Monday, February 29, 2016

QUAL É O SEU SIGNO?

por José Luiz Tahan



Nunca fui muito na onda da astrologia, sempre com um pé atrás com aquelas previsões que diziam sobre a fase que enfrentávamos em nossas vidas. Hoje não mudei, com um agravante, acredito um pouco menos nos livros de astrologia. Para falar mais diretamente, acredito menos nas vendas deste gênero. Acho que já se passaram mais de 20 anos, quando me lembro que os esotéricos estavam no auge, e dentro da categoria, os livros de horóscopo. Muitos deles eram sérios (uma coisa é ser descrente, outra é ridicularizar o gênero) e as pessoas também, apenas não participo do movimento.

Naquele tempo os livros das editoras Cultrix e Pensamento eram o carro-chefe da turma dos astros, ajudavam a pagar aluguéis e claro que simpatizávamos com os clientes, sempre ávidos por novidades da área. O problema era o nosso total distanciamento com a crença, quando chamados a dar opiniões sobre os títulos falávamos algo como “Esta editora é muito tradicional, séria...”

Fazíamos todos os anos um encontro dos batutas dos planetas, no SESC. Era demais! Eu e o Luigi - ele dez anos mais velho – atendendo o pessoal, com um ar de sabidos e um tanto ansiosos para os ponteiros do relógio caminharem.


O Luigi é um baita cara engraçado, e tirava um sarro da minha cara, que era um calouro. Estávamos matando o tempo entre um dos intervalos, esses eventos duram o dia todo e entre as palestras se apresenta um tédio completo. Na volta da cantina ele trazia um guardanapo com uma marcha de carnaval, ele sacudia o papel dizendo “Zé, acho que criei um sucesso! Ouça, até musiquei! Linda morena, morena, morena que me faz penaaarr,A Lua cheia, que tanto brilha, não brilha tanto quanto seu olhar...” Eu estava boquiaberto. Luigi, vai pegar, vai pegar! Meus parabéns!, eu dizia.

O evento prosseguia, cada vez mais curioso. Uma senhora disse à amiga que tinha um peixe de aquário, juro que ouvi e pensei, onde fui amarrar meu burro.

Se passaram uns dias do evento quando fomos ao café vizinho à Livraria Iporanga (da qual éramos sócios) para jogar palitinho com alguns amigos e lembrei da canção. Em meio a partida que definiria quem pagaria a rodada de cafés falei pro Luigi da marchinha, lembro que cantei um trecho, e o Luigi não deu a menor importância. Fiquei um tanto contrariado. Como se esquecer de uma criação tão boa Daí que ele estalou, rachando de rir e disse. Pô Zé, eu estava brincando, aquilo é Lamartine, Lamartine Babo.

Dali em diante prestei muito mais atenção nas marchas de carnaval, um mundo novo se abriu. Valeu Luigi! Ah! Tanto eu quanto o Luigi somos de escorpião, eu com ascendente em sagitário.




José Luiz Tahan é livreiro e editor, 
e proprietário da Realejo Livros e Edições, 
a livraria e publishing house 
mais charmosa de Santos
e de todo o Litoral Paulista.




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