Há cerca de 2 meses, um comercial da Igreja foi recusado por uma rede de cinemas da Inglaterra. Num país de maioria católica, a repercussão, como era de se esperar, foi enorme e a polêmica tomou conta dos jornais e especialmente das redes sociais.
O vídeo (acesse o link e assista) mostra homens e mulheres, de idades e lugares diferentes, apenas rezando o pai nosso. E no final, o conceito “Prayer is for everyone”, algo como “oração é para todos”. Encerrando com a assinatura da Igreja da Inglaterra.
A Digital Cinema Midia, rede que recusou a peça, justificou a atitude com desembaraço: “Não aceitamos divulgar material de conotação política ou religiosa, está em nosso regulamento. E também respeitamos todas as crenças ou a descrença do nosso público.”
Mas a reação foi implacável: os cristãos engrossaram suas veias do pescoço para pregar uma suposta perseguição da elite intelectual; o alto clero se mostrou constrangido com a decisão da empresa, especialmente porque a campanha seria exibida na época da celebração do nascimento de Jesus e, nas redes sociais, nichos radicais tentaram boicotar a rede de cinema, como se ela fosse uma exclusividade dos católicos.
Alto lá! E a democracia religiosa, como fica? Será que os milhões de muçulmanos que vivem no Reino Unido curtiriam a mensagem? E as centenas de milhares de ateus e agnósticos, será que não se engasgariam com o chá das 5 tentando zapear o canal na TV?
Muitos diriam que a liberdade de comunicação e expressão deve ser ampla e que o povo tem que ter discernimento para “consumir ou não” uma mensagem como essa. Mas será que os católicos se sentiriam à vontade se os cinemas exibissem uma oração muçulmana?
Me desculpem, mas a mídia tem que ser muito responsável quando o assunto é política ou religião. O povo, em geral, tem pouquíssimo critério para ter uma avaliação razoável em relação ao assédio persuasivo dessas instituições.
A Igreja da Inglaterra, que passa por um período delicado de perda de fieis e fechamento de templos, criou a campanha na tentativa de fisgar o público jovem que ainda não decidiu qual caminho ideológico deve seguir.
Mas não é com um slogan como “oração é para todos” que eles vão conseguir o seu intento. Até porque oração não é para todos. Assim como ceticismo não é para todos. Assim como um ritual afro religioso não é para todos. A igreja tem que acabar de vez com essa mania de achar que ela representa a verdade absoluta, mesmo correndo o risco de parecer patética ao renegar o evolucionismo e outras lógicas científicas. Ter um papa moderninho é muito pouco para mudar esse quadro sombrio.
O comercial do “Pai Nosso” foi recusado em dezembro de 2015. Casualmente na época em que o doloroso “Spotlight” entrava em cartaz nos mesmos cinemas.
A cúpula da igreja deve estar agora reunida numa grande sala, traçando dezenas de estratégias para seduzir novos fieis e recuperar o prestígio... talvez uma sessão de Monty Python seja mais inspirador.
Antonio Luiz Nilo nasceu em Santos
e é redator publicitário
e diretor de criação
há quase 30 anos,
com prêmios nacionais e internacionais.
Circulou a trabalho por todo o país,
com paradas prolongadas em
Brasília, Belo Horizonte e Salvador.
e é redator publicitário
e diretor de criação
há quase 30 anos,
com prêmios nacionais e internacionais.
Circulou a trabalho por todo o país,
com paradas prolongadas em
Brasília, Belo Horizonte e Salvador.
Publicou em 1986
"Poemas de Duas Gerações"
e, mais recentemente, o romance
"Ascensão e Queda de Pedro Pluma"
(disponível para venda em alnilo@gmail.com).
Além disso, atuou como cronista
para o diário Correio da Bahia.
De volta a Santos desde 2013,
Antonio segue sua trajetória
cuidando de Projetos Especiais
na Fenômeno Propaganda
e como sócio-diretor
da Agência de Textos
TP Texto Profissional.
"Poemas de Duas Gerações"
e, mais recentemente, o romance
"Ascensão e Queda de Pedro Pluma"
(disponível para venda em alnilo@gmail.com).
Além disso, atuou como cronista
para o diário Correio da Bahia.
De volta a Santos desde 2013,
Antonio segue sua trajetória
cuidando de Projetos Especiais
na Fenômeno Propaganda
e como sócio-diretor
da Agência de Textos
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