Friday, March 11, 2016

A LOURAÇA SHARON STONE COMPLETA 58 ANOS E A VÍDEO PARADISO COMEMORA

por Chico Marques


Lá se vão quase 25 anos desde que Sharon Stone enlouqueceu o Planeta Terra com sua reveladora cruzada de pernas durante um interrogatório policial em Instinto Selvagem, filme de Paul Verhoeven que a projetou no papel da enigmática escritora e devoradora de homens e mulheres Catherine Tramell. Desde então, o cinema americano até tentou mas nunca conseguiu forjar uma femme fatale tão convincente, tão relevante e tão exuberante quanto ela. E tudo indica que tão cedo isso não deva acontecer. 

 Sharon Vonne Stone nasceu na Pensilvânia em 1958 e começou sua carreira de atrizn num papel pequeno o filme Stardust Memories de Woody Allen, em 1980. Passou a maior parte dos Anos 80 perdendo tempo em filmes insignificantes, até ganhar um papel de destaque no filme futurista de Paul Verhoeven O Vingador do Futuro (1990), onde contracenou com Arnold Schwarzenneger. Foi neste filme que Verhoeven viu em Sharon a atriz perfeita para interpretar a manipuladora Catherine Tramell, a loiraça belzebu "fio desencapado" de Mill Valley, California.



Depois de Catherine Tramell, Sharon achou por bem diversificar seus papeis, para não ficar estigmatizada como femme fatale.

Atuou em diversos filmes dramáticos muito interessantes, abrindo mão de sua sensualidade de forma deliberada.

Mesmo assim, quase todos esses filmes foram sucesso de público, por conta do impacto de seu nome nos cartazes.



Quando ganhou o Golden Globe de Melhor Atriz dramática por sua performance arrebatadora em Casino de Martin Scorsese, Sharon respirou aliviada: havia chegado onde queria.

Dalí em diante, não havia mais o que discutir: ela não era mais apenas um rosto lindo, um corpo espetacular e a loira mais quente do cinema americano desde Marilyn Monroe.

Daí para diante, começou a trabalhar menos e a escolher bem seus papéis, até que em 2001 levou um belo susto: foi hospitalizada para tratar de um aneurisma cerebral, que a levou a sair de cena por alguns anos para tratar de sua saúde.



Seu último papel como protagonista no cinema aconteceu 10 anos atrás, com a sequência de Instinto Selvagem, toda rodada em Londres e produzida por ela mesma, Sharon.

Há quem defenda o filme como um thriller camp caricato mas eficaz (eu, presente!), mas lamentavelmente foi um desastre de crítica e público na ocasião de seu lançamento, e isso é inegável.



Nos últimos anos, sob recomendações médicas, Sharon Stone voltou a atuar em pequenos em séries de TV como The Practice (ganhou o Emmy por sua interpretação em 3 episódios como advogada) e em Law & Order Special Victims Unit (como uma promotora implacável que rouba a cena de forma espetacular em 4 episódios sequenciais ao final da 14° temporada da série).

Já no cinema, ela jamais nega fogo quando é convidada para fazer participações rápidas em filmes independentes de amigos como Jim Jarmush e John Turturro.



Sharon Stone comemora 58 anos de idade logo após posar nua para a revista Harper's Bazaar (fotos acima), mostrando para quem quiser ver que ela continua exuberante a essa altura da vida.

Daí, nós decidimos comemor essa data reunindo cinco filmes menos conhecidos dela, mas com performances significativas da loiraça belzebu número um de Hollywood.

Em comum entre eles, apenas o fato de estarem disponíveis para locação nas estantes da Vídeo Paradiso.






 
 
SEMPRE AMIGOS
(The Mighty, 1998, 100 minutos, direção Peter Chelsom)
Maxwell Kane (Elden Henson) é um garoto de 14 anos que tem dificuldades de aprendizado e vive com seus avós desde que testemunhou o assassinato de sua mãe, morta pelo marido. Quando Kevin Dillon (Kieran Culkin), um garoto que sofre de uma doença que o impede de se locomover, se muda para a vizinhança eles logo se tornam grandes amigos. Juntos vivem grandes aventuras, enfrentando o preconceito das pessoas à sua volta. Sharon Stone faz a mãe de Kelvin, num papel em tom menor extremamente convincente e comovente. 
 
 
RÁPIDA E MORTAL
(The Quick & The Dead, 1995, 107 minutos, direção Sam Raimi)
Ellen (Sharon Stone) chega ao vilarejo de Redenção para participar de um concurso entre pistoleiros, organizado anualmente por John Herod (Gene Hackman). Seu objetivo é enfrentar Herod, já que ele destruiu sua vida no passado. Logo ao chegar ela conhece o pastor Cort (Russell Crowe), que se recusa a usar uma arma para matar alguém novamente. Sabendo que Cort é um dos melhores pistoleiros da região, Herod tenta fazer com que ele também participe da competição. Um filme subestimado que merece ser redescoberto tanto pelo talento de Raimi quanto pelas ótimas performances de Sharon Stone e de Gene Hackman.
 
