Monday, February 15, 2016

A FIGURINHA DO PELÉ (por José Luiz Tahan)


O controverso desfile da Grande Rio deste ano na Marquês de Sapucaí, homenageando a Cidade de Santos, me fez lembrar de uma história envolvendo Pelé e nossa modesta editora, a Realejo Edições.

Mas antes de contar a história, queria convidá-los a uma breve divagação.

Sempre imaginei conhecer o Pelé.

Ainda mais por morar em Santos e estar acostumado a cumprimentar todo o tipo de gente bem de perto, na praia ou nas ruas.

Mas, estranhamente, com o Pelé eu nunca esbarrei.


Um belo dia, surgiu a oportunidade de fazer um livro sobre ele.

Com a ajuda da equipe que o assessora, pude propor uma ideia editorial que foi muito bem aceita, o PELÉ 70, com várias capas diferentes, que virou um livro belíssimo.

O que mais me impressionou ao conhecer o Sr. Edson Arantes do Nascimento foi a estranha sensação de que não era ele, e sim uma cópia bem parecida daquela que me acostumei a ver e ouvir por meios eletrônicos.

Sua voz é mais grave e...

...não sei, era ele mesmo?


Então, certo dia, assisti a um comercial em que Pelé (aí era ela mesmo) proseava com um amigo lá no Bar e Restaurante São Cristóvão, na Rua Aspicuelta 533, na Vila Madalena, em São Paulo.

O São Cristóvão, para quem não sabe, é um botequim temático, para os amantes da bola e do chope, nem sempre nessa ordem.

Até aí tudo bem.

Quem assistiu o comercial viu um rapaz dar de cara com o Pelé numa mesa do São Cristóvão e correr para comprar uma camisa da seleção numa loja próxima, para depois voltar, reencontrar o Edson e bater uma foto com ele vestindo a camisa da Seleção de 70 e segurando uma bola, exatamente como na foto que ilustrava um álbum da figurinhas da época.

Pois essa foto, já revelada, acaba se transformando justamente na figurinha que faltava no não mais incompleto álbum do pai do rapaz, resolvendo uma história afetiva que estava interrompida há décadas.

É um comercial magnífico, daqueles que elevam a publicidade à categoria de obra de arte.


O que eu não sabia, e vim a saber tempos depois, é que o pessoal da Produtora que rodou aquele comercial -- lembrando que muitas Produtoras de Comerciais tem suas sedes em casas na Vila Madalena -- deu uma escapada no meio das filmagens para correr até a Livraria da Vila, que fica bem pertinho do Bar, para prestigiar a tarde de autógrafos do livro.

E os livros que eles compraram foram carinhosamente autografados pela grande estrela do comercial.

É... a vida às vezes imita a arte.




José Luiz Tahan é livreiro e editor, 
e proprietário da Realejo Livros e Edições, 
a livraria e publishing house 
mais charmosa de Santos
e de todo o Litoral Paulista.






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