por José Luiz Tahan
Nunca tinha lido ou ouvido que os livreiros tinham uma data comemorativa.
E não é que têm?
Foi ontem, no dia 14 de março.
Recebi uma mensagem no Facebook, na manhã do nosso dia, enviada pelo meu amigo Matthew Shirts.
Dizia mais ou menos assim: “Feliz dia do livreiro, Zé! Que você seja abraçado pelos amigos na Realejo, uma das maiores livrarias do Brasil, do mundo e de Santos!”
Adorei o recado e os elogios envolvendo a grandeza de uma livraria de 50 metros quadrados em meio às redes de megastores...
Coisa de amigo mesmo.
Continuei olhando a minha página e surgiu mais um recado, agora de uma cliente, a Romilda, que mora em Dubai.
Fui comparado por ela a um agitador cultural que sacudiu Santos nos anos de chumbo. Maurice Legeard era um cinéfilo importado da França que fez muito pela sétima arte por essas bandas.
A Romilda ainda enfatizou o cumprimento com uma ilustração que fazia alusão a Dom Quixote – acho engraçado as pessoas nos atrelarem aos sonhadores, ou lunáticos, mas a cliente foi muito simpática.
Agradeço as comparações e os moinhos.
Continuei na praga da página da rede social e vi um texto do meu chapa Xico Sá intitulado Aos Livreiros, Com Carinho.
No belo post, Xico rememora sua vida de livreiro no Recife e cita mais figuras que lhe são caras.
Sou fã do cabra e parceiro de boteco.
Fui poupado da crônica e dos elogios do autor.
Mas ele não escapou dos meus patrulheiros, que evocavam o meu trabalho e o meu nome na lista.
Fiquei constrangido, de verdade.
Mas o craque se saiu com esta resposta, também não exatamente assim “Pô, o Zé é tão meu amigo que seria cabotino citá-lo!”
Esse sabe tudo!
Daí não me aguentei. Resolvi escrever um pequeno texto que falava do nosso dia e dava um abraço geral, escrito de dentro da livraria, assim como faço agora. Foi uma enxurrada de comentários e cliques de curtir, o que me deixa muito feliz.
Ser livreiro é isso se relacionar com os leitores, de perto e de longe. No balcão e na web. Uma mistura de Brancaleone com Sancho Pança, tendo ideias e miragens e ralando para pagar o aluguel.
Somos poucos hoje, a ponto de cabermos, a maioria, nas lembranças de um texto de blog.
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