Ouço falar do Cervantes desde os tempos do Pasquim. Fausto Wolff tinha mesa cativa por lá. Jaguar também. Mas como essa gente do Pasquim só bebe -- no caso de Fausto, bebia -- e não come jamais, nunca soube pelas páginas do lendário hebdomadário carioca da excelência dos sanduíches da casa. Uns 15 anos para cá tomei conhecimento deles. Mas só recentemente, por insistência do amigo Eduardo Andrea Sento Se, tomei coragem e fui até lá conferir se eram tão bons assim. E são.
O Cervantes original, no Leme, fundado em 1955 por Hamuss Zalman, começou como uma mercearia, e aos poucos virou uma espécie de delicatessen, servindo sanduíches e, mais adiante, bebidas para seus frequentadores. Daí, aconteceu o inevitável: o Cervantes foi ampliado e virou este amplo e simpático bar e restaurante especializado em pratos ligeiros e sanduíches. Sua geografia interna é curiosa, pois possui duas entradas, aque se interligam: uma pela Barata Ribeiro, que dá acesso direto ao bar, e outra pela Prado Junior, que dá acesso ao restaurante.
(detalhe curioso: o Cervantes começa no Leme e termina em Copacabana, ou começa em Copacabana e termina no Leme, o freguês é quem decide)
Foi o Cervantes que inaugurou uma peculiaridade tipicamente carioca: a de combinar carne bovina e suína com abacaxi nos seus sanduíches -- seguindo na contramão dos paulistas, que devoram sanduíches de pernil com um molho cítrico à base de laranjas. O resultado é muito bom, pois o abacaxi tende a ser menos ácido que as laranjas, e isso permite um número maior de combinações nas carnes e embutidos que compoem os sanduíches.
(detalhe curioso: o Cervantes começa no Leme e termina em Copacabana, ou começa em Copacabana e termina no Leme, o freguês é quem decide)
Foi o Cervantes que inaugurou uma peculiaridade tipicamente carioca: a de combinar carne bovina e suína com abacaxi nos seus sanduíches -- seguindo na contramão dos paulistas, que devoram sanduíches de pernil com um molho cítrico à base de laranjas. O resultado é muito bom, pois o abacaxi tende a ser menos ácido que as laranjas, e isso permite um número maior de combinações nas carnes e embutidos que compoem os sanduíches.
Confesso que nem me passou pela cabeça experimentar os sanduíches de salsichão com alho e abacaxi, pois me pareceu uma temeridade. O de Linguiça Calabresa com Abacaxi também não me entusiasmou nem um pouco. Mas os sanduíches de Pernil com Abacaxi, de Carne Assada com Abacaxi, de Tender com Abacaxi e de Lombinho com Abacaxi são clássicos do cardápio da casa há muitos e muitos anos. E são deliciosos.
Se alguém quiser arriscar uma escolha mais ousada, recomendo o sanduíche Cervantes Especial, de Filet-Mignon com abacaxi e patê de fígado.
Em princípio, a combinação não parece fazer muito sentido.
Mas pode acreditar: faz sentido sim.
E o resultado é soberbo!
Agora, se ao invés de um sanduíche você preferir um prato, recomendo o carioquíssimo Filet à Oswaldo Aranha, com um filet-mignon alto acompanhado de muito alho frito, farofa de ovos, batatas portuguesas e arroz branco.
Os cozinheiros da casa são pródigos em preparar essa receita clássica da melhor maneira possível.
Os cozinheiros da casa são pródigos em preparar essa receita clássica da melhor maneira possível.
Agora, se quiser se aventurar, experimente o Fígado na Manteiga com Legumes.
Ou os Miolos à Milanesa com arroz branco.
Ou ainda a Língua com Batata Sauté e arroz.
São todos tradicionalíssimos e deliciosos.
O Cervantes original abre diariamente ao meio dia e fecha só por volta das quatro da madrugada.
É o local ideal pra aquela larica da madrugada, acompanhada de um chopinho honesto.
Mata-se a fome com um ótimo sanduíche, e depois é só ir pra casa e dormir o sono dos anjos.
Ou os Miolos à Milanesa com arroz branco.
Ou ainda a Língua com Batata Sauté e arroz.
São todos tradicionalíssimos e deliciosos.
O Cervantes original abre diariamente ao meio dia e fecha só por volta das quatro da madrugada.
É o local ideal pra aquela larica da madrugada, acompanhada de um chopinho honesto.
Mata-se a fome com um ótimo sanduíche, e depois é só ir pra casa e dormir o sono dos anjos.
Chico Marques às vezes é gourmet,
outras vezes é gourmand,
mas na maior parte do tempo
é apenas um comilão inveterado.
Escreve sobre comida semanalmente
em LEVA UM CASAQUINHO
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