 
GLORIA
(Gloria, 1999, 108 minutos, direção Sidney Lumet)
Gloria (Sharon Stone) é uma prostituta que se envolveu com a Máfia e passou três anos na prisão por um crime que não cometeu. Após ser libertada, vai prestar contas com seu ex-amante, o gangster, Kevin (Jeremy Northam), que ela não entregou. No entanto, seu instinto maternal aflora quando descobre que um garotinho de 7 anos, sobrevivente de uma chacina que matou toda a sua família, está na mira dos capangas de Kevin, pois possui um disquete de computador com informações comprometedoras sobre seu negócios. Ela abraça o garoto, que, por sua vez, desenvolve uma relação confusa com ela, que não é exatamente maternal. Essa refilmagem não é tão seca e intensa quanto o filme original, de 1980, dirigido por John Cassavetes e com sua mulher Gena Rowlands no papel principal. Mas é muito bom. E não decepciona nem a legião de fãs de Sharon, nem os admiradores do cinema de Sidney Lumet. Pode assistir sem susto. 
 
A MUSA
(The Muse, 1999, 97 minutos, direção Albert Brooks)
Num belo dia, o escritor de roteiros de filmes Steven Phillips (Albert Brooks) está se aquecendo para ter a honra de receber um prêmio humanitário, num jantar de gala onde está presente sua mulher (Andie McDowell) toda a sua família. Mas logo em seguida um executivo de um grande estúdio (Stan Spielberg) lhe diz na cara que ele está perdendo sua veia criativa, e rescinde seu contrato. A confiança de Steven fica então abalada: ele quer trabalhar, mas como pode se na hora de escrever as palavras fogem de sua mente? Desesperado por um conselho, Steven visita seu amigo Jack Warrick (Jeff Bridges), um escritor de sucesso que vive em Bel Air, que lhe confidencia que seu sucesso se deve uma musa inspiradora (Sharon Stone). Incrédulo, mas ao mesmo tempo desesperado por uma solução, Steven pede a Jack que o apresente à musa, para que possa voltar a sua melhor forma como escritor. Albert Brooks vem realizando pequenos grandes filmes ao longo dos últimos 45 anos que, juntos, compoem uma obra extremamente relevante, ainda não devidamente valorizada.
 
 
SIMPÁTICO
(Simpatico, 1999, 106 minutos, direção Matthew Warchus)
À primeira vista, Lyle Carter (Jeff Bridges) parece ter tudo, pois é um elegante milionário casado com Rosie (Sharon Stone), uma bela mulher, e tem uma propriedade maravilhosa em Lexington, Kentucky. Carter construiu seu império criando e treinando cavalos puro-sangue, mas quando ele está em processo de negociação para a venda de Simpático, que já venceu a Tríplice Coroa, recebe uma ligação de Vinnie Webb (Nick Nolte) e um deplorável acontecimento, que aconteceu há vinte anos, ameaça destruir seu sucesso atual. Vinnie, que já foi um grande amigo de Carter, é agora um bêbado que vive em Pomona, uma pequena cidade da Califórnia. Ele se viu em dificuldades e chamou Carter para ajudá-lo antes que a verdade sobre o passado deles seja revelada, quando se envolveram em uma fraude de corridas de cavalos, que resultou na ruína de um homem inocente que tinha descoberto a fraude deles, sendo que eles "armaram" uma situação para chantageá-lo. Quando Carter chega na Califórnia, ele acha que Vinnie é um homem pobre, que anseia por redenção. Porém, Vinnie enganou Carter, fazendo-o voltar e confrontar o passado. Depois de anos sentindo-se culpado, Vinnie quer confessar. Ele acredita que localizou Simms (Albert Finney), o homem cuja vida eles destruíram há tanto anos atrás e que está vivendo agora em Kentucky com uma falsa identidade. Vinnie quer uma compensação, mas Carter teme que seu sucesso seja fortemente abalado quando o segredo deles for revelado. Vinnie foge então no carro de Carter, com seu dinheiro e uma passagem de avião. Ele voa para Kentucky com o material da chantagem em uma caixa de sapatos para localizar a vítima do "esquema" deles e ver Rosie, a mulher que ele amou um dia. Quando Carter percebe que Vinnie está tramando algo, ele implora para uma balconista de supermercado, a estranha e idealística Cecilia Ponz (Catherine Keener), uma amiga de Vinnie, para que ela vá com uma bolsa cheia de dinheiro destinado a manter Simms quieto e também para ir atrás de Vinnie e recuperar a caixa. Como Vinnie tenta desfazer o passado, Carter se esconde na casa de Vinnie. Cercado por relíquias da vida deles, Carter lembra da amizade deles no passado e também dos antigos sonhos que eles tinham. Ele rapidamente desvenda em Vinnie um homem ligado ao passado. A descoberta de fatos como o sucesso de Carter e a serenidade de Simms tem mais em comum do que Vinnie tinha imaginado. A verdade finalmente vem à tona e a mais recente fraude de Carter é revelada com resultados trágicos. Uma história angustiante  de Sam Shepard que resultou num filme extremamente bom, mas pouco visto, que merece ser descoberto.


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