por Marcelo Rayel Correggiari
Jovem! Se você tem 15 anos, pule esse post (e ajude um humilde vendeiro a não passar vergonha)!
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Papai e mamãe! Se você já não aguenta mais perder seu(ua) filho(a) para o computador, ou aquele maldito jogo online, ‘ékis-bóquis-sei-lá-das-quantas’, ‘plêistêicham-da-casa-do-satanás’, é só seguir em frente! Vai na fé...
Dá o que pensar o ‘paizão-seis-décadas’, praticamente um ‘tiozão-da-suquita’, raríssimamente afeito a essas quinquilharias de onde saem muitas cores e muitos sons, tendo que lidar com o(a) sujeitinho(a) consanguíneo(a) horas e horas a fio diante de um troço que recebe o nome de “League of Legends”... e nada de pegar os cadernos e livros para estudar.
A ‘Liga das Lendas’ seria uma espécie de ‘coqueluche’, uma marca geracional, como foi o MPB4 ou os Bee Gees para aqueles que absolutamente hoje consideram irresistível sedução uma lata de refrigerante de laranja para alguém 18 anos mais novo(a).
Mamãe, não se desespere! Se o rebento tem menos de 15, aposto que ele(a) está ‘mineirando’ no “Mine Craft”, jogo bacanudo, exceto por uma parte gráfica onde os jogadores são representados por bonecos quadráticos muito semelhantes a um playmobil tosco se Picasso tivesse enveredado pelo mundo dos games.
Pode ser pior... nada é mais sanguinário do que o “Hotline Miami”, jogo com excelente arcabouço narrativo, mas é miolo voando na parede que é uma beleza!
Ah... Tem também o clássico GTA! Isso, lembram da sigla? Um terror para pais, mães e educadores. Amedronta mais do que IPVA, IPTU...
GTA é o acrônimo para “Grand Theft Auto”, nome que bem mal traduzido seria algo do tipo ‘O Automóvel do Grande Roubo’. Uma belezura! O jogador dá tiro, sobe em calçadas atropelando geral, cheira e não paga, transa com prostitutas e quanto mais barbaridades efetua, mais pontos e ‘moral-na-casa’ consegue.
E você achando ‘transadíssimo’, a ‘última bolacha do pacote’, tentar abocanhar o sexo oposto com aquele bolachão da “A Sua Paz Mundial” quando tinha 18 anos de idade. Sabe de nada, inocente...
Agora, muito dessa presunção se deve a muito desconhecimento do universo dos ‘games’. Há os jogos educativos, de ‘arcádia’, os ‘role playing games’ e os de ‘esporte’ (nessa última categoria, excelentes jogos de futebol como o FIFA e o PES (Pro Evolution Soccer), assim como o UFC, a NBA, a NFL, a NHL, tennis, golf, sinuca, entre outros).
Para os que já dobraram o cabo-da-boa-esperança, uma boa entrada no mundo dos games é a série “Sims” (abreviatura para ‘simulator’). Produzida pela norte-americana Electronic Arts, o grande sucesso da marca é o “The Sims”, uma espécie de BBB onde o(a) jogador(a) controla o comportamento e as atividades dos personagens do jogo, desde sentar no ‘troninho’ quando a barriga está cheia até colocar o lixo na rua.
Nessa linha, a EA colocou na praça mais ou menos em 2004, o “SimCity”. Se no “The Sims” o(a) atleta eletrônico controla as pessoas de uma residência, atendendo as demandas por banho, comida e sono, no “SimCity” a tarefa é parecida, só que construindo uma cidade e administrando-a ao concluir a construção.
Os detalhes no planejamento de uma cidade no “SimCity” são absurdos: vão desde ligação de água e esgoto, até transmissão de eletricidade, captação hídrica e produção de energia. Vale também para o bem estar dos cidadãos: geração de emprego e renda, moradia e lazer.
Se papai e mamãe acharam tal ‘joguinho’ um tanto complicado, há uma versão menos detalhada, porém um pouco mais complexa. Em 2007, a EA veio com o “SimCity Societies”: uma pegada menos Sabesp (ou Copasa, no caso dos mineiros) e mais IBGE.
O(A) jogador(a) monta a cidade, projeta a bagaceira toda, com a ajuda de uma barra de controle que funciona igual a uma Fundação Dom Cabral. O mobiliário urbano possui ‘prós’ e ‘contras’, cabendo ao Lúcio Costa de plantão ordenar a coisa toda para que a evolução da escola de samba não empaque na avenida.
A barrinha vai dando os números, feito o Dieese. Juízo e equilíbrio para coordenar a construção da cidade, tendo sempre em mente o bem-estar dos moradores. População demais e nenhuma frente de trabalho certamente garantem que as trombetas tocarão para você. O mesmo vale para uma população entediada, numa cidade onde se trabalha muito e nada de ‘happy-hour’.
O “SimCity Societies” também permite a escolha do estilo de cidade desejada pelo(a) jogador(a): desde o velho oeste até uma cidade cyberpunk. O cenário pode ser tremendamente autoritário, com muita delegacia, prisão, centro de detenção, medidas sócio-educativas, ou profundamente romântico, bucólico e artístico, onde ninguém é de ninguém e as contas ficam sempre atrasadas.
Cada mobília urbana vem com as informações sobre quanto cada peça contribui para a economia, educação, conhecimento e civilidade. Residências com alta concentração de mão-de-obra são urbanisticamente desvalorizantes e ótimos recantos para incêndios (a primeira providência, assim, é instalar ‘de cara’ o corpo de bombeiros). Os bares são até bacanas, mas caros na manutenção por causa do vomitório nas calçadas. As escolas e faculdades ajudam no conhecimento técnico para a instalção de equipamentos industriais. As artes e cultura auxiliam no lazer, e os templos contribuem para a boa temperança ‘del pueblo’.
Cheguei a montar uma cidade onde cada casa tinha os irmãos metralha e apenas uma delegacia. Foi osso. A polícia foi parar na tarja preta e a pancadaria foi tanta que travou o computador.
“SimCity Societies” é o tipo de jogo ‘light’, bem charmoso, para papais e mamães entenderem melhor porque os filhos ficam milênios na frente do computador. Didaticamente, contribuem para um melhor entendimento do custo em ser urbanista e prefeito.
E, quem sabe, uma diminuição nas reclamações sobre a performance do mandatário maior do Executivo local. Porque ser prefeito não é brincadeira!
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