Thursday, March 31, 2016

2 OPINIÕES SOBRE "ZOOM", COM MARIANA XIMENES, ALISON PILL E GAEL GARCIA BERNAL


EXERCÍCIO DE ESTILO REÚNE MARIANA XIMENES, ALISON PILL E GAEL GARCIA BERNAL

 por Érico Borgo para OMELETE


Um filme sobre um quadrinho a respeito de um diretor rodando um longa sobre uma escritora cuja protagonista de seu romance é a autora do quadrinho. Com essa estrutura de serpente comendo a própria cauda, Zoom, de Pedro Morelli, leva ao extremo ideias de metalinguagem, com inventividade.

Cada segmento do longa tem sua linguagem, elenco e ritmo próprios. São como três contos, sendo que um é responsável pelo outro. A forma é bastante interessante, especialmente no segmento do quadrinho, que é totalmente animado em rotoscopia.

Como ligação temática entre as três partes estão a arte e o sexo. Emma (Alison Pill) é uma quadrinista que durante o dia trabalha em uma fábrica de bonecas sexuais realistas. A modelo Michelle (Mariana Ximenes) aspira uma carreira como escritora, mas só é respeitada pela sua beleza. Já Edward (Gael García Bernal) é um cineasta de filmes de ação que usa o sexo como forma de manipulação enquanto trnta realizar seu trabalho mais pessoal e sensível.

Mas se na forma é interessante, Zoom se perde no conteúdo. A coprodução entre Brasil e Canadá emprega esse elenco multicultural com resultado irregular. O segmento de Alisson Pill é mediano, o de Gael Garcia Bernal é bom e o de Mariana Ximenes, ainda que a atriz se esforce, é difícil de ver em alguns momentos. Nos cruzamentos entre eles o filme chega a ter momentos de brilho, especialmente nas contestações de mercado e arte - como na sequência em que ironiza o merchandising que acaba de fazer - mas no todo, fica a certeza de que as tramas, ainda que inteligentemente estruturadas, não tem estofo suficiente para sustentar um filme, mesmo moldando-se aos desígnios de seus personagens/autores.

Se a história é a estrutura e o foco não está nos personagens, simplesmente não há uma história a ser contada. Há um exercício de estilo.



UM FILME INUSITADO QUE JÁ NASCE COM VOCAÇÃO PARA CULT MOVIE

por Fabricio Duque para VERTENTES DO CINEMA


A sessão disputadíssima de abertura de “Zoom”, do estreante em um longa-metragem Pedro Morelli, no Festival do Rio 2015, já ganhou ares de Cult. O filme, que foi exibido no Festival de Toronto deste ano, e com produção da O2, de Fernando Meirelles, é curioso e interessante por embarcar no gênero experimental, mesclando estilos, narrativas e metalinguagem, visto que é “influenciado interativamente" pelos personagens de uma história em quadrinhos ficcional, que está dentro de um livro ficcional, que está dentro de um filme ficcional. A “confusão" propositada “desnorteia" o espectador, precisando “prender-se” aos detalhes, que por sua vez “desconstroem" o próprio entendimento temático da trama. O Roteiro de Matt Hansen é audacioso, lembrando muito o universo “surreal" de Charlie Kauffman e “Waking Life”, de Richard Linklater. E podemos acrescentar seu elenco, que vai das brasileiras Mariana Ximenes e Claudia Ohana até Alison Pill, Jason Priestley (do seriado “Barrados no Baile”), Gael Garcia Bernal e Tyler Labine (que é a “cara" de Jack Black). Apenas lembra. Aqui, questiona-se as “besteiras" Hollywoodianas (para “todo mundo ficar feliz”), o universo de criação (com suas adaptações e mudanças repentinas), até mesmo o clichê “preconceituoso" para criticar gatilhos comuns e reviravoltas (como o traficante negro; e ou um Rio de Janeiro decadente e meio Amazônia “cidade sem lei”; clichês de reações da raiva; a clínica de estética para aumentar os seios - ficando assim “pegável”, como uma “boneca") mostrando assim a visão estrangeira em “estereotipar" com o intuito de “entreter” de forma fácil e palatável o espectador. Até o meio para o final, não há como identificar estes elementos (que ainda inclui atmosfera noir policial de mistério à moda de Kevin Smith - como uma empresa de bonecas idênticas a pessoas; sotaques de um inglês “forçado” - inclusive dos próprios canadenses; digressões perdidas e soltas; e desenhos animados que ganham histórias paralelas), e então quando a percepção direcional acontece, somos surpreendidos positivamente. “Zoom" assume o conceito de gênero, assumindo seu lado independente de não simplificar o andamento do objetivo. Mas é quando “mergulha" sem medos e ressalvas na “loucura Kafkaniana” (das questões existencialistas mundanas, cotidianas e cinematográficas), é que “encontra” a plenitude de seu equilíbrio. Recomendado.



ZOOM
(2016, 98 minutos)

Direção e Roteiro
Pedro Morelli

Elenco
Mariana Ximenes
Alison Phil
Gael Garcia Bernal


em cartaz nas Redes Roxy, Cinemark e Cinespaço


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