Wednesday, February 24, 2016

2 OPINIÕES BEM DISTINTAS SOBRE "TUDO VAI FICAR BEM", NOVO FILME DE WIM WENDERS


WIM WENDERS VOLTA À FICÇÃO COM DRAMA 3D DE REMORSO E REDENÇÃO

por Bruna Passos Amaral
para OMELETE


Há anos sem lançar filmes de ficção, Wim Wenders correu para que Every Thing Will Be Fine fosse exibido no Festival de Berlim 2015. A finalização da parte de trilha do longa foi concluída apenas dois dias antes da exibição na Berlinale, que também homenageou Wenders na sua 65a. edição. O longa gira em torno da vida de um escritor canadense, Tomas Eldan (James Franco), em quatro diferentes momentos divididos em 12 anos.

Uma crise que desencadeia toda a trama: Tomas está com problemas para escrever seu novo romance e cogita se separar de sua namorada Sara (Rachel McAdams). Depois de um início de discussão ao telefone, ele sai dirigindo por uma tempestade de neve. Sara liga novamente, ele fica irritado, não atende. O momento de desatenção ao volante faz com que Tomas não veja crianças brincando na neve.

Nos próximos três episódios, o acidente de carro narrado no primeiro e suas consequências para Tomas e para uma outra mulher, Kate (interpretada por Charlotte Gainsbourg), viram o foco. É premissa perfeita para uma trama de culpa, tristeza e perdão, mas Wenders é um alemão filmando um roteiro de um norueguês, Bjørn Olaf Johannessen, e a incapacidade nórdica para o sentimentalismo é o que permeia Every Thing Will Be Fine.

Quem se contraria com a frieza dos noruegueses pode se irritar com o fato de a trama concentrar-se não nas sequelas íntimas dos protagonistas mas mais em como os eventos se refletem na vida profissional de Tomas, um escritor que tem seu ofício transformado pelo acidente. Na falta de um drama mais saliente, Wenders contribui com a estetização. Every Thing Will Be Fine foi feito em 3D, e o efeito produz contrapontos interessantes com a neve caindo, reflexos em vidro e balanços de playground e parques de diversão. O problema é que para o que Wenders pretendia, como ele mesmo explicou na coletiva do filme em Berlim, a técnica pouco traz. Os longos closes nos rostos dos atores pouco fazem para dar a dimensão dos sentimentos pelos quais os personagens passam. Além disso, também pouco se nota a passagem de dez anos nos personagens, nenhum cabelo branco, nenhuma ruga, nada. Tudo é sutil até demais.

Ainda bem que existem as mulheres na vida de Tomas para externar as coisas de uma maneira mais clara. É só uma pena que os melhores - e mais inesperados - momentos do filme demorem tanto para chegar. Como a sacada sublime de que Tomas precisa de um tabefe para expressar algum tipo reação ou a bela metáfora do sol finalmente voltando à vida do escritor depois de uma década de inverno emocional.


TUDO VAI FICAR BEM? JURA?

por Raphael Camacho
para Cine Pop


A única razão de sermos tão apegados em memórias, é que elas não mudam, mesmo que as pessoas tenham mudado. Dirigido pelo aclamado cineasta Wim Wenders, Every Thing Will Be Fine, no original, é, infelizmente, um daqueles filmes chatos que parecem nunca terminar. Com uma linha de dramaticidade cinematográfica ao melhor estilo Sarah Polley ou Susanne Bier, e com um elenco em total desarmonia em cena, o longa-metragem que estréia no Brasil dia 26 de novembro é uma quase total decepção. A trilha sonora, assinada pelo craque Alexandre Desplat, é a melhor coisa do filme. E quando a trilha é a melhor coisa do filme, vocês sabem que há vários pontos negativos nesta história.

Na trama, um escritor com crise em seu relacionamento, certo dia se envolve em um acidente. Sem conseguir esquecer o ocorrido, entra em uma depressão profunda chegando até a tentar o suicídio. Os anos se passam, os personagens crescem e os contornos da vida vão guiando o protagonista para novas direções mas sem folga para que seu passado volte a procurá-lo.

Tudo Vai Ficar Bem é para corações fortes. Permanece em uma melancolia depressiva constante. Haja paciência. Uma das subtramas, o relacionamento amoroso entre Tomas (James Franco) e sua namorada Sara (Rachel McAdams) simplesmente não chega a nenhum clima por conta da apatia dos personagens. O filme cresce um pouco com a entrada efetiva de Charlotte Gainsbourg, em um dos atos centrais, mas nem essa grande atriz britânica consegue segurar a trama. James Franco topou esse grande desafio de ser o protagonista em um filme de Wim Wenders mas seu personagem não consegue ser tão marcante e profundo como a história pedia.

O longa-metragem possui diversas passagens de tempo. Isso ajuda e atrapalha ao mesmo tempo. Ajuda quando pensamos que vamos finalmente ter um elo maior com as ações dos personagens, algum tipo de redenção ao protagonista, ou alguma mudança firme de atitude para superação do grande trauma que gira a história. Atrapalha exatamente quando nada disso citado acontece. Poxa! Cadê o Wim Wenders de Asas do Desejo, ou Pina? A decepção maior é essa, sem dúvidas.



TUDO VAI FICAR BEM
(Every Thing Will Be Fine, 2015, 118 minutos)

Direção

Wim Wenders

Roteiro

Bjorn Olaf Johannessen

Elenco

James Franco
Charlotte Gainsbourg
Peter Stormare
Rachel McAdams
Marie-Josée Croze
Patrick Bauchau


em cartaz nos cinemas da capital
(aqui em Santos não estreou ainda)




1 comment:

  1. Eu gosto pelo elenco que tem com Rachel McAdams. Falar da atriz significa falar de uma grande atuação garantida, ela se compromete com os seus personagens e sempre deixa uma grande sensação ao espectador. O mesmo aconteceu com a produção A Noite do Jogo, um dos seus últimos filmes ação que para mim é muito bom. Se ainda não tiveram a oportunidade de vê-lo, eu recomendo. É um dos melhores filmes de ação, tem uma boa história, atuações maravilhosas e um bom roteiro. Vale a pena.

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