além de um relacionamento estritamente platônico, pois ambos sempre souberam que um envolvimento sexual poderia arruinar o equilíbrio que existia entre eles -- se bem que a tensão sexual entre os dois sempre foi indisfarçável.
Aos trinta e poucos anos de idade, Modesty conclui que já havia acumulado dinheiro suficiente para se aposentar de sua vida de crimes na REDE, e decide ir morar na boa e velha Inglaterra.
Willie, naturalmente, a acompanha.
Lá, ela conhece Sir Gerald Tarrant, um alto oficial do Serviço Secreto Britânico, que conhece seu passado e, para não prendê-la, decide recrutá-la como Agente Secreta.
É a partir daí que começam as aventuras da espiã Modesty Blaise.
Como de hábito, Willie vem no pacote.
Em suas viagens, Modesty e Willie ajudam pessoas em situações de necessidade enquanto enfrentam bandidos excêntricos em lugares distantes -- muitos deles, sintomaticamente, amigos ou inimigos da época da REDE.
Os dois raramente matam alguém, apesar de terem licença para matar, pois são treinados em artes marciais e preferem fazer uso de um arsenal de armas não-letais.
Para Peter O'Donnell, o maior desafio de sua carreira foi tirar Modesty Blaise dos quadrinhos, onde era extremamente popular, e escrever um roteiro para um filme com ela.
O filme "Modesty Blaise" foi lançado em 1966, dirigido pelo talentosíssimo Joseph Losey e estrelado pela maravilhosa Monica Vitti.
Antes de escrever o roteiro, no entanto, O'Donnell optou por escrever um romance sobre Modesty Blaise, para em seguida adaptá-lo ao cinema.
Foi o primeiro de uma série de 30 livros estrelados por sua bela e insinuante heróina.
Quanto ao filme, infelizmente não obteve o sucesso de público esperado.
Por conta disso, não gerou uma sequência.
Só em 2002 Modesty Blaise retornou à tela grande através de Quentin Tarantino, fã incondicional da espiã, que adaptou um dos romances de O'Donnell para o cinema.
"Meu Nome É Modesty" teve pouca repercussão, mas agradou aos fãs das tiras e dos romances de Modesty Blaise -- além, é claro, dos fãs habituais de Tarantino.
Quem interpretou Modesty foi a bela novata Alexandra Staden, que lembra vagamente a saudosa Silvia Kristel.
Kingsley Amis, grande romancista inglês -- pai do também grande romancista Martin Amis -- foi talvez o primeiro escritor de prestígio a saudar as virtudes de Ian Fleming como escritor e dar respeitabilidade a James Bond 007 perante a intelectualidade britânica.
Vejam o bilhete carinhoso que Kingsley Amis enviou a Peter O'Donnell no início dos Anos 70:
"Eu só quero agradecer-lhe e felicitá-lo por escrever os livros de Modesty Blaise. Eles são infinitamente fascinantes. Eu os li pela segunda vez recentemente quando derrubado por uma gripe implacável, e tenho certeza que eles fizeram tanto quanto o médico me fez colocar em pé novamente."
Peter O'Donnell nasceu em Londres em 11 de abril de 1920.
Seu pai, Bernard, era um repórter policial.
Lutou pelo Exército Britânico durante a Segunda Guerra Mundial, servindo na França, na Pérsia, no Iraque, na Síria, no Líbano, no Egito, na Itália e na Grécia.
Suas experiências nesses lugares ele transferiu para Modesty em seu início de vida, o que forneceu à ela credibilidade, além de um estofo existencial sólido e robusto.
Foram nada menos que noventa e seis histórias em quadrinhos e trinta livros.
Morreu aos 90 anos de idade em 3 de Maio de 2010.
Nunca quis que outros escritores dessem continuidade a Modesty Blaise.
Por conta disso, optou por matar Modesty Blaise em seu último romance, "The Trap Cobra", passado quinze anos depois da maioria de suas aventuras.
Ela é dignosticada com um tumor cerebral inoperável, e então decide se sacrificar para salvar um trem cheio de inocentes de um grupo de terroristas.
Ela e Willie são mortos a tiros.
O'Donnell, no entanto, não teve coragem de repetir esse final violento quando adaptou a história para os quadrinhos.
Optou por uma morte alegórica para ela e Willie, num cenário de por do sol, depois de terem doado um tesouro para o Exército da Salvação.
Modesty diz para Willie:
"Sem vilões, nem vítimas, nem sangue, suor e lágrimas... vamos fazer uma pequena pausa, Willie querido, só você e eu."
E Willie, sempre galante, responde:
"Melhor assim, princesa, melhor assim."
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