ilustração: O Alce, de George Stubbs
Poesia, Uma Coisa Natural
Nem nossos vícios nem nossas virtudes
promovem o poema. “Eles surgem
e morrem
tal como o fazem todos os anos
sobre as rochas.”
O poema
se alimenta de pensamentos, sentimentos, impulsos,
para recriar a si mesmo,
uma urgência espiritual capaz de transpor sombrias escadas.
Essa beleza é uma persistência interior
em direção à fonte
pelejando contra (dentro) a correnteza do rio,
um chamado que escutamos e respondemos
na intempestividade do mundo,
bramidos primordiais
a partir dos quais o mundo novo poderia surgir,
não há salmões no reservatório onde
caem as avelãs,
senão nas cascatas a batalhar, inarticulados,
impelindo-se às cegas.
Tal imagem é apropriada para a mente.
Uma segunda: um alce retratado por Stubbs (*),
junto ao qual extravagantes galhadas do ano anterior
jazem sobre o solo.
O solitário poema com cara de alce dispõe
de novos rebentos de chifres,
iguais.
“um pouco pesado, um pouco artificial”,
sua única beleza é ser
todo alce.
Robert Edward Duncan (1919/1988)
foi um festejado poeta californiano
que, assim como Robert Creeley,
nosso poetinha da semana passada,
fazia parte do seleto grupo dos
Poetas da Black Mountain, de San Francisco.
Assim como Creeley, Duncan era gay
e amigo de ícones da beat generation.
Com a maioria de sua extensa obra
publicada pela City Lights Books,
do livreiro e poeta Lawrence Ferlinghetti,
a poesia de Robert Duncan
é muito influenciada
pela literatura oriental clássica.
Intelectual sério e muito influente,
ele conseguiu a proeza de ser respeitado
tanto nos círculos mainstream
quanto entre o pessoal avant-garde.
SO LONG FAREWELL
AUF WIEDERSEHEN
GOODBYE
VERÃO!
